Luciana Bugni

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Opinião

Hickmann e Galisteu são exemplo de amizade legal que a gente perde na vida

Certa vez, há mais de dez anos, Adriane Galisteu disse que Ana Hickmann deveria ter um filho. É algo que não é muito legal de se dizer para uma mulher — a gente nunca sabe os motivos que levam a pessoa a não ter engravidado — e o então marido da apresentadora, Alexandre Correa, se ofendeu bastante com a afirmação.

Como era costumeiro que ele se agisse como um personagem agressivo de si mesmo, pegou para si o protagonismo da colocação infeliz de Galisteu e saiu por aí ofendendo Adriane de tudo que é jeito. Questionou seu sucesso e sexualidade de uma maneira muito violenta. Ela afirmou que não tinha nada contra Ana, mas tinha até medo de sofrer violência física do empresário.

Não é incomum ver mulheres rompendo com outras por conta de homens que julgam que "essa amizade não serve para você". Basta usar decote demais, sair ou ser livre de uma maneira que não seja considerada ideal, para ser classificada fora do padrão de qualidade. Adriane sempre falou o que pensava, se divorciou quando achou que devia e não tem muito pudor em defender seu ponto de vista.

Em um relacionamento tóxico, o homem pode pensar que o fato de sua mulher ter uma amiga livre é prejudicial para a dinâmica do casal. O velho "mulher minha não anda com gente assim". É uma maneira muito antiga de pensar que não é certo andar com divorciadas, por exemplo — pergunte para sua bisavó o que se pensava sobre elas no meio do século passado.

Ana Hickmann ao lado de Alexandre Correa
Ana Hickmann ao lado de Alexandre Correa Imagem: Reprodução

Alexandre, nesse caso, pode ter achado um motivo para atacar alguém do sexo feminino: uma frase infeliz de Adriane. E ainda assumiu o papel preferido dos homens tóxicos, o de macho protetor "mexeu com minha mulher, mexeu comigo". Pode parecer protetor, mas é apenas controle e violência.

Durante as semanas da briga de Ana com o ex, Adriane comentou desejando força em uma foto. Agora, livre do relacionamento, Ana fez um post com um áudio de Galisteu que afirmava não ser "tanto faz": "Eu prefiro que me ame ou me odeie, que me ache mais ou menos, que eu seja 'tanto faz'. 'Tanto faz' eu não sou, nunca serei e não quero ser. Luto para não ser. Eu prefiro que me ame ou me odeie do que me ache mais ou menos, que eu seja 'tanto faz'. 'Tanto faz' eu não sou, nunca serei e não quero ser. Luto para não ser", diz a narração.

No vídeo, a apresentadora usa um batom vermelho, diferente da imensa maioria de suas postagens, sempre usando rosinha discreto. Poderosa.

É bonito saber que mulheres podem ensinar umas às outras, mesmo que haja interferências ou tentativas por parte de terceiros. É mais bonito ainda ver, no batom vermelho de Ana Hickmann, uma mulher livre para dizer o que pensa, sobre quem quer que seja.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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