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Ugo Giorgetti: Com streamings, nunca foi tão fácil fazer cinema

Carolina Marins

Do UOL, em São Paulo

21/10/2020 18h10

Para o cineasta Ugo Giorgetti, a popularização dos serviços de streaming facilitou a produção, cada vez maior, de obras cinematográficas. E, para ele, essa vantagem deve ser aproveitada pela juventude.

"Nunca foi tão fácil fazer cinema. Paradoxalmente falando. Por incrível que pareça, nesse tempo, você tem um equipamento todo que foi barateado de tal maneira, tão fácil de manusear, com uma qualidade tão boa", disse ele, acrescentando que a oportunidade de fazer mais cinema deveria ser aproveitada. "Não há porque não fazer mais, essa é a grande vantagem".

Ele participou hoje do ciclo "Conversas na Crise - Depois do Futuro", organizado pelo Instituto de Estudos Avançados (IdEA) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) em parceria com o UOL. A entrevista foi conduzida pelo jornalista Paulo Markun e contou com a participação de Carlos Vogt, presidente do Conselho Científico e Cultural do IdEA; do crítico de cinema Inácio Araújo; e do jornalista Osmar Portilho, editor de Splash.

Giorgetti disse que a exibição é o ponto que considera mais complicado em serviços de streaming, como Netflix. "São exatamente como cinema, eles procuram o que elas acham que é a moda do momento. Não entendo o critério deles e acho dificilmente inteligível", afirmou. Mas, segundo ele, é possível buscar outras formas de exibição, como por exemplo a cobrança de ingressos feita pelo YouTube.

"Queria ter 26 anos"

Giorgetti revelou que gostaria de ser mais novo para aproveitar esse atual momento do cinema. "É possível fazer cooperativas, por que não? Eu queria ter 26 anos nessa altura da minha vida para chegar lá e falar: 'Vamos fazer'".

Ele defendeu que se deve parar de pedir dinheiro para o governo quando há mais possibilidade de fazer cinema. "Eles dão esmola e ainda acham que vamos roubar", disse.

Com as novas tecnologias, como celulares cada vez mais avançados, e a possibilidade de se unir com amigos, o cineasta incentivou que a juventude se arrisque para produzir suas ideias.

Vou insistir nesse ponto: jovens, façam. Não tem porque não fazer.

Viver de cinema

Por outro lado, Giorgetti admitiu que não é possível viver de cinema no país e, por isso, procurou a publicidade como alternativa de renda. "Nunca considerei a hipótese de viver de cinema, então me lancei à televisão com todas as forças".

O cinema brasileiro tem um problema crônico que é a falta de público para determinados filmes. Tem uma determinada faixa de filmes que ninguém vai ver. Para fazer isso, você tem que fazer cinema amador.