'Socorro, apareceu mofo na minha casa.' E agora, tem jeito ou só quebrando?

Sua casa está pronta e do jeito que você sempre sonhou depois de meses de reforma ou obra: novos móveis, iluminação intimista, cantinho do descanso perfeito... Contudo, seu sonho está ganhando tons de pesadelo: você começa a perceber manchas ou pontos escuros nas paredes ou no teto, descoloração da pintura, presença de bolhas na tintura ou no papel de parede.

Apesar de assustador, há soluções para esse problema quando ele já está instalado e pontos de atenção para quando você está fazendo uma reforma ou construindo um imóvel novo.

Umidade: a grande vilã

A umidade é a principal causa do aparecimento do mofo e os períodos úmidos requerem atenção redobrada.

"Em casas, áreas como banheiros, cozinhas, sótãos e porões são mais propensas a infiltrações e mofo. Em apartamentos, banheiros e cozinhas também são regiões críticas, e problemas de umidade podem se originar de unidades vizinhas", detalha a arquiteta Gigi Gorenstein.

A melhor maneira de evitar o mofo é proteger a construção contra a entrada de umidade desde a fase de projeto. "Um projeto bem elaborado inclui boa ventilação nas instalações, ambientes dimensionados para receberem iluminação solar adequada e a aplicação de técnicas de impermeabilização", explica Anderson Oliveira, engenheiro civil e gerente técnico sênior da Denver Imper By Soprema.

Outra causa é a falha na impermeabilização, que faz a umidade presente no solo subir pela porosidade do concreto da fundação, atingindo as paredes.

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"Na construção, a impermeabilização deve ser considerada desde a fase da fundação para prevenir que a umidade presente no solo suba através da porosidade do concreto ou da alvenaria, evitando o surgimento de umidade ascendente, que é a principal causa de manchas, bolor ou mofo na altura dos rodapés", afirma o engenheiro civil.

"Nas regiões em que o lençol freático é muito alto, na hora da fundação é preciso uma impermeabilização bem eficiente, com manta e produto específico", orienta Maria Gabriela Amaral, arquiteta urbanista formada pela UFBA (Universidade Federal da Bahia), especialista em iluminação e design de interiores.

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As paredes nas quais a incidência de chuva é maior exigem, também, mais precauções. Além disso, segundo a arquiteta que atua na Bahia, nas divisórias que têm passagem de tubulações de água, a instalação hidráulica deve ser bem feita e é preciso evitar pendurar armários, quadros, bater pregos, parafusos para não correr o risco de ter um cano furado e começar a sofrer com a umidade sem nem saber que está tendo esse problema.

Socorro! Tem solução ou só quebrando?

A solução depende da origem do problema. Se o mofo estiver relacionado a uma infiltração, é preciso contar com o serviço de um encanador.

No entanto, a falta de sol e de circulação de ar em um cômodo pode fazer com que os fungos se manifestem da mesma forma.

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"A ventilação adequada é crucial. Ambientes bem arejados permitem que não haja acúmulo de umidade, fazendo com que ela seja dissipada, reduzindo o risco de aparecimento de fungos", explica a arquiteta Gigi Gorenstein.

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Abaixo, veja algumas estratégias para combater o surgimento sempre indesejado do mofo:

Tintas impermeabilizantes ou antimofo em áreas suscetíveis ao aparecimento de bolores.

Se avançar na parede a partir do piso, deve-se remover o reboco contaminado até chegar à alvenaria e a uma altura de cerca de 50 cm acima da manifestação do mofo ou, no mínimo, a 1 m a partir do piso. Na sequência, aplica-se o revestimento impermeabilizante e, após a cura do produto, pode-se rebocar e pintar.

Investir em melhorias na ventilação, como a instalação de exaustores, ventiladores ou ar-condicionado. Em lugares mais críticos, indica-se o uso de desumidificador.

Se for superficial, a dica é esfregar a área com soluções específicas, como um tira-limo, sem esquecer de usar máscaras e manter o local ventilado durante a limpeza. As superfícies rígidas não porosas podem ser limpas com água e detergente e secadas completamente.

Os materiais absorventes ou porosos que estejam mofados, como gesso acartonado, madeiras não tratadas e papéis de parede devem ser substituídos.

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Realizar manutenção regular para identificar e corrigir vazamentos.

Deve-se limpar e secar materiais e superfícies úmidas dentro de 24 a 48 horas para evitar o crescimento do mofo.

Reduzir o potencial de condensação (quando o vapor se torna líquido) em superfícies frias, por exemplo, janelas, tubulação, divisórias exteriores, telhados ou pisos, adicionando isolamento térmico. Usar cortinas ou persianas para reduzir a troca de temperatura e instalar vedantes nas janelas para evitar a entrada de ar frio.

Não é aconselhado instalar carpetes em locais constantemente úmidos ou com condensação frequente.

O ar-condicionado também merece atenção, tanto na instalação, para que o dreno esteja dentro das recomendações do fabricante, quanto na limpeza do aparelho. Equipamentos sem manutenção tendem a ter retorno e a ficar pingando. Maria Gabriela Amaral, arquiteta urbanista formada pela UFBA (Universidade Federal da Bahia), especialista em iluminação e design de interiores

E a saúde, como fica com o mofo?

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As consequências do mofo vão além da estética nos cômodos da casa, e podem desencadear doenças respiratórias, principalmente em pessoas alérgicas e, nos casos mais graves, o mofo pode levar a pneumonias, sinusopatias, pneumonites, além de infecções fúngicas na via respiratória superior e inferior e, também, na pele.

Segundo Raphael Coelho Figueredo, membro do departamento científico de rinite da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia) e responsável pelo serviço de alergia e imunologia clínica do Hospital Regional de Augustinópolis (TO), o mofo é um dos principais focos de alérgenos, por conter fungos, ácaros e outros aeroalérgenos em sua composição.

Os sintomas variam de leve a graves, Meire Kadowaki Komatsu, alergologista e imunologista do Hospital Japonês Santa Cruz, na capital paulista, lista espirros, congestão nasal, prurido de olho, nariz e garganta, chiado no peito, tosse ou coceira no corpo.

De acordo com ela, a recomendação é consultar-se com especialistas, pois o diagnóstico é feito por história clínica e exames, e o tratamento depende de cada caso.

Referência consultada: Abrava (Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Aquecimento).

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