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Grifes respondem com protestos e sanções aos ataques da Rússia à Ucrânia

Fashionista protesta com mensagem "Não à guerra da Ucrânia" na entrada do desfile da Prada, em Milão, na última semana - Getty Images
Fashionista protesta com mensagem "Não à guerra da Ucrânia" na entrada do desfile da Prada, em Milão, na última semana Imagem: Getty Images

De Nossa

04/03/2022 16h18

O mundo da moda começa a se posicionar em relação à guerra na Ucrânia.

Grifes do porte das centenárias maisons Chanel e Prada já anunciaram doações às populações afetadas, enquanto Adidas, Asos e outras prometeram retirar seus negócios da Rússia após a invasão iniciada na quinta-feira (24).

Esforços humanitários

Em comunicado, a Chanel se comprometeu a doar 2 milhões de euros (R$ 11 milhões) a duas organizações que auxiliam refugiados: Care e a ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados), além de apoiar funcionários e parceiros da grife nas doações e medidas de apoio às mulheres e crianças da região.

Já a Prada não discriminou o valor de sua doação, mas anunciou que juntará forças com a Câmara Nacional de Moda Italiana (CNMI) para apoiar a agência da ONU também no auxílio às populações desalojadas pelo conflito.

Medidas como estas, embora aplaudidas por parte de sua clientela, foram ainda criticadas por não tratarem o mercado russo de maneira mais dura e efetivamente coibirem os avanços militares.

A revista Vogue Ucrânia desafiou na terça (1º) algumas das principais grifes mundiais a declararam um embargo às exportações de seus produtos para a Rússia.

Entre as casas e grandes grupos da moda citados pela publicação estão LVMH (Louis Vuitton, Christian Dior, Fendi, Givenchy, Marc Jacobs, Stella McCartney, Loewe, Kenzo, Celine, Fenty, TAG Heuer, Bulgari, entre outras); Kering (Balenciaga, Bottega Veneta, Gucci, Alexander McQueen e Saint Laurent); Richemont (Azzedine Alaïa, Cartier, Chloé, Montblanc, Van Cleef & Arpels, entre outras); Grupo Prada (Prada, Miu Miu e etc.); Grupo Swatch (Swatch, Harry Winston, Omega, Tissot e mais); Puig (Nina Ricci, Carolina Herrera, Paco Rabanne, Jean Paul Gaultier, Christian Louboutin, entre outras); Chanel; Hermès; Dolce & Gabbana; Max Mara; Burberry; Valentino; Versace; Hugo Boss; Calzedonia (que também é dona da Intimissimi) e Shiseido.

Em resposta, outras grifes ofereceram apoio financeiro aos ucranianos. O grupo Kering prometeu "uma doação significativa" a ACNUR em nome dos refugiados nesta quarta (2).

A Gucci, uma das marcas Kering, também anunciou que destinaria US$ 500 mil, cerca de R$ 2,53 milhões, à agência das Nações Unidas.

Já o conglomerado LVMH destinou 5 milhões de euros, quase R$ 25,3 milhões, à Cruz Vermelha Internacional também em apoio aos esforços humanitários, além de "operação assistencial" aos seus 150 funcionários na Ucrânia.

A Balenciaga afirmou que fez uma doação ao Programa Mundial de Alimentação da ONU para assistir às famílias em dificuldade e ofereceu um outro tipo de ajuda: suas plataformas, que deverão trazer notícias da guerra nos próximos dias.

Durante a Semana de Moda de Paris, a Acne Studios anunciou no programa do desfile que doaria 100 mil euros, pouco mais de R$ 553 mil, aos esforços da ACNUR e da UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância).

O estilista Giorgio Armani, que já havia protestado contra a invasão durante seu desfile na Semana de Moda de Milão, em 27 de fevereiro — que ocorreu sem música "em respeito às pessoas afetadas pela tragédia" — também se juntou ao grupo de designers que fizeram doações.

O italiano destinou 500 mil euros (R$ 2,76 milhões) ao Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados.

Sanções e interrupções

Outras grifes já suspenderam suas operações na Rússia, seja por dificuldades operacionais trazidas pelo conflito ou por posicionamentos políticos contra a invasão.

Após alguns dias de condolências ao povo ucraniano e ofertas de apoio humanitário, as grifes do grupo LVMH, Prada, Kering e a Chanel decidiram fechar suas portas na Rússia, informou a BBC de Londres na sexta (4).

O conglomerado LVMH encerrou as operações de 124 boutiques no domingo (6). Já o grupo Kering justificou a decisão apontando "uma preocupação crescente" com a situação na Europa.

A Chanel encerrou todas as atividades comerciais no país em e-commerce e lojas físicas, citando também preocupações com "a situação atual" e "as crescentes dificuldades para operar" na Rússia, especialmente diante das sanções bancárias.

Entre outras solidárias ao chamado realizado pela Vogue Ucrânia está a Adidas, que suspendeu na terça (1º) sua parceria com a Seleção Russa de Futebol, segundo informações da agência Reuters.

A Inditex, empresa que controla a Zara, anunciou o fechamento de suas 86 lojas da marca no país no sábado (5), citando "dificuldades para garantir a continuidade de suas operações comerciais".

A gigante britânica de fast fashion Asos suspendeu na quarta (2) suas operações comerciais na Rússia. "Estivemos assistindo aos eventos chocantes na Ucrânia com horror e descrença. Concluímos que não é prático nem correto continuar a negociar na Rússia hoje e suspendemos nossas vendas lá. Estamos apoiando os esforços humanitários e nossos pensamentos estão com o povo da Ucrânia", dizia o anúncio da companhia.

Uma porta-voz da Burberry afirmou a Bloomberg na quarta (2) que a companhia não estava mais exportando peças para a Rússia por dificuldades operacionais, mas que suas lojas no país continuavam abertas.

No entanto, a grife britânica se comprometeu na ocasião a fazer uma doação, de valor não divulgado, para auxiliar as famílias ucranianas através da Cruz Vermelha britânica e a igualar quaisquer outras doações feitas pelos seus funcionários.

No domingo (6), a Burberry decidiu fechar suas três lojas em território russo. Apenas o e-commerce continua em funcionamento, de acordo com o The Guardian, mas sua permanência no ar é incerta, devido à saída de Visa e Mastercard do país, o que pode provocar caos nas vendas.

O grupo H&M, outra grande empresa de fast fashion sueca, decidiu pausar todas as suas vendas na Rússia na quarta-feira (2), após o fechamento de suas lojas na Ucrânia. Ainda segundo comunicado ao site Fashionista, a companhia ainda fez doações à ACNUR e à organização Save the Children.

Igualmente, a Mango informou que fechou seu e-commerce e 120 lojas próprias na Rússia. Já suas 65 franquias continuarão funcionando, mas apenas com o estoque que já possuem. A marca ainda se comprometeu a destinar 100 mil euros (R$ 553 mil) para doações.

A Nike anunciou nesta quinta (3) que também fechará todas as suas lojas em território russo, além de ter se comprometido a fazer doações para o UNICEF e para o Comitê de Resgate Internacional que trabalham nas fronteiras ucranianas.

Ao site especializado WWD, um porta-voz da Puma confirmou que suas lojas permanecem abertas na Rússia, mas as entregas de novas peças foram paralisadas. A empresa direcionou seus esforços para reabrigar seus 380 funcionários na Ucrânia na última semana em regiões ainda não afetadas pelo conflito dentro do próprio país e na Polônia, além de oferecer apoio financeiro.