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Batuque com boquete: Carnaval vira baile sacana dentro de casa de swing

No caminho para o palco, os percussionistas são obrigados a erguer surdos e caixas porque o corredor é estreito, e a sacanagem é grande por ali.

"Gostosa, vem pro bololó", brinca com a passista contratada um dos foliões saído da montoeira de corpos. Repleta de penas, pedrarias e saltos, a musa monumental só sorri, afinal, tem duas horas de apresentação pela frente.

O camarim dos músicos e bailarinos fica bem ao lado do "labirinto dos casais", e não faltam desavisados que abrem a cortininha e pegam a banda se trocando ou descansando nos intervalos do show.

"Por gentileza, liberar a pista", pede o apresentador ao microfone para três frequentadoras que se contorcem ao redor do mastro de pole dance.

A bateria entra arrepiando os couros. O público breca a bolinação para aplaudir, e o puxador já dispara: "Que prazer imenso estar aqui. E vai ficar ainda mais gostosinho, swingueiros!"

O Carnaval liberal exala a atmosfera sacana dos bailes de salão que povoaram as décadas de 1970 e 1980 e as páginas de revistas e jornais sensacionalistas da época, com edições extras só de fotos em que o sambão descambava logo para a putaria.

Estamos em Moema, o bairro do swing em São Paulo. Como outras casas do gênero na vizinhança, o Enigma Club se enche de confetes, serpentinas e máscaras para promover noitadas carnavalescas.

Esquentando os tamborins

Gogoboy sensualiza diante da bateria de escola de samba que se apresentou em casa de swing
Gogoboy sensualiza diante da bateria de escola de samba que se apresentou em casa de swing Imagem: Rodrigo Bertolotto/UOL

As caixas de som emitem o refrão pagodeiro "Tô fazendo amor com outra pessoa" e definem exatamente o que está acontecendo ali.

Um cara mordisca a nuca e as orelhas dela. Outro chupa os peitos. E um terceiro está dedilhando a bocetinha suculenta. Esta noite, Camila está fazendo amor com outras e desconhecidas pessoas.

Nenhuma palavra. Ela só ofega e se delicia com cada movimento de línguas e dedos que percorrem seu corpo. Em êxtase, as mãos dela começam a tatear as braguilhas e o que há atrás delas.

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Acaricia, confere os volumes, enfia as mãos nas calças, agarra firme e balança como dois chocalhos as picas que se oferecem pairando no ar para ela.

Camila se ajoelha e abocanha alternadamente as três ereções à sua volta. O glitter de seu rosto cai sobre os caralhos, agora devidamente enfeitados para a festa.

Ela puxa o mais roludo do trio para um sofá. Levanta o vestido e o traseiro. Ele afunda o pau nela e maceta em ritmo acelerado, como se fosse uma baqueta batendo num tambor. Mas a colisão de pele com pele não retumba: faz um barulho que mais parece uma chicotada.

Apesar dos solavancos, ela não abandona os outros dois, que a bolinam e calam seus gemidos enchendo sua boca. Camila olha nos olhos de cada um para mostrar o quanto está gostando daquilo.

Pista do Enigma Club ficou cheia de confete para swingueiros entrarem em clima de Carnaval
Pista do Enigma Club ficou cheia de confete para swingueiros entrarem em clima de Carnaval Imagem: Rodrigo Bertolotto/UOL

Os quesitos "harmonia" e "evolução" daquela trepada a quatro merecem nota 10, mas, um após o outro, todos gozam. Enquanto os rapazes ficam cabisbaixos, Camila acha pouco e quer mais. Ela sai do quarto coletivo bem na hora que um conhecidíssimo samba-enredo está tocando: "É hoje o dia da alegria/e a tristeza nem pode pensar em chegar."

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Combo do prazer

As casas de swing costumam fechar aos domingos (o dia mais familiar) e/ou na segunda (a volta à labuta).

No Carnaval, porém, as boates fazem cinco dias seguidos de farra e só param na Quarta-Feira de Cinzas. Mas nada de obedecer ao preceito católico de recolhimento e jejum da Quaresma: na quinta já tem suruba agendada.

Com os blocos de rua invadindo a cidade nessa época, o público chega mais tarde no rolê liberal: as filas se formam depois da meia-noite nas casas de Moema.

Entram já altos na bebida e na safadeza, e os baldes de vodca e energético nas mesas aumentam o grau ainda mais.

Camila vira um copo do combinado e vai atrás de uma nova gangue para se juntar. Na masmorra, encontra atrás das grades dois casais ensaiando um intercâmbio.

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Ela se mete no meio da beijação e palpação. Minutos depois, ela quase desaparece embaixo de todos. Os curiosos se aglomeraram para ver aquela saturação em forma de sexo.

Quando os dois casais finalmente se desvencilharam e saíram para novas revoadas, Camila ressurge toda amassada e lambuzada de prazer. Ela recupera o fôlego e está pronta para a próxima aventura. Afinal, um excesso leva ao outro.

Batucada no dark room

À frente da bateria, dois passistas chamam o público para dançar. Rebolam, abraçam e encoxam os swingueiros.

Bateria e passistas se apresentam em festa de Carnaval liberal em casa noturna do bairro paulistano de Moema
Bateria e passistas se apresentam em festa de Carnaval liberal em casa noturna do bairro paulistano de Moema Imagem: Rodrigo Bertolotto/UOL

As ancas da rainha da bateria ganham vida própria no meio da pista. Já o passista-gogoboy se esfrega na mulherada atiçada.

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Camila está no meio delas. Gostaria de levar o rapaz musculoso para o dark room, mas ele está encerrando sua performance e partirá logo mais com o restante do grupo musical.

Já ela vai para a área reservada ao sexo no clima de outro samba-enredo tocado ali: "Delírio sensual/Arco-íris de prazer/Amor, eu vou te anoitecer."

Ao entrar na sala escura, ela só quer uma pica que entre em seu rabo e frases sacanas em seus ouvidos.

Camila roça e se insinua com todos em seu caminho. No fundo do recinto, ela espalma as duas mãos contra a parede, inclina o corpo e empina a bunda.

Em segundos, um se encaixa nela, depois de tatear várias peles no meio das trevas. A excitação de Camila trepa pelas paredes com as grosseiras que ele dispara: "Vou torar o pau, sua vadia", "Vai engolir até a última gota, sua putinha" etc.

Bem nessa hora, a bateria está saindo do Enigma Club. Amanhã, eles se apresentam no sambódromo do Anhembi atrás de pontos dos jurados. Deixam para trás o ambiente sem julgamento dos swingueiros.

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Já as casas liberais seguem sua programação com eventos como Carnavrau, Swingfolia, Surubailão e blocos como o "da Maldade" e "das Coelhinhas".

Não vai achando que orgia é bagunça: tem agenda, calendário e até cronograma. Organizando direitinho, todo mundo transa.

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