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Eriberto Leão assume: 'Achei que ia ficar na Globo até muito velhinho'

Colaboração para Splash, do Rio

07/10/2022 04h00

No "OtaLab" desta semana, o ator Eriberto Leão se definiu para Otaviano Costa como um "cara da Contracultura", devoto da produção artística e filosófica dos anos 1950 aos 1970.

Depois de Eriberto avisar que se prepara para fazer um show dedicado a Raul Seixas, um de seu ídolos, Ota puxou o coro para o UOLditório cantar "Metamorfose Ambulante".

O apresentador aproveitou o gancho da letra ("Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante / Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo") e perguntou: "Qual foi a opinião que você mudou recentemente?".

Depois de elogiar a música de Raul Seixas ("essa obra é um hino espiritual"), Eriberto foi direto:

Eu mudo de opinião o tempo inteiro. Achei que ia ficar na Globo até muito velhinho, mas resolvi seguir por outras galáxias. A gente está sempre em mutação.

'Hoje ninguém ouve, todo mundo só quer falar'

Na entrevista, o ator falou de "O Astronauta", peça teatral que ele protagoniza, e também de seu mais recente filme, a comédia dramática "Maior que o Mundo".

O longa é dedicado à escritora, roteirista e atriz Fernanda Young, morta em 2019, aos 49 anos.

"Foi o último filme dela", lamentou Eriberto, que relembrou a amizade que os dois iniciaram no set de filmagem.

Fernanda Young foi uma das pessoas mais inteligentes com quem eu já conversei.

Eriberto lembrou que, apesar de gostar de falar muito ("vocês devem ter percebido", brincou), ele geralmente ficava mais em silêncio nos papos com Fernanda.

Eu só escutava. Eu só queria aprender. Aliás, eu prezo muito a arte de ouvir. Está faltando isso pra galera hoje em dia. Todo mundo quer só falar.

"E eu ouvia a Fernanda, que era de uma sabedoria, uma generosidade, uma força, uma inteligência absurdas", disse.

Eu estive nesses dias de gravação com uma das mulheres mais geniais da história deste planeta.

'Vou continuar fazendo novelas'

Esta foi a primeira semana do resto da vida do ator após quase duas décadas de Rede Globo. "Ontem (segunda-feira) foi meu primeiro dia, depois de 19 anos de Globo", contou Eriberto para o UOLditório.

Empolgado, o ator falou de sua peça, uma viagem sideral inspirada em Stanley Kubrick e David Bowie, e de outros projetos que já toca após a saída da emissora.

Quero transformar 'O Astronauta' em podcast, estou narrando audiobooks, desenvolvendo uma série? Estou experimentando novas galáxias.

A saída da Globo, é claro, alterou sua rotina. "Isso interfere completamente no seu dia a dia. Ainda mais um dia a dia de 20 anos", contou.

O fato de ter chegado aos 50 anos em 2022 também pesou. "Me parecia ser o novo caminho a seguir", disse.

Aos 50 anos, olhei pra frente e pensei que precisava assumir uma autoralidade maior na minha vida, com liberdade plena.

A agora ex-"firma", no entanto, tem um lugar especial em seu coração.

Sou muito grato à Globo. Realizei grandes obras lá e conquistei ferramentas, foram anos de muito aprendizado que agora eu quero usar de outra forma. Mas continuarei fazendo novelas! Só que agora os contratos serão diferentes.

OtaLab

O "OtaLab", o programa de internet que parece TV, vai ao ar toda terça-feira, às 11h, e pode ser acompanhado pelos canais do Splash no YouTube, Twitter e Facebook. Você pode assistir a toda a programação do Canal UOL aqui.