Está na hora de alguns sertanejos fazerem seu mea-culpa

Na noite da última segunda-feira (30), Gusttavo Lima foi às lágrimas durante uma live, afirmando ser alvo de perseguição por ter questionados alguns cachês de seus shows pagos por prefeituras pelo país. Algumas das apresentações chegaram a ser alvo de investigação por parte de Ministérios Públicos, que questionaram o valor - em Roraima, R$ 800 mil, e em Minas Gerais, R$ 1,2 milhão. Toda a polêmica surgiu por causa das recentes declarações de Zé Neto, que, ao atacar Anitta, afirmou que não usava Lei Rouanet - Anitta não usa -, dando a entender que não recebe dinheiro público - no caso da Rouanet ele vem de empresas privadas que recebem incentivo fiscal.

Durante a live, aliás, Zé Neto, fez dois comentários que chamaram atenção. Num deles, disse que "quem tem de dar satisfação" é ele, que o assunto não teria a ver com Gusttavo, e em outro avisou: "Cuidado com as palavras".

Ocorre que o assunto tem a ver com todos e não é uma exclusividade do parceiro de Cristiano, como ele parece pensar. Nos últimos anos, muitos artistas têm espalhado desinformação sobre a maneira como alguns colegas conseguem patrocínios para shows, sem perceber que eles mesmos têm telhados de vidro.

Ao fazer uma live para esclarecer o assunto, é preciso explicar como se dá o processo de escolha dos contratos pagos com dinheiro público. Não apenas chorar e se dizer perseguido. E a razão é simples: cidades do interior têm orçamentos apertados. Obviamente, a população precisa de lazer, mas não às custas de outras áreas importantes, como saúde e educação. Precisa ficar claro, portanto, o caminho desse dinheiro e como se dá a escolha de determinados artistas. A questão é política.

Sabendo disso, talvez seja a hora de os sertanejos, tão mais eloquentes nessa questão, fazerem seu mea culpa e assumirem um compromisso de repensar esse processo, para que ele seja mais transparente. Não é sobre Gusttavo Lima ou sobre Zé Neto. É sobre moradores de cidades pequenas que podem ter suas vidas impactadas por uma melhor gestão do dinheiro público.