Topo

Guerra na Ucrânia deve aumentar preço de passagens, diz presidente da Latam

Cardier se preocupa, em primeiro lugar, com o preço do combustível que acompanha a cotação do petróleo em dólares no mercado internacional - Getty Images/iStockphoto
Cardier se preocupa, em primeiro lugar, com o preço do combustível que acompanha a cotação do petróleo em dólares no mercado internacional Imagem: Getty Images/iStockphoto

De Nossa

04/03/2022 09h47

O presidente da Latam Brasil, Jerome Cardier, acredita que o preço das passagens aéreas deve aumentar devido às consequências globais da guerra na Ucrânia.

"É uma pena, especialmente em um momento no qual o que mais queremos é voltar a voar", lamentou o executivo após fazer uma análise do atual contexto geopolítico.

Cardier se preocupa, em primeiro lugar, com o preço do combustível que acompanha a cotação do petróleo em dólares no mercado internacional. O barril já ultrapassou os 100 dólares (mais de R$ 500) desde quinta (24), primeiro dia da invasão.

"Temos que monitorar e reagir a três potenciais impactos: no preço do combustível e no câmbio, no mercado de capitais e disponibilidade de crédito e no preço e disponibilidade de commodities relevantes para a indústria (como titânio por exemplo, necessário para a fabricação de aviões)", refletiu em um texto compartilhado em sua página na plataforma Linkedin.

Conforme o executivo sinalizou, nos últimos dias, o dólar ficou mais caro devido às instabilidades no mercado financeiro provocadas não só pela desvalorização de empresas russas, como pelas interferências de grandes potências (como os EUA e membros da UE) no sistema bancário para coibir a Rússia de Putin frente à invasão.

Matérias-primas muito necessárias para a aviação podem ficar mais caras, como apontou Cardier, especialmente aquelas produzidas por países diretamente envolvidos no conflito, não só devido às sanções econômicas promovidas, de um lado, pelos Estados Unidos e seus aliados, e de outro, pela Rússia, mas ao consumo modificado de recursos necessários em suas novas circunstâncias políticas.

Além disso, países que já se posicionaram contra a guerra devem deixar de negociar com os russos e diminuir suas possibilidades de compra, criando uma demanda artificial por produtos de diferentes origens.

"Pelas primeiras reações, o impacto nos custos das companhias aéreas é inegável. Infelizmente na situação em que está o setor, estes aumentos vão impactar os preços das passagens", concluiu Cardier, que acredita que as aéreas terão de agir rápido para minimizar os impactos do conflito no mercado de viagens ainda em recuperação devido à pandemia.

Voos também podem ficar mais longos

Wolf-Dietrich Kindt, da Federação da Indústria de Aviação Alemã (BDL), apontou à Deutsche Welle nesta quinta (3) um agravante provocado pela guerra que também deve afetar as viagens: o fechamento do espaço aéreo na região do conflito.

"Os voos com destino ao Extremo Oriente, que normalmente passam pela Rússia, precisam contornar a área usando rotas alternativas. Isso significa que os voos vão demorar mais e cobrir distâncias maiores, o que aumenta o consumo de combustível e os custos para as companhias", explicou.

Estes valores devem ser repassados aos viajantes, em curto e médio prazo. Rotas já começaram a ser alteradas.

Uma porta-voz da Lufthansa informou à agência que a empresa estima que voos para a capital sul-coreana Seul levarão 90 minutos a mais do que o normal. E os viajantes para Tóquio terão que se preparar para até duas horas a mais de viagem.

Além disso, companhias aéreas já eliminam destinos de seus portfólios: além de voos para a Ucrânia terem sido cancelados no mundo todo, as aéreas russas já impuseram sanções a 36 países. Companhias americanas e britânicas, como é o caso da British Airways, também eliminaram a Rússia de seu mapa.

Com a diminuição da oferta de passagens para destinos-chave, os valores dos tíquetes disponíveis podem subir ainda mais.