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De rei entalado no banheiro à noite final de Diana: histórias do hotel Ritz

Hôtel Ritz Paris - Reprodução/Booking.com
Hôtel Ritz Paris
Imagem: Reprodução/Booking.com

De Nossa

26/12/2022 04h00

Um hotel de 124 anos em Paris guarda um pedaço de toda a história e cultura mundial: é o Ritz, no número 15 da Place Vendôme, endereço nobre da capital francesa onde morou Coco Chanel e houve a última estadia da princesa Diana.

Em um lote de terreno que passou por muitas mãos e pertenceu até ao rei Luís 14, foi desenvolvida uma mansão com ares palacianos ainda no século 18. Mais de cem anos depois, quando já era um endereço comercial com fachada assinada pelo arquiteto da realeza francesa, Jules Hardoin Mansart, ela foi adquirida por César Ritz em 1897.

O suíço era gerente do Hotel Savoy, famoso na cidade pelo serviço impecável que atraía até o príncipe de Gales (mais tarde conhecido como o rei Edward 7º do Reino Unido, trisavô do Rei Charles 3º), de onde foi demitido junto com um colega, o chef francês Auguste Escoffier, sob acusação de furto.

Com a ajuda de Alexandre Marnier-Lapostolle, Ritz conseguiu arrematar o então Hôtel de Gramont, reformá-lo e transformá-lo no Ritz, com 210 suítes imponentes, decoradas à moda das casas da aristocracia e da nobreza francesas e inglesas. O empreendimento de luxo, ao lado do amigo chef, deu certo e logo a dupla passou a atrair a elite europeia.

Presenças ilustres

Com salões de bailes, clube, restaurantes e bares de luxo — que tinham a fama de atrair os melhores bartenders da cidade —, o Ritz se tornou um imã para personalidades e boas histórias. O rei Edward 7º, por exemplo, teria ficado preso em uma banheira apertada com sua amante no banheiro do hotel, o que inspirou uma das muitas reformas e os amplos banheiros de luxo em cada quarto, uma comodidade rara para a época.

A suíte Coco Chanel do Hôtel Ritz Paris - Reprodução - Reprodução
A suíte Coco Chanel do Hôtel Ritz Paris
Imagem: Reprodução

Marcel Proust, o autor de "Em Busca do Tempo Perdido", teria escrito trechos de sua obra de múltiplos volumes no Ritz. Ele não foi o único artista que deixou sua marca por lá. Gabrielle "Coco" Chanel viveu no Ritz por 34 anos, desde 1937, e ali morreu em 1971.

Bar Hemingway, no Ritz Paris - Reprodução - Reprodução
Bar Hemingway, no Ritz Paris
Imagem: Reprodução

Durante seu período de residência, ela teria se envolvido com nazistas que ocupavam a capital e fizeram do Ritz seu quartel-general, colaborando como espiã do regime de Hitler, segundo o biógrafo Hal Vaughan. No fim da Segunda Guerra, também foi ali que Ernest Hemingway, frequentador do bar do hotel que hoje leva seu nome, teria comemorado a libertação dos nazistas invadindo o balcão e servindo uma rodada de martínis secos aos clientes, segundo a CNN americana.

Suíte Impériale de Diana

Ao longo dos anos, ele apareceu em diversos romances e filmes, o mais ilustre "Cinderela em Paris", com Audrey Hepburn e Fred Astaire. Em 1979, o Hôtel Ritz Paris foi comprado pelo empresário Mohamed Al-Fayed, pai de Dodi Al-Fayed, namorado da princesa Diana em 1997. Na Suíte Impériale, ela fez sua última refeição antes de sair de carro e ser perseguida nos túneis da cidade pelos paparazzi, no acidente que provocaria sua morte.

Diferente, mas sempre luxuoso

Entre outros fãs e hóspedes ilustres que hoje batizam as suítes e quartos atualizados estão Maria Callas, o duque e a duquesa de Windsor (mais conhecidos como o rei Edward 8º, tio de Elizabeth 2ª e sua esposa, Wallis Simpson), o pianista Frédéric Chopin, o escritor F. Scott Fitzgerald — que ali escreveu "Suave é a Noite" — e o ator e diretor Charlie Chaplin.

Hôtel Ritz Paris - Reprodução/Booking.com - Reprodução/Booking.com
Hôtel Ritz Paris
Imagem: Reprodução/Booking.com

Hoje o Ritz é mais modesto do que quando foi fundado, ao menos em número de quartos — após diversas reformas, a última entre 2012 e 2016, ele possui atualmente 159 suítes e quartos disponíveis aos seus hóspedes. No entanto, outras comodidades foram incluídas no perímetro como spa, academia, piscina, salão de cabeleireiros.

O serviço inclui três bares, um restaurante e impressionantes oito salões de recepções, que hoje abrigam eventos sociais e casamentos de alto padrão. Hospedar-se no Ritz, é claro, custa altas cifras. Uma acomodação das mais modestas tem diárias de 1.900 euros atualmente, cerca de R$ 10.415. No entanto, para ficar na suíte de Chanel é preciso desembolsar, no mínimo, US$ 56 mil ou R$ 292 mil por noite, informou a reportagem da CNN dos EUA.

Mais informações sobre orçamentos e reservas no site ritzparis.com.