Família montou casa a bordo de ônibus de linha de SP e vive na estrada

Falta de área habitável é um dos grandes desafios enfrentados por pessoas que decidem se mudar para um motorhome, para viver viajando por aí.

Afinal, nos veículos convertidos em casas móveis (como Kombis e carros comuns — já falamos até de um Fiat 147 por aqui), não é fácil encontrar espaço para colocar todos os itens necessários para uma vida na estrada, como cama, equipamentos para cozinhar, chuveiro e geladeira.

Há um casal de músicos brasileiros, porém, que achou a solução perfeita para morar sem aperto em um motorhome.

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Conhecidos pelos nomes artísticos de Bardo e Fada (@bardoefada_nomade), os dois passaram anos viajando em uma Kombi com barraca de teto, vivendo no veículo e realizando apresentações musicais em diferentes cantos do país.

E, há aproximadamente dois anos, eles descobriram que era possível (e relativamente barato) comprar um ônibus de linha durante a troca de frota da cidade de São Paulo.

A oportunidade era imperdível: foram lá e compraram.

Pagamos incríveis R$ 24 mil no ônibus. E estava tudo certo com ele.

"Isso nos levou a um outro nível de conforto na estrada. Hoje, vivemos em um belo apartamento móvel. É uma casa completa, com cozinha, três quartos, banheira, banheiro seco e uma sala, em espaços construídos por nós mesmos. Tudo muito simples e rústico, mas funcional".

A vida no ônibus é compartilhada com as duas filhas do casal e um cachorro.

E, com o gigantesco motorhome, a família já passou, nos últimos dois anos, por cerca de 50 cidades brasileiras, conhecendo as belezas dos locais visitados e levando música para moradores e turistas destes lugares.

A rotina é não ter rotina

"Se tem uma coisa que não conhecemos é rotina. Vivendo na estrada, perdemos as contas dos dias da semana ou do mês", diz Fada.

Às vezes, descobrimos que é domingo porque chegamos em alguma cidade e encontramos o lugar vazio. Gostamos muito dessa liberdade.

No trajeto, a família costuma parar o ônibus em postos de combustíveis, que oferecem segurança para passar a noite. Porém, em cidades menores e pacatas, eles estacionam o veículo na rua.

E é principalmente na rua que eles fazem sua arte, seja em agitadas capitais brasileiras ou em pequenos municípios do interior do país.

"Carregamos uma pequena caixa de som, uma guitarra e um microfone. E tocamos em lugares públicos para quem quiser ouvir. Tocamos rock internacional e algumas canções autorais que podem ser encontradas no Spotify ou YouTube, procurando por 'Bardo e Fada'. Vivemos do dinheiro arrecadado com o público durante esses shows", explica Fada.

É comum o casal se apresentar para dezenas (e até centenas) de pessoas durante o percurso. E esse estilo de vida já gerou histórias curiosas para eles.

"Em Tiradentes, Minas Gerais, fiscais vieram pedir para que parássemos um show, porque o público lotou a rua e os carros não conseguiam passar. O problema é que nosso espetáculo ocorria no meio de um encontro de motociclistas, que ficaram furiosos com os fiscais que queriam acabar com a música. Tivemos que pedir para que as pessoas se acalmassem e liberassem a passagem da rua. Acabamos indo tocar em outro lugar. Rimos muito depois, mas na hora foi assustador", lembra Fada.

Uma família na estrada

A vida nômade com o ônibus (e, antes, com a Kombi) tem colocado a família em contato constante com lindas paisagens do Brasil.

Eles já curtiram inúmeras cachoeiras de Minas Gerais, fizeram rafting no interior de São Paulo, se refugiaram ao lado de lagos tranquilos, cruzaram trilhas em montanhas e pisaram em lindas praias do litoral brasileiro.

E eles deixam que o vento e a música os levem para os próximos destinos.

"Nunca planejamos para onde ir. As coisas simplesmente acontecem", diz Fada. "Basta um convite que queremos aceitar, um amigo de quem sentimos falta ou alguma coisa da qual não gostamos e vamos embora. É muito raro a gente ficar mais de um mês no mesmo local, a não ser que seja um lugar muito bom".

E eles sabem que, parados ou em movimento, sempre terão o conforto do ônibus que é seu lar.