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Mãe de Cazuza quer que Ney Matogrosso termine canções inéditas do cantor

Lucinha Araújo, mãe de Cazuza, em entrevista no ano de 2014 - Divulgação/Youtube/SBT
Lucinha Araújo, mãe de Cazuza, em entrevista no ano de 2014 Imagem: Divulgação/Youtube/SBT

Do UOL, em São Paulo

20/11/2021 14h15Atualizada em 20/11/2021 14h15

Lucinha Araújo, mãe de Cazuza, revelou que tem o desejo de ver Ney Matogrosso musicando as 26 letras inéditas deixadas pelo cantor, morto em 1990. Fundadora de uma ONG que leva o nome do filho único, ela contou que guarda um caderninho com as composições nunca gravadas por ele.

"Tenho vontade de entregar para quem foi parceiro dele ou quem quiser e eu deixar musicar. Meu número 1 é Ney Matogrosso, mas Ney é um bicho do mato e se disser 'não' eu vou mandar ele para todos os lugares, que a gente tem intimidade para isso. Mas ele sempre termina seu show cantando poemas de Cazuza, com a plateia inteira junto. Adoro Ney, acho ele uma pessoa ímpar", declarou ela em entrevista à Quem nos bastidores dos ensaios de "Cazas de Cazuza", musical que retrata a biografia do artista e reestreia hoje no Vivo Rio.

"Ele (Cazuza) merece qualquer homenagem porque foi um grande nome que o Brasil não vai esquecer. O que é bom dura muito e o talento dele vai durar muitos anos apesar dele fisicamente não estar aqui", afirma.

Retomando a apresentação da peça mais de 20 anos depois de sua primeira montagem, Lucinha também refletiu sobre a mudança de relação da sociedade brasileira com o HIV, vírus que no caso de Cazuza levou ao desenvolvimento de AIDS, doença que afeta a capacidade do organismo de combater infecções.

A mãe do cantor comemorou a melhora na qualidade do tratamento e o fato de que as pessoas que desenvolvem a doença "já não morrem como moscas", mas lamentou que a questão tenha sido colocada em "segundo plano" por autoridades do Ministério da Saúde.

"No preconceito não evoluímos, mas no tratamento sim, tanto que hoje em dia morre-se muito menos de Aids", defendeu ela, que ano passado encerrou as atividades da Sociedade Viva Cazuza, explicando que depois de 30 anos a quantidade de crianças que nascem com HIV se tornou muito pequena, levando-a a decidir fechar a sede da organização para ajudar apenas adultos, de maneira individual.

Questionada também sobre uma possível mensagem para Ruth, mãe de Marília Mendonça, que morreu aos 26 anos em um acidente de avião, no início do mês, Lucinha destacou a dificuldade de encarar a perda de um filho.

"Não tem recado, porque é uma dor que não existe maior. Não existe dor pior que perder um filho. Cazuza deixou como filho as músicas, e ela (Ruth) vai criar o neto, que Marília deixou, assim como as canções lindas que ela compôs. Deus dá forças, ou eu não estava viva", concluiu a filantrofa na entrevista à revista.