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Regina Casé, Pascoal Conceição: famosos vão ao velório de Zé Celso em SP

Regina Casé marca presença no velório de Zé Celso no Teatro Oficina - Leo Franco/Agnews
Regina Casé marca presença no velório de Zé Celso no Teatro Oficina Imagem: Leo Franco/Agnews

De Splash, em São Paulo

06/07/2023 19h22

Regina Casé, Pascoal Conceição, Júlio Andrade, Leopoldo Pacheco e outros famosos marcaram presença no velório do diretor e dramaturgo Zé Celso Martinez Correa — que morreu aos 86 anos, nesta quinta-feira (6), em São Paulo.

O velório do artista está ocorrendo na noite de hoje no Teatro Oficina, em São Paulo, e terá duração até às 9h desta sexta-feira (7). O rito será aberto ao público e serão organizadas filas para que todo mundo que deseja se despedir consiga entrar no teatro.

O horário de sepultamento do diretor ainda não foi confirmado pela família. O texto será atualizado assim que houver a informação.

Zé Celso estava internado na UTI do Hospital das Clínicas após ter 53% do corpo queimado em um incêndio que atingiu sua residência, na capital paulista. A principal suspeita é que o incêndio tenha ocorrido por um aquecedor elétrico na madrugada de 4 de julho.

Famosos vão ao velório de Zé Celso no Teatro Oficina, em São Paulo

Homenagens, músicas e festa!

Fãs e amigos de Zé Celso encheram o Teatro Oficina, na noite desta quinta-feira (6), para se despedir do dramaturgo.

Pessoas vestidas de branco e cantando prestigiam a vigília, que acontece como uma verdadeira festa, com direito a bebidas e comida.

Coroas de flores foram colocadas no centro do teatro, local em que Marcelo Drummond, marido de Zé Celso, estava sendo consolado por quem veio ao teatro.

Por volta das 21h30, a organização pediu a colaboração das pessoas com o lixo, e passou com sacos recolhendo latinhas de cerveja para liberar passagem para o corpo do dramaturgo.

Trajetória artística

Uma figura irreverente, José Celso Martinez Corrêa nasceu em Araraquara, interior de São Paulo, em 1937. Desde a década de 1960, ele se destacou por sua presença de palco e por sua inovação cênica. Porém, sua personalidade começou a ser lapidada pouco tempo depois para nunca mais ser esquecida.

O movimento contracultura dos anos 1970 foi uma grande força motriz para que Zé Celso mostrasse a que veio: peças disruptivas, movimento coletivo no palco e liberdade para que o corpo de cada pessoa, artista ou não, pudesse ser a mais pura expressão do que é arte.

O Teatro Oficina, foi fundado por Zé Celso em 1958 com colegas da Faculdade de Direito do Largo São Francisco e vive até hoje com atrações pulsantes em seus palcos. A proposta sempre foi contra o estilo de encenação trazido por peças europeias da época. Além disso, o principal objetivo do Oficina era e é fazer com que o público tenha participação ativa em suas apresentações.

Polêmicas e resistência

Considerado um dos diretores de teatro mais revolucionários do Brasil, Zé Celso teve sua postura no palco questionada por muitas pessoas, que o colocaram como radical ou extravagante demais. Em 1966, a sede do Teatro Oficina pegou fogo em São Paulo. Na ocasião, Zé atribuiu o incêndio a um golpe de militares que perseguiam o grupo desde 1964.

No auge da ditadura militar brasileira, em 1968, alguns membros abandonaram o grupo Oficina ou foram obrigados a se exilar. Em 1974, Zé Celso foi um dos nomes a serem presos. Ele se exilou em Portugal, onde conseguiu gravar o filme "O Parto". Sua volta para São Paulo aconteceu em 1978.

Com o gradual restabelecimento da democracia no Brasil, o Teatro Oficina empenhou-se em reabrir e reconstruir seu espaço, seguindo um audacioso projeto arquitetônico concebido por Lina Bo Bardi. Já em 1993, o grupo renasceu como Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona e entrou em uma fase altamente produtiva, culminando na emocionante encenação da obra-prima do romance jornalístico de Euclides da Cunha, "Os Sertões".

Desde então, o Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona tem se destacado como um centro cultural vibrante e provocador, explorando novas abordagens artísticas e desafiando os limites convencionais das artes cênicas. Sua trajetória pós-ditadura reflete a resiliência e a determinação em preservar a liberdade de expressão e promover o diálogo social por meio da arte.

Peças famosas

Os primeiros textos de Zé Celso foram levados ao palco do Teatro Oficina desde o início do projeto. "Vento Forte para Papagaio Suvir", de 1958, e "A Incubadeira", de 1959, são alguns exemplos.

Outros roteiros ganharam sucesso conforme o trabalho do diretor foi ganhando o gosto de um público mais ligado a propostas artísticas revolucionárias. São eles: "Pequenos Burgueses", um texto de Máximo Gorki que estreou em 1963, e "O Rei da Vela", de Oswald de Andrade, levado ao palco em 1967.

Para coroar a proximidade de Zé Celso com o movimento tropicalista e antiditadura, temos como referência até hoje a montagem de "Roda Vida", de Chico Buarque, em 1968. Considerado o grande herdeiro da tradição modernista, ele influenciou Os Satyros, uma companhia teatral fundada por Ivan Cabral e Rodolfo García Vázquez em 1989, também influenciados pelo movimento tropicalista.