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Para evitar voar sobre a Rússia, companhia aérea cria rota pelo Polo Norte

Voos da Finnair evitam o espaço aéreo russo através de rota antiga pelo Pólo Norte, também utilizada na época da Guerra Fria - Divulgação
Voos da Finnair evitam o espaço aéreo russo através de rota antiga pelo Pólo Norte, também utilizada na época da Guerra Fria Imagem: Divulgação

De Nossa

22/03/2022 09h48

Antes de a Rússia invadir a Ucrânia em 24 de fevereiro, a companhia Finnair costumava cruzar o espaço aéreo russo para realizar o trajeto de Helsinque a Tóquio, no Japão.

No entanto, com as viagens interrompidas para o destino desde 28 de fevereiro, eles tiveram de usar a criatividade e buscar rotas alternativas para levar seus viajantes. Em 9 de março, a operação foi retomada — mas com uma jornada que era uma velha conhecida dos pilotos: a travessia do Polo Norte.

O processo levou tantos dias pois apresentava um grande desafio para os planejadores de voo da companhia — um desafio do tamanho do território russo. Isso porque, geralmente, desvios de rotas são bem menores do que um país continental.

"Eu comecei retirando a Rússia do sistema, para que ele pudesse calcular as melhores rotas de Helsinque a Tóquio. Apesar de fechamentos de espaços aéreos por motivos diversos serem parte da rotina de planejadores de voo, esta mudança em especial — fechar o espaço da Rússia inteiro — era tão excepcional que o sistema precisou de orientação manual, pontos alternativos, para começar a criar trajetos", contou Riku Kohvakka, gerente de planejamento de voo da aérea, em comunicado da empresa à imprensa.

O interior do A350 da Finnair, que atualmente conta com assento "ninho" na classe executiva - Divulgação - Divulgação
O interior do A350 da Finnair, que atualmente conta com assento "ninho" na classe executiva
Imagem: Divulgação

Ao chegar ao Polo Norte como opção, a equipe trabalhou com engenheiros de operação de voos para se haveria questões topográficas que eles deveriam levar em consideração, além de checar como articular o maior número possíveis de aeroportos alternativos no caminho, para casos de necessidade de um pouso de emergência.

"Encontramos aeroportos na rota polar — na Escandinávia, norte do Canadá, Alasca e norte do Japão — que não havíamos usado antes, então foi necessária muita pesquisa para garantir que seria possível utilizá-los como opções", explicou Aleksi Kuosmanen, capitão de um A350 e vice no comando de toda a frota da Finnair.

De acordo com a CNN, a saída não foi exatamente simples não só em termos operacionais: agora, a viagem de nove horas leva 13 horas e usa 40% mais combustível do que antes — motivo pelo qual o avião que sentaria até 330 pessoas leva, no máximo, 50, para que carga prioritária possa ser suportada. Dentro das aeronaves, em vez de três pilotos, seguem quatro que se revezam no comando do cockpit e, consequentemente, mais refeições são servidas.

Passageiros recebem um "diploma" por terem completado a rota pelo Ártico, assim como em 1983 - Divulgação - Divulgação
Passageiros recebem um "diploma" por terem completado a rota pelo Ártico, assim como em 1983
Imagem: Divulgação

No entanto, apesar dos esforços para atualizá-la às realidades e necessidades não só de passageiros como de aeronaves e aeroportos de 2022, a opção era conhecida nos tempos da Guerra Fria e fez bastante sucesso em 1983. Isto porque, durante os anos soviéticos, aeronaves finlandesas também não tinham autorização para sobrevoar o território que hoje conhecemos como a Rússia.

Seu "novo" antigo percurso empolgou os passageiros, alguns que não têm nenhuma lembrança daquela época. "Eu diria que muitas pessoas ficaram empolgadas. Muitas perguntam a que horas vamos cruzar o polo e se esperamos ver a Aurora Boreal". O espaço extra dentro da aeronave quase "vazia", também ajuda muita a gente a se esticar.

E, para manter os clientes ainda mais entretidos, como naquela época, a companhia voltou oferecer um diploma para quem passou por uma das regiões mais remotas do globo. A empresa não informou até quando a "conquista" será entregue aos seus passageiros, embora também não haja previsão para retornar aos ares russos.