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Maior Starbucks do mundo oferece de café com azeite a Espresso Martini

De Nossa, em Chicago (EUA)*

03/08/2023 04h00

Quando se fala em Starbucks no Brasil, duas turmas estão prontas para brigar: a dos nerds do café, que rejeitam tamanho, métodos e massificação da bebida da rede de cafeterias nascida em Seattle nos anos 70, e a dos entusiastas do café ao estilo americano (mais fraco que o nosso cafezinho e mais aguado que o italianíssimo espresso) ou dos espaços com aura de "jovens de negócios".

Natural que a maior unidade da cafeteria no mundo fosse todos esses preconceitos ampliados em um espaço gigante, não é mesmo?

Pois a reportagem de Nossa foi até a hiperbólica, em plena Magnificent Mile, centro luxuoso de compras de Chicago, e atesta: quem esbravejar que não passa de um shopping está redondamente enganado.

Aberta em novembro de 2019, quase 50 anos depois da criação do que seria uma gigante do setor de alimentação, a Starbucks Reserve Roastery se autointitula um "teatro do café", em uma combinação de sala de aula e palco espalhada por um, dois, três, quatro, cinco (!) andares — é tudo tão superlativo que a primeira coisa que chega à sua mão não é uma caneca de café, mas um mapa.

Desde a entrada a intenção de ser um espetáculo se revela: no térreo, entre um balcão descontraído para um copo de café e um lanche rápido e uma lojinha cheia de quinquilharias cafezeiras da marca, estão enormes sacos de (óbvio) grãos de café e...

Vista externa e noturna da Starbucks Reserve Roastery, de Chicago - Divulgação - Divulgação
Vista externa e noturna da Starbucks Reserve Roastery, de Chicago
Imagem: Divulgação

...consegue sentir um cheirinho no ar?

Sim, um torrador industrial, silos e sacos de café ainda verde estão lá. O aroma da tosta dos grãos se espalha por toda o prédio através de uma coluna dourada de 17 metros — a espinha dorsal dessa "Disney cafezeira".

Coluna dourada de 17 metros da Starbucks Reserve Roastery - Connor Surdi - Connor Surdi
Coluna dourada de 17 metros da Starbucks Reserve Roastery
Imagem: Connor Surdi

O simpático atendimento antecipa todos que entram pela porta giratória que toda a bebida consumida no local começa lá, no coração de qualquer cafeteria que se preze (pode chorar, coffee lover. É realmente lindo de ver e sentir).

E não são poucos os que fazem da cafeteria um ponto turístico. Só no primeiro dia do estabelecimento, uma sexta-feira em 2019, foram mais de 10 mil visitantes. Desde então, a unidade é sempre rodeada por filas enormes em qualquer estação do ano: seja para aquecer no vigoroso inverno de temperaturas negativas ou no suado verão — no dia da visita de Nossa, a cafeteria foi abrigo para um temporal, por exemplo.

Fica a dica: para conhecer tudo com tranquilidade, chegue para a abertura (todos os dias às 9 da manhã).

Balcão do andar téreo da Starbucks Reserve Roastery, de Chicago - Connor Surdi - Connor Surdi
Balcão do andar téreo da Starbucks Reserve Roastery, de Chicago
Imagem: Connor Surdi

Gourmet globalizado

Já deu para entender que não se trata de uma Starbucks daquelas que os atendentes gritam seu nome para oferecer um pão de queijo caríssimo e meio murcho acompanhado de um "mocha-latte-strawberry" ou algo que o valha.

Sob o pomposo nome de Reserve Roastery, que promete "comida boa e cafés raros", a "grife" não está somente em Chicago. Há versões menores (mas não menos luxuosas) na cidade-mãe Seattle, Nova York, Tóquio, Shangai e Milão (conhecida como a Starbucks mais bonita do mundo).

Vista dos últimos andares da Starbucks Reserve Roastery, de Chicago - Divulgação - Divulgação
Vista dos últimos andares da Starbucks Reserve Roastery, de Chicago
Imagem: Divulgação

E é justamente a aura italiana que dita o segundo nível da majestosa construção envidraçada de 3,2 mil metros quadrados.

Para quem nunca visitou a "Cidade dos Ventos" talvez não seja tão claro o quanto eles são tarados pela cultura italiana (alô, São Paulo): entre os pratos mais adorados e típicos de lá estão pizza e italian beef sandwich, para se ter uma ideia.

A linha de cafés infusionados com azeite italiano da Starbucks - Divulgação - Divulgação
A linha de cafés infusionados com azeite italiano da Starbucks
Imagem: Divulgação

E já que a paixão existe, a Starbucks fez do 2° andar um pedaço de Milão: um café desenhado pelo famoso padeiro Rocco Princi, com oferta de pizza al taglio (criação romana, é verdade) e focaccias.

Frittata com avocado e queijo parmigiano reggiano, da Starbucks Reserve Roastery, de Chicago - Juliana Simon/Nossa UOL - Juliana Simon/Nossa UOL
Frittata com avocado e queijo parmigiano reggiano, da Starbucks Reserve Roastery, de Chicago
Imagem: Juliana Simon/Nossa UOL

Frittata com avocado e queijo Parmigiano Reggiano acompanhado de café infusionado com azeite de Partanna? Yes, we can, como diria um certo ex-presidente que já chamou Chicago de casa.

A escola e o bar

O caleidoscópio sensorial dos cafés ilustrado na parede da Starbucks Reserve Roastery, de Chicago - Juliana Simon/Nossa UOL - Juliana Simon/Nossa UOL
O caleidoscópio sensorial dos cafés ilustrado na parede da Starbucks Reserve Roastery, de Chicago
Imagem: Juliana Simon/Nossa UOL

Subindo mais um lance das escadas rolantes, o laboratório do café, com demonstrações de diferentes métodos de preparo da bebida, paredes lotadas de informação sobre a origem de uma infinidade de tipos de café combinados a outra incontável variedade de combinações da bebida oferecida pelas lojas espalhadas pelo planeta.

Ufa. Muita informação, mais mesinhas, mais e mais café.

No quarto andar, o bar Arriviamo. Sim, álcool. Quer um Espresso Martini especial? Uma régua com três versões do drinque-desejo? Pra já! No lugar de baristas, bartenders (ou ambos).

As criações alcóolicas recebem a assinatura de mestras da mixologia, como Julia Momose e Rachel Miller (dona e funcionária do premiado Kumiko, respectivamente) e Annie Beebe-Tron (do Fat Rice). Em Chicago, who run de drinks? Girls).

Régua de Espresso Martini em três versões da Starbucks Reserve Roastery, de Chicago - Juliana Simon/Nossa UOL - Juliana Simon/Nossa UOL
Régua de Espresso Martini em três versões da Starbucks Reserve Roastery, de Chicago
Imagem: Juliana Simon/Nossa UOL

Se você já manja muito de café e entrou na moda dos grãos envelhecidos, segure o choro: é neste espaço que barris de whiskey estão. Chegou a Chicago no ardente verão norte-americano, como a reportagem? Aqui estão também os silos de grãos infusionados para cold brew.

E finalmente, no último andar, o rooftop. Mas este a reportagem não conseguiu acessar pelo chuvão persistente que caía em pleno domingo de corrida de rua pela cidade.

Fica a desculpa para voltar à cidade e ao monumento ao café — bem longe da versão aguada do café americano espalhado pelo nosso imaginário e, sim, pelas cafeterias comuns dos Estados Unidos.

*A jornalista viajou a convite de Choose Chicago