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Arte Fora do Museu

REPORTAGEM

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A história do painel que virou cartão postal de São Paulo

Colunista do UOL

31/05/2021 15h14

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Resumo da notícia

  • Daniel Melim é do ABC e pintou um dos paineis mais icônicos da cidade
  • Obra fica em frente à Pinacoteca
  • Espaço era utilizado antes como outdoor publicitário

Quem chega em São Paulo vindo do aeroporto de Guarullhos e pega um ônibus pra cidade é recebido por um mural gigante logo que saem da marginal Tietê. O desenho com traços de pop art na altura da Pinacoteca completa 10 anos em 2021 e aproveitamos para conversar com o criador desse cartão postal, Daniel Melim.

Mural da Luz do artista Daniel Melim - Arte Fora do Museu - Arte Fora do Museu
Mural da Luz do artista Daniel Melim
Imagem: Arte Fora do Museu

São dez anos agora desse mural, em uma época com poucas empenas na cidade com desenhos. Pra começar, como foi a escolha do lugar?

Eu andei pesquisando e era uma briga entre marcas, essas coisas. Porque ali era tipo entrada da cidade, né? Aquele outdoor ali. Além de ter um distanciamento, você ter um recuo para poder ver uma obra desse tamanho. Está muito próximo da Pinacoteca, muito próximo à estação do trem. Então, eram uns lugares bacanas. E a partir do lugar, a gente começou a tentar desenvolver a questão do do que seria desenvolvido. Aí entrava a questão do desenvolvimento técnico. Como que eu vou desenvolver tecnicamente para fazer isso sem precisar usar outros recursos, tentar usar os recursos que eu tenho, que seria o estêncil. Porque eu acho que pra mim isso seria a grande sacada. Dava para fazer com projeção, mas eu queria tentar fazer com estêncil. Também foi uma época que não tinha nada, eram poucos os trabalhos que havia pela cidade e também não tinha uma regulamentação disso. A gente pegou uma brecha da Cidade Limpa e viu que ninguém falava. Não falava nada de arte. E também se perdeu por um lado aquela cara de metrópole, de propaganda. Mas se ganhou por esse lado de configurar uma outra cara de metrópole através da arte urbana.

E como foi lidar com as autorizações?

Isso aí foi meio treta. Eu tenho a sorte que nesses projetos eu tenho uma equipe que sempre me ajuda. Na produção estava o pessoal do SHN. Esses caras são ótimos. Eu boto eles para produção assim e desenrola. Então, eles ficaram cuidando dessa parte, mas foi meio difícil. Porque quando não tinha nada regulamentando e a administradora precisava de uma autorização da prefeitura. E a prefeitura pedia uma autorização da administradora. Uma não cedia sem a outra. Mas eles ficaram cuidando dessa parte e eu fiquei cuidando da parte mais técnica de desenvolvimento.

E como é ver o desgaste da obra ali?

O mural tá até hoje, né. Desgastadinho, tá tipo igual calça jeans. Desgastando. Meu trabalho tem muita questão de textura. E aí, o tempo vem contribuindo com essa textura. Tá ali agindo junto. Isso também eu achei super interessante, de acompanhar como que o tempo está fazendo parte da obra. Vai desgastando. A imagem central está ali. O batom já mudou de cor. Mas é interessante. Já até tentei fazer um restauro, mas aquilo que já tá tão inconsciente da galera também que é até uma coisa difícil de mexer.

Confira abaixo a íntegra da entrevista. Acompanhe as gravações todas as quartas no Instagram do Arte Fora do Museu. E visite o perfil do artista no site.