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Como as marcas brasileiras de moda estão investindo no metaverso

Desfile da Renner na BRIFW (Brazil Immersive Fashion Week) - Reprodução
Desfile da Renner na BRIFW (Brazil Immersive Fashion Week) Imagem: Reprodução

Francielly Kodama

Colaboração para Nossa

28/12/2022 04h00

Os hábitos de consumo estão em constante transformação: aquele passeio no shopping deixou de fazer sentido para muitas pessoas, que passaram a fazer compras pela internet. Com a chegada do metaverso, o ambiente virtual pode estar cada vez mais próximo de se tornar uma realidade.

Para quem é da geração que passou horas jogando The Sims, Habbo e, entre os mais recentes, Minecraft, Roblox e Fortnite, o conceito de metaverso já é bastante familiar: a simulação do mundo real, com avatares dos usuários e infinitas possibilidades de objetivos e compras, como a das polêmicas NFTs e criptomoedas.

Tantas ações no metaverso miram, é claro, nos altos lucros — que, segundo a Bloomberg Intelligence, serão de US$ 800 bilhões até 2024 —, mas também em fortalecimento de marca.

No Brasil, a Renner foi a primeira varejista de moda a expandir para o território virtual no Fortnite. Em 2021, a marca lançou o Renner Play, com um mapa imersivo de uma loja dentro do jogo, com ativações de gamers em lives simultâneas. O ótimo resultado da ação serviu de incentivo para que a empresa continuasse investindo na tecnologia.

Em novembro deste ano, a marca deu mais um passo no metaverso. Na BRIFW (Brazil Immersive Fashion Week), a primeira semana de moda imersiva da América Latina, a Renner apresentou um desfile inteiro com intervenções em 3D na passarela e filtros de realidade aumentada nos looks.

A fast fashion também conta com um Hub de Moda Digital formado por um time multidisciplinar que atua em parceria com o Marketing. Ele funciona como um laboratório experimental que usa tecnologia 3D para desenvolver produtos digitais, transformar as conversas com os consumidores e integrá-los cada vez mais em seus processos.

"Todas as iniciativas phygital que estamos implementando mostram que há um interesse crescente do público em viver experiências criativas e inovadoras", afirma Maria Cristina Merçon, diretora de Marketing Corporativo da Renner.

Metaverso brasileiro

Havaianas Fortnite - Divulgação/Havaianas Fortnite - Divulgação/Havaianas Fortnite
Havaianas Fortnite
Imagem: Divulgação/Havaianas Fortnite

No universo do Fortnite, a Havaianas é uma das "vizinhas" brasileiras da Renner. A marca de calçados levou a vibe do verão para uma ilha virtual em formato de chinelo. Uma prova do sucesso da marca dentro do novo território é a fila de espera para comprar os NFTs da marca.

A Amaro foi uma das primeiras varejistas de moda brasileira a se lançar no mundo dos games. Com a influenciadora virtual Mara, a empresa estreou no Animal Crossing e usou a interação com os jogadores como referência para uma de suas coleções.

Duas versões de Mara, da Amaro - Reprodução - Reprodução
Duas versões de Mara, da Amaro
Imagem: Reprodução

A presença de influenciadoras digitais no Brasil, aliás, não é novidade e a maior delas é "brasileira": a Lu, do Magazine Luiza, que já estrelou campanha da Adidas, estampou capa de revista, participou de um clipe da Anitta e não demorou para entrar no metaverso também.

A estreia aconteceu no Horizon Workrooms, plataforma da Meta criada para realizar reuniões por meio de avatares.

Lu, do Magazine Luiza, estrela de campanha da Adidas - Divulgação - Divulgação
Lu foi estrela de campanha da Adidas
Imagem: Divulgação
Satiko, avatar da apresentadora Sabrina Sato - Divulgação/Biobots - Divulgação/Biobots
Satiko, avatar da apresentadora Sabrina Sato
Imagem: Divulgação/Biobots

Há até encontro de influência real e digital.

Sabrina Sato, garota-propaganda de dezenas de marcas, se "desdobrou" em duas com a sua própria avatar, a Satiko.

A influenciadora virtual, que soma quase 40 mil seguidores no Instagram, estrela as mais diversas campanhas, além de abordar curiosidades sobre tecnologia. Recentemente, também lançou sua experiência imersiva abrindo uma franquia de um restaurante japonês no metaverso.

O futuro da realidade virtual

Em breve, campanhas dentro de games não serão mais uma grande novidade. A tendência é que as marcas invistam em plataformas que desenvolvam seus próprios metaversos de forma customizada, segundo indica Fábio Costa, CEO da Agência Casa Mais, empresa especializada em realidade aumentada.

Assim, é possível personalizar cada detalhe do universo da marca: "Inserir avatares personalizados com a roupa da empresa, usar a identidade visual da campanha em todo o projeto e utilizar elementos virtuais interativos, como catálogos digitais e vídeos institucionais", exemplifica o especialista.

Em meio a tantas novidades, será que as marcas não acabam exagerando no uso de tecnologias? Para Costa, isso não é necessariamente um ponto negativo, mas acredita que deve haver um equilíbrio: "A boa convivência do mundo digital com o mundo real é a grande chave para que as pessoas se acostumem a viver ou utilizar o metaverso como meio parcial de vida, como para trabalhar e se divertir."