Topo

Hotel com passado trágico assusta Felipe Neto na Europa: 'Energia pesada'

Felipe Neto durante viagem à Dinamarca - Reprodução Instagram
Felipe Neto durante viagem à Dinamarca Imagem: Reprodução Instagram

De Nossa

01/03/2023 04h00

Felipe Neto teve uma experiência arrepiante em sua viagem pela Dinamarca nos últimos dias.

O influenciador digital se hospedou em um hotel histórico em Kolding e, durante a estadia, "foi tomado por uma imensa energia pesada e cansaço", desabafou no Twitter nesta segunda (27).

Segundo ele, o mal-estar paranormal fez sentido depois que ele descobriu o passado sombrio do local: seu prédio foi um sanatório que atendeu a crianças com tuberculose e a pacientes psiquiátricos há mais de 100 anos.

O hotel em questão é o Koldingfjord, que tem alas dedicadas a negócios — com diversas salas de conferências — e um complexo turístico dedicado aos viajantes em férias, além de restaurantes, café, bar e adega.

O relato de Felipe rendeu histórias semelhantes de outros viajantes, que compartilharam com ele suas angústias ao visitarem locais marcados por tragédias ou injustiças.

Afinal, que hotel é este que assustou Felipe Neto?

No início do século 20, o Koldingfjord tinha outro nome: "Julemaerkesanatoriet", ou "Sanatório dos Selos de Natal", já que ele foi o primeiro construído na Dinamarca com o dinheiro das vendas de selos temáticos para as festas de fim de ano.

O Hotel Koldingfjord - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
O Hotel Koldingfjord
Imagem: Reprodução/Facebook

A tradição dos selos surgiu em 1904, quando o funcionário dos correios Einar Holboll teve a ideia de dedicar um dos selos para a caridade e vendê-lo na temporada natalina, em que havia alta demanda de postagem de cartões. Os fundos seriam destinos a auxiliar crianças que sofriam com a tuberculose.

Os pacientes se reuniam para celebrar o Natal e aniversário do sanatório - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Os pacientes se reuniam para celebrar o Natal e aniversário do sanatório
Imagem: Reprodução/Facebook

O plano foi aprovado pelo rei Christian 9º e o Koldingfjord começou a ser construído para atender os pequenos em 1907. As obras se estenderam até 1911, já que engenheiros à época tiveram que fazer esforços substanciais para que o prédio eventualmente não desabasse da encosta do fiorde.

Cada quarto possuía até 18 camas para os pequenos pacientes - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Cada quarto possuía até 18 camas para os pequenos pacientes
Imagem: Reprodução/Facebook

Assim, tanto material quanto é possível ser visto por fora foi estabelecido no subsolo, como fundação, para garantir a firmeza da construção de enormes proporções para o seu tempo. Desde o abrir das portas em 1911 até 1960, o sanatório atendeu exclusivamente aos pacientes menores com tuberculose e foi considerado um elemento essencial da luta contra a epidemia.

Segundo o próprio hotel, diversos dos pacientes chegavam mal-nutridos às alas e enfermarias - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Segundo o próprio hotel, diversos dos pacientes chegavam mal-nutridos às alas e enfermarias
Imagem: Reprodução/Facebook

Com a doença considerada erradicada no país na década de 60, o prédio foi tomado pelo Departamento de Saúde Mental do Condado. A partir de então, ele começou a ser usado como hospital psiquiátrico para crianças, o que durou até 1983.

Nas dependências do sanatório havia também uma escola para as crianças internadas - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Nas dependências do sanatório havia também uma escola para as crianças internadas
Imagem: Reprodução/Facebook

Vazio e abandonado durante quatro anos, o prédio do Julemaerkesanatoriet foi "lembrado" pela Organização de Enfermagem Dinamarquesa em 1987, que assumiu a propriedade e contratou os arquitetos Vilhelm Lauritsen e Jorgen Staermose para reformá-lo e transformar a construção de inspiração renascentista e Rococó em um hotel moderno.

A enfermagem tentava celebrar o Natal com as crianças doentes - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
A enfermagem tentava celebrar o Natal com as crianças doentes
Imagem: Reprodução/Facebook

Em 1º de maio de 1990, há 33 anos, o novo Koldingfjord abriu as portas. No entanto, ele segue carregando sua história: seu terraço, por exemplo, foi um lounge externo. As salas de reuniões eram a cozinha, a sala de jantar para as crianças do sanatório, além de áreas onde "banhos" medicinais de luzes ultravioletas eram aplicados nos pacientes.

Onde hoje está a recepção, antes havia uma sala de estar. Nos corredores havia salas de exames, áreas de raio-X e amplas enfermarias. Na porção central do primeiro andar estavam pequenos quartos, enquanto nas pontas haviam mais enfermarias de cada lado. O último andar tinha uma sala de cirurgia e uma clínica odontológica, além de mais leitos.

O prédio anexo ao principal, no quintal, onde estão hoje as salas de reuniões Magnolie e Bogesalen, eram antes um ginásio esportivo e casa de caldeira. Já os prédios laterais, atualmente Dagmar's Palae e Christian's Palae, foram escolas e escritórios. E a villa Louisehoj, que em 2023 recebe banquetes e tem capacidade para acomodar até 32 pessoas, era a casa do médico encarregado do sanatório.

No total, o Koldingfjord oferece 132 quartos aos visitantes corajosos, todos decorados em típico design escandinavo, com formas e atmosfera bastante minimalistas. As diárias para se hospedar no endereço histórico custam partir de 1135 coroas ou R$ 843,20 — reservas e orçamentos podem ser feitos através do site.