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OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Gamers têm de fugir da isenção, mas profissionalismo é obrigatório

Colunista do UOL

25/02/2022 04h00

Posicionar-se na internet - especialmente em redes sociais - sobre qualquer assunto pode ser uma faca de dois gumes. Se falamos de política ou algo que o valha no quesito polêmica, então... O esporte eletrônico brasileiro tem se mostrado melhor neste sentido, embora o engajamento em temas importantes ainda seja um tabu para muitos. Nos últimos dias, a tensão entre Rússia e Ucrânia mostrou uma capacidade de evolução pouco notada em um passado recente.

Aqui, aliás, abro um parêntese para Casimiro Miguel. Que iniciativa maravilhosa do maior streamer brasileiro em convidar o professor de política internacional, Tanguy Baghdadi, para falar sobre a iminente guerra no Leste Europeu - dando a tantos e tantos jovens espalhados pelo país a oportunidade de se inteirar sobre algo fundamental. Já se tornou desnecessário falar o quão revolucionário é Casimiro. Mas foquemos em outros pontos das últimas horas.

Diversas organizações brasileiras de eSports trocaram as cores de seus escudos para azul e amarelo - fazendo referência à bandeira da Ucrânia, atacada pela Rússia. É interessante, mostra solidariedade, conhecimento e empatia, mas não devemos parar por aí. É necessário que as equipes, cada vez mais, garantam que seus jogadores tenham conhecimento de mundo. Que abram a cabeça para além dos servidores.

Quantas vezes já assistimos a entrevistas vazias de pro players? Ou vimos profissionais do nosso cenário batendo boca em redes sociais por assuntos fúteis? Tal qual Casimiro, os jogadores precisam entender que são exemplos para uma geração que está aqui. Não basta vencer partidas, campeonatos ou premiações individuais. É necessário fazer diferente. Mostrar que é possível "catequizar" por meio do esporte eletrônico.

Nesse sentido, aliás, vale lembrar que o exemplo sempre vem de cima. Donos e diretores de organizações precisam ter uma postura profissional nas redes sociais, reforçando o espírito esportivo - e não jogando contra ele. Se o atleta observa aquele a quem considera chefe se portando tal qual uma criança, definitivamente não entenderá que é necessário fazer diferente - ou que os eSports não são um mundo à parte na sociedade.

Posicionar-se é sempre, acima de tudo, um ato de coragem. Não basta ter uma opinião e guardar para si. É necessário verbalizar. Mostrar que traçar uma nova história está em nossas mãos. Obviamente, contexto é sempre necessário. Há, sim, casos em que o silêncio diz muito. O que não se pode é confundir bom senso com covardia. São coisas bem diferentes.

Já reforçamos aqui o profissionalismo dos eSports diversas vezes - e como o cenário competitivo de games tem as mãos a chance de dar exemplo nas mais variadas frentes. Saber se posicionar em questões importantes é, acima de tudo, uma legitimação. Necessária e multidisciplinar.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL