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6 revelações do chef Erick Jacquin: 'Quando prato é uma merda, eu digo'

Jacquin fala da profissão, relembra dificuldades e faz críticas a blogueiros no "Roda Viva" - Reprodução/Roda Viva
Jacquin fala da profissão, relembra dificuldades e faz críticas a blogueiros no "Roda Viva" Imagem: Reprodução/Roda Viva

De Nossa

18/01/2022 12h40

Quem se sentou no centro do "Roda Viva" exibido na segunda (17) foi Erick Jacquin. O chef que se tornou famoso graças à televisão passou por uma sabatina com jornalistas especializados.

Nascido no interior da França, ele se mudou jovem para Paris para trabalhar em restaurantes de alta cozinha francesa. Aos 30 anos, chegou ao Brasil e viveu altos e baixos. Ao mesmo tempo que colecionou passagens marcantes por casas como Le Coq Hardy e Café Antiqüe, ambos extintos, teve problemas com dívidas e quase faliu.

Atualmente, o chef-celebridade está à frente de quatro endereços paulistanos — Président, Ça-Va, Lvtetia e Buteco do Jacquin — e conquista os espectadores na Band como jurado do "MasterChef Brasil" e apresentador do "Pesadelo na Cozinha".

No programa "Roda Viva", Jacquin falou algumas verdades sobre o meio gastronômico e a sua vida, como o fato de ter sido rejeitado para um teste de televisão pelo mau português e de ter "embebedado" os produtores do MasterChef. Veja, abaixo, a nossa seleção dos melhores momentos.

Jacquin conta que televisão mudou sua vida e relembra quando foi recusado em teste - Reprodução: TV Cultura - Reprodução: TV Cultura
Jacquin no centro do Roda Viva
Imagem: Reprodução: TV Cultura

Ignorar blogueiros como estratégia

"É um lado triste das redes sociais. Hoje, todo mundo é jornalista e todo mundo é chef. Se você responde e dá atenção, eles ficam felizes. Tem que ignorar. Uma moça foi no Ça-Va, montou um estúdio de gravação — porque eles acham que podem fazer tudo no seu restaurante — e saiu falando que tem cheiro de mofo. Quando comprei o Ça-Va porque o dono faleceu de covid, deixei tudo lá, até os livros velhos. Ela confundiu o cheiro de livro antigo com mofo. Tem gente que não tem cultura mesmo".

"Gordinho favorito": o melhor elogio

"O MasterChef é um programa família e ajudou muito a mudar a forma do brasileiro se alimentar e cozinhar em casa. O elogio mais bonito que tive foi de uma menina que agarrou a minha perna e falou: "você é o meu gordinho preferido". Eu gosto de ser gordinho. É uma bela propaganda. Ela disse: "graças a vocês, jurados, e ao programa, meu pai cozinhou pela primeira vez em casa. Ele cozinha para nós e a gente dá nota". Achei isso lindo.".

O mau português e o convite do MasterChef

"A primeira vez que fiz um teste para televisão fui recusado porque o meu português estava muito ruim. Fiquei triste. Estava numa fase ruim e precisava muito. Falava para minha mulher: "só a TV podia salvar minha vida". Foi quando apareceu o MasterChef. Dois caras me ligaram perguntando que dia poderíamos nos encontrar. Eles foram na minha casa porque eu tinha vergonha de levar no meu restaurante. Fiz três caipiroscas e um beef bourguignon. Falei: vou encher a cara deles e eles vão entender meu português.".

Um jurado exigente

"Não sou duro e malvado, sou realista e exigente. Quando é ruim é ruim. Pode ser algo que vem da cultura francesa. O grande defeito do Brasil, olhando como francês, é que as pessoas não sabem falar "não". Todo mundo diz "eu vou pensar, eu vou ver, eu te ligo amanhã". Sendo que isso na verdade é "não". Por isso, quando o prato é uma merda, é uma merda. Não tem 36 maneiras de falar isso".

Duas surpresas: saída de Paola e chegada de Helena

"A saída da Paola Carosella do MasterChef me surpreendeu. Ela me ligou para contar no dia que saiu na imprensa. É o direito dela, ela quis, foi uma decisão profissional. Mas eu me acostumei a minha argentina. Foram sete anos juntos. Com Fogaça, formávamos um trio que dava muito certo. A chegada da Helena Rizzo foi muito boa. Imaginei que seria mais difícil para o público, mas não compararam muito as duas. Ela é sagitariana, espontânea, natural e divertida. Se integrou muito fácil. A substituição deu certo".

Democracia não existe na cozinha

"O chef é o chefe e por isso se chama assim. Eu fui criado numa escola antiga, que era muito diferente de hoje. Não trabalhamos os mesmos horários — começávamos às 7 horas e terminávamos depois da meia-noite — e não tínhamos nem lugar para comer. Isso não existe mais. Houve uma evolução, graças a Deus. Mas imagina se tem uma guerra e cada cara quer ir para um lado. Onde vai ser a batalha? Vão ganhar a guerra? Na cozinha, a decisão precisa vir de uma pessoa, o chef. E os outros devem fazer o que ele decidir".