Photoshop em post de Rafaella, irmã de Neymar: vamos deixá-la em paz?

Rafaella Santos postou uma foto no Instagram depois de desfilar pela Salgueiro, no Rio. O público caiu em cima porque nas imagens ela está com a aparência diferente do que a TV mostrou na avenida.

Não é exatamente algo novo tentar mudar linhas do corpo com filtros que amenizam rugas, olheiras e marcas de expressão. O visual cotidiano nos stories muda conforme nossa autoestima oscila para baixo ou para cima. Se Rafaella de fato deu uma mexida em seu rosto, não é exatamente um motivo de vergonha nem algo que ninguém tenha feito antes.

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Se há algo nessa situação que podemos julgar é a pressão que a gente coloca nisso. O que a sociedade julga mais: uma foto retocada em um programa digital ou uma barriga imperfeita na Marques de Sapucaí? Não precisa ser um ou outro: basta ser mulher que a patrulha cai em cima.

Jojo Toddynho foi massacrada (de novo, zero criatividade de quem critica) por ter o corpo que tem e não escondê-lo. Paolla Oliveira foi criticada por estar "com certeza gestante", antes do Carnaval — ela não estava grávida. Depois Paolla foi criticada por estar mais magra do que estava antes. Adriane Galisteu foi criticada por ter pelos nas coxas. Aos 49 anos, ela esbanjava alegria e beleza. Deborah Secco foi criticada por não ter um "defeito" no corpo padrão que ela cultiva há anos. A acusam de ser "vazia" e "rica". Quem não vai ser criticada apenas por existir?

Rafaella é famosa e vive sob o olhar ameaçador da mídia e dos seguidores da internet há mais de uma década, quando o irmão Neymar ganhou fama mundial. Desde muito nova, ela vê os dedos que apertam o botão de curtir apontados para sua aparência. Quando pode, muda isso da forma que é viável: umas alterações em um programa que faz com que os olhos dos acusadores sosseguem um pouco na internet. Eu disse um pouco. Uma parte vai dizer que é Photoshop, outra vai dizer que na TV estava diferente, e aquelas que não acharem defeito para colocar vão falar que "também com esse dinheiro todo, até eu".

Não é só a imagem que Rafaella tem de si mesma que fica perturbada no contexto do julgamento sedento por corpos padrão. A gente também olha no espelho e não sabe muito bem se gosta do que vê — será que um filtro não levantaria a autoestima de qualquer um?

Se a resposta para a última pergunta for sim, temos a comprovação de que o buraco é muitas camadas abaixo. E não há filtro que cubra o tanto que estamos longe de consertar tantos distúrbios.

Deixem Rafaellas em paz. Paollas, Jojos, Adrianes e mais tantas agradecem.

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