Brasileiros contam dificuldades de adaptação e prós e contras de morar fora

Seja por deslumbramento ou mesmo falta de tempo, nem sempre o turista enxerga de cara os problemas do destino que visita. Mas para quem vai "de mala e cuia", a coisa é diferente e muitas vezes é sofrido acostumar-se a viver longe de casa. Brasileiros que mudaram para outros países e tiveram pouco tempo para se preparar antes de partir contam, abaixo, quais foram suas dificuldades de adaptação, além de revelar os pontos altos e os baixos de cada lugar.
Paris no susto (e no frio)
Hoje, morando em Paris, não tenho do que reclamar. Embora tudo aconteça aqui, alguns bairros ainda têm um clima de cidade do interior. Você caminha e dá bom dia ao açougueiro, ao padeiro, as pessoas se cumprimentam pelo nome. Além disso, Paris é muito linda: atravessar as pontes ou passar a pé ao lado da Torre Eiffel é sempre emocionante, como se fosse a primeira vez. Até o inverno já se tornou menos sofrido para mim. Hoje em dia consigo curtir a neve numa boa.”
Taciana Mendes Locatelli, 41, compradora internacional
Céu cinza de Dublin
“A ideia de morar fora surgiu em tom de brincadeira, pois eu e meu marido estávamos cansados da mesmice da nossa vida no Brasil. Então, decidimos arriscar. Fui atrás de uma empresa de intercâmbio e, em menos de um mês e meio, estávamos embarcando para Dublin. No primeiro mês, foi tudo lindo, tudo novidade. Mas, depois, começou a cair a ficha, afinal, não estávamos ali a passeio, precisávamos arrumar emprego para nos sustentar.
Tivemos que deixar o orgulho de lado para nos sujeitar a vagas de faxineiros ou atendentes de café. Isso foi um choque, mas logo nos adaptamos. O bom de viver na Europa é que tudo funciona, o transporte público, por exemplo, é muito bom e eficiente. Além disso, tem muita acessibilidade para pedestres e ciclistas. A pior parte é a falta de sol, o céu cinza quase o ano todo.”
Bruna Mistrello Cigerza, 29, barista
Comendo na China
Se tivesse estudado mais a língua e a cultura, teria sofrido menos. Minha maior dificuldade foi a adaptação com a culinária local, demorei dois meses para descobrir pratos e restaurantes que servissem algo que eu realmente gostasse de comer. Além disso, estou há um ano aqui e ainda não transpus a barreira do idioma: é extremamente difícil e pouquíssimas pessoas falam inglês. O lado bom é que há inúmeras oportunidades profissionais por aqui e, como o destino também recebe muitos expatriados, você faz contato com gente do mundo inteiro.”
Paulo Afonso Locali, 24, estudante
Segurança versus poluição
“Tenho uma irmã em Xangai e, com a dificuldade que o nosso país está passando, resolvi mandar currículos para algumas escolas chinesas, para dar aulas de inglês. Rapidamente, recebi uma proposta muito boa, com um salário que dificilmente ganharia no Brasil. Em menos de dois meses, embarquei e, agora, vou completar dois meses da mudança. Ainda estou em plena fase de adaptação e me sinto como um bebê, tentando observar tudo e aprender. A ajuda da minha irmã tem sido fundamental, para pedir comida, pegar metrô, abrir conta no banco... sem ela, acho que teria sido muito complicado, por causa da língua, que eu ainda não entendo.
No entanto, aqui é um lugar completamente seguro. Outro dia, um estrangeiro me contou que pegou um táxi bêbado e dormiu no banco, sem ter passado o endereço ao motorista. Quando acordou, horas depois, o motorista havia deixado o taxímetro ligado e estava lendo o jornal, esperando. Também gosto muito de comprar coisinhas variadas, pois a China produz tudo o que é distribuído pelo mundo, então, tem coisas inimagináveis por aqui. O que não é tão bom é a aglomeração de pessoas, em todos os lugares. O ritmo é acelerado, o ar é poluído e há sujeira nas ruas.”
Débora Guimarães de Araujo, 29, professora
E a saudade?
Os meus filhos tinham muita saudade da família e dos amigos, isso foi o mais complicado de administrar. Entretanto, estávamos vislumbrando a oportunidade de crescimento pessoal e profissional, pensamos na carreira e no bem-estar da família. O choque cultural também foi forte, mas nos acostumamos com o tempo. Lá em Istambul a qualidade de vida é melhor, a criminalidade é quase nula. Porém, com o golpe militar, ficamos bastante apreensivos e acabamos retornando.”
Camila Rodrigues Zuniga Abellan da Silva, 36, administradora de empresas
Calor - do clima e das pessoas
“Conheci um americano pela Internet e, depois de nove meses de papo, ele foi ao Brasil para nos conhecermos pessoalmente. Então, decidimos nos casar. Ele começou a providenciar a documentação e, em três meses, eu já pude embarcar. Estou aqui há dois anos e a adaptação, bem no início, foi difícil. O que eu mais estranhei foi o clima, porque eu saí de São Paulo, que é uma cidade superagitada, para morar em Indiana, que é bem pacata.
Outro ponto é aquela história do calor humano, que em lugar nenhum do mundo é como no Brasil. Por outro lado, os americanos são mais educados. Além do respeito, o que eu mais amo aqui são as Garage Sales, que sempre têm coisas incríveis pra gente comprar.”
Kelle Belizio Nichols, 29, dona de casa
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