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Com plano de reabertura e vacinação, França se prepara para retomada do turismo

Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

05/05/2021 09h33

O anúncio da reabertura progressiva da França anima o setor do turismo no país mais visitado do mundo. Na medida em que vacinação contra o coronavírus avança na Europa, hotéis, restaurantes, museus e outras atrações devem voltar a abrir as portas no fim de junho, quando as restrições de horários de deslocamento e funcionamento deverão ser derrubadas.

O plano do presidente Emmanuel Macron prevê quatro etapas, que serão atingidas se os números de contaminações e mortes continuarem a baixar. A última é planejada para 30 de junho, início do verão europeu, com a reabertura quase completa do país - apenas boates e casas de espetáculos permaneceriam fechados.

O calendário e as perspectivas foram comemoradas por Roland Héguy, presidente da maior entidade representante da hotelaria francesa, UMIH. Os restaurantes estão fechados há cinco meses em todo o país e as atrações de lazer, desde novembro.

"Não se reabre um hotel ou um restaurante em um estalar de dedos. Tem todo um setor que é movimentado, fornecedores de bebidas e alimentos", afirma. "Nós trabalhamos junto com o governo para planejar tudo isso, com o Ministério da Saúde, da Economia, o gabinete do primeiro-ministro. Haverá um protocolo sanitário reforçado, para receber, num primeiro momento, um limite de 50% da clientela."

A reabertura dos cafés e restaurantes, em meados de maio, marcará o começo da esperada retomada, argumenta Héguy. "Há claramente uma vontade dos jovens, e nem tão jovens, de voltar a se encontrar para tomar um drink na rua. Dá para sentir isso há bastante tempo", observa.

Em 2020, o país perdeu 60 bilhões de euros em receitas do turismo, que representa 7,4% do PIB francês.

Passaporte sanitário viabiliza retorno de estrangeiros

Aeroporto na França - Getty Images - Getty Images
Aeroporto na França
Imagem: Getty Images

Os hotéis e pousadas já tiram a poeira dos quartos para receber os turistas. A maioria ainda deve ser franceses, mas a adoção de um passaporte sanitário europeu, debatida no bloco para beneficiar quem já estiver imunizado contra a Covid-19, deve trazer de volta viajantes de países vizinhos, ainda que timidamente.

A brasileira Sâmia Duarte e o marido mantêm a pousada Solar de Provence na charmosa região do sul da França. Ela conta que os anúncios de Macron fizeram o telefone disparar.

"Temos tido bastante demanda já para maio e junho e as perspectivas para o verão são realmente muito positivas. Já estamos lotados de 10 de julho até metade de setembro", revela. "Muitos estrangeiros já estão contando que poderão voltar à França neste verão. O nosso público nessa época sempre foi mais de estrangeiros: alemães, belgas, suíços", indica.

A Comissão Europeia e o próprio presidente francês sinalizaram que os americanos, cada vez mais vacinados, voltarão a ser bem-vindos no continente europeu. Atrás apenas dos chineses, tradicionalmente eles são os que mais gastam durante as férias em Paris. Por enquanto, não está prevista a reabertura das fronteiras para turistas brasileiros, por conta da situação da pandemia no país.

Ocupação ainda muito abaixo do normal

Café em Paris, França - Getty Images - Getty Images
Café em Paris, França
Imagem: Getty Images

Apesar das perspectivas positivas em relação aos últimos meses, Corinne Menegaux, diretora-geral do Escritório de Turismo de Paris, mantém a cautela. Ela assegura que o setor continuará a precisar de apoio do governo, já que a retomada não será total.

"Se reabrirmos e ficarmos com a clientela muito local e sobretudo nacional, como provavelmente deve ser o caso neste verão, e com poucos clientes da Europa, continuaremos ainda muito abaixo da nossa frequentação habitual. Receber 40% dos turistas, em vez dos 100% que costumamos ter no verão, faz com que a cadeia continue sem conseguir suportar essa diferença", explica. "Os custos fixos são muito altos e o setor só funciona bem quando tem ocupação a 100% na alta temporada", complementa.

Atualmente, cerca da metade dos hotéis parisienses estão abertos, porém com ocupação de apenas 20% no período de um ano. Em tempos normais, o índice é de 75%. Em 2020, a região parisiense recebeu apenas 12 milhões de visitantes, menos de um terço do que no ano anterior. O fim do lockdown apenas na metade deste ano deve fazer com que, em 2021, este número permaneça estável.