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Machu Picchu é décadas mais velha do que se acreditava, revela estudo

Cidade inca de Machu Picchu, no Peru - ENRIQUE CASTRO-MENDIVIL
Cidade inca de Machu Picchu, no Peru Imagem: ENRIQUE CASTRO-MENDIVIL

De Nossa, em São Paulo

04/08/2021 15h50Atualizada em 04/08/2021 15h50

Um dos locais mais sagrados e importantes da antiga civilização inca, a cidade de Machu Picchu é décadas mais antiga do que se imaginava, revelou estudo liderado por um professor da Universidade de Yale (EUA), publicado esta semana.

Com um grupo de pesquisadores que incluiu membros de várias instituições dos EUA, o arqueólogo Richard Burguer conseguiu datar quando a cidadela já estava em pleno funcionamento. Eles utilizaram a técnica de espectrometria de massa de acelerador (AMS), uma forma avançada de datação por radiocarbono feita através de restos mortais.

Os restos humanos utilizados na pesquisa foram encontrados no início do século 20, em 1912, no complexo monumental localizado na parte leste da Cordilheira dos Andes, na antiga propriedade do imperador Pachacuti, que construiu Machu Picchu.

"Este é o primeiro estudo baseado em evidências científicas a fornecer uma estimativa para a fundação de Machu Picchu e a duração de sua ocupação, dando-nos uma imagem mais clara das origens e da história do local", disse Burguer, professor do Departamento de Antropologia de Yale, em comunicado da universidade à imprensa.

As descobertas do grupo foram publicadas na revista Antiquity e revelam que Machu Picchu estava em uso de cerca de 1420 a 1530, terminando justamente na época da invasão espanhola que se apossou de boa parte do território americano. Até hoje, os registros dos colonizadores eram a maior base para datar a história da cidadela.

Com essas revelações, o local seria pelo menos 20 anos mais velho do que registros históricos europeus, o que ajuda na compreensão da cronologia da civilização inca, apontando, por exemplo, que o imperador Pachacuti subiu ao poder antes do imaginado. Até a publicação desse estudo, acreditava-se que Machu Picchu foi erguida entre 1440 e 1450.

"Até agora, as estimativas da antiguidade de Machu Picchu e a duração de sua ocupação eram baseados em relatos históricos contraditórios escritos por espanhóis no período que se seguiu à conquista espanhola", explica Burguer.

Com a descoberta, o estudo também sugere que Pachacuti ganhou poder e começou suas conquistas décadas antes que os registros indicam, o que ajuda a explicar como o seu reinado colocou os incas a caminho de ser o império mais poderoso da América até a chegada dos espanhóis.

Hoje, Machu Picchu é a principal atração turística do Peru e é Patrimônio Cultural da Humanidade desde 1983, pela Unesco.

Antes da pandemia, visitavam o sítio cerca de 2 mil a 3 mil pessoas por dia, sendo que na temporada alta, o número podia chegar a 5 mil pessoas. Com as fronteiras fechadas, o número caiu a zero e só voltou a aumentar mais recentemente, atingindo 40% da capacidade em maio deste ano.