O dólar vale mais que eu. Eita, fude*!

O novo escândalo do governo Bolsonaro, como informou a excelente Constança Rezende, repórter da Folha de S. Paulo, dá conta de que foi pedido US$ 1 de propina para cada dose de vacina comprada para o Brasil.

Segundo a empresa Davati Medical Supply, a proposta partiu de Roberto Dias, então diretor do Ministério da Saúde, em troca de fechar o contrato com o Ministério da Saúde.

Ou seja, a vida de quem se foi porque não tivemos vacina a tempo tem um preço, como acabamos por descobrir.

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Juliette é cobrada como se a felicidade do Brasil dependesse dela. Por que?

De acordo com o governo federal, cada vida custa um dólar.

Um mísero dólar. Ou um fucking dólar, para os dados aos estrangeirismos.

É como cantou Francisco, El Hombre, a banda meio mexicana, meio brasileira, que fez um show explosivo e carregado de política durante do Rock in Rio 2019, em "Tá Com Dólar, Tá Com Deus", música do álbum de estreia deles, em verso também usado aqui como título.

Ouça a faixa abaixo:

Conhecida por shows suados, politizados e por uma musicalidade ímpar, que salta do cumbia ao samba, passando pelo punk com violões, a Francisco, el Hombre tem apresentado leras tristemente premonitórias.

Em "Tá Com Dólar, Tá Com Deus", eles cantam:

"O dólar vale mais que eu /
Eita, fude*! /
Vale mais que eu /
Se essa vida se resume a dinheiro /
Corre-corre o dia inteiro para a vida se pagar"

A música, lançada no distante 2016, trata de temas espinhosos como a automatização da vida e a nossa perda da humanidade diante da tremenda força do capital. É um petardo.

Ainda em 2021, o grupo foi lembrado também durante as tentativas de anulação e apagamento de Juliette Freire durante a participação dela no BBB 21. Diziam que a jogadora era louca, que era má, entre outras coisas.

Ela não só venceu o programa como tem mais seguidores no Instagram do que qualquer um poderia imaginar, é protagonista de um documentário do Globoplay e "embaixadora" de marcas gigantescas.

No BBB 21, ela cantava a canção "Triste, Louca ou Má", também da Francisco, El Hombre, para amenizar a dor.

Adoro a Francisco, El Hombre - eles são uma das bandas mais criativas e intensas que você vai ver palco - mas gostaria que as letras do grupo parassem de ser copiadas pela realidade.