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Nojo e fascínio: Maria Cândido vai ao essencial com 'A Paixão Segundo G.H.'

Uma adaptação de Clarice Lispector trabalhada por mais de uma década pelo diretor Luiz Fernando Carvalho só poderia ter um resultado: sinestesia pura.

"A Paixão Segundo G.H." chega aos cinemas amanhã (11), baseado no livro homônimo lançado de 1964, ano do fim da ditadura militar. O cenário, também aqui retratado, é pano de fundo para G.H., uma artista da alta sociedade que se depara com uma barata em sua casa, após sua empregada se despedir.

Quem vive a protagonista é Maria Fernanda Cândido, que dirigida por Luiz Fernando, "desconstrói" as questões de sociedade, gênero, classe e raça. Foi preciso nada menos do que um ano de preparo da artista para tal.

No Plano Geral de hoje (10), Flavia Guerra comentou que a obra de Clarice tem uma série de recortes que, nos dias de hoje, tem liberdade para serem explorados com maior profundidade. "Clarice Lispector é uma autora incrível que temos sempre que reler", disse.

A jornalista ainda disse que o filme faz parte de um gênero de "cinema de experiência" e que é marcante para o cenário nacional, muito devido ao diretor, responsável por outras sucessos como "Tieta" (1989), "O Rei do Gado" (1996), "Capitu" (2008) e "Velho Chico" (2016). "Luiz Fernando é um cara maravilhoso e obcecado como criador. Ele cria universos [...] de uma riqueza visual e cinematográfica, que não é elitista; é sensorial", disse. "Ele não menospreza o público dele e dialoga com ele".

"Nunca vi alguém filmar uma barata tão linda, com tanta riqueza de detalhes cinematográficos", brincou Flavia. "A barata é só um pretexto, um gatilho filosófico para G.H. entrar em uma espiral e em uma viagem pela existência dela, em busca do que é a essência do ser humano."

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