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Aprendi a sambar como uma rainha de bateria na sala de casa

Carla Campos tem 25 anos de Carnaval e já ensinou o samba no pé para famosas como Luiza Brunet e Patrícia Poeta - Divulgação
Carla Campos tem 25 anos de Carnaval e já ensinou o samba no pé para famosas como Luiza Brunet e Patrícia Poeta Imagem: Divulgação

Carol Scolforo

Colaboração para Nossa

15/02/2021 04h00

Só quem já sentiu a bateria de uma escola de samba passar sabe o quanto aquele som invade o corpo e emociona. Eu sou das que sambam acanhadas, rindo de si mesmas, uma vez ou outra fui a um ensaio. Mas afirmo convicta: todo mundo deveria uma vez na vida ter essa experiência. Guarde esse meu conselho para 2022.

Em meio a uma pandemia recomendo sambar de casa mesmo. Faça uma playlist com as músicas mais icônicas dos desfiles cariocas, pinte o rosto, suba no salto e imagine a Sapucaí aí na sala. É o que a professora Carla Campos reforça no começo da aula de samba online que eu testei para Nossa.

Para ela, o samba tem lições quase matemáticas. Aprende quem estiver disposto. Carla desfila há mais de 25 anos, foi rainha de bateria e responsável por colocar o samba no pé de estrelas como Luiza Brunet, Gracyanne Barbosa e Natália Guimarães com seus treinamentos pré-Sapucaí.

O samba é inclusivo, não é preciso saber os passos perfeitamente, e sim incorporar a música, sentir a alegria e transmitir às outras pessoas usando o corpo"

Essa visão muda tudo já de cara. Quando ela começa a ensinar os passos básicos, percebo que existe técnica e é possível sambar autoconfiante.

carla campos - Reprodução - Reprodução
Além dos passos, a professora ensina sobre a magia do samba
Imagem: Reprodução

Carla ensina a postura, o requebrar de quadris e eu testo tudo. Ela dá a fórmula para o passo principal: up, back, front, front — é assim que os gringos aprendem fácil.

Samba é consciência corporal, explica à aluna-sem-jeito do lado de cá da tela. O segredo é praticar depois de entender cada passo bem devagar. Em pouco tempo consegui juntar tudo. Ri muito também, ótimo efeito colateral da aula.

"Ao dançar integramos o corpo todo, ativamos áreas que esquecemos durante o dia. Liberamos hormônios que trazem bem-estar", diz ela, para nos convencer a fazer isso todo dia. "Até lavando louça dá pra remexer e soltar os quadris", indica.

Rainhas, sambai com graça

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Carla mostra o saltão usado na aula (mas nossa repórter não se arriscou tanto assim no samba)
Imagem: Reprodução

Outra visão da Carla é que a dançarina deve preencher o espaço e o momento com o corpo. Sabe as rainhas da bateria? Fazem isso o tempo todo. Também cantam e coordenam as mãos com leveza durante o samba-enredo — ai que inveja, isso não é tão fácil quanto parece.

Somos contagiados pela inspiração da Carla, que leva Carnaval muito a sério e dá aula se equilibrando naqueles saltos de rainha mesmo.

Quando desfilamos por uma escola, participamos de um sonho, uma história imaginada por um ano inteiro, nos mínimos detalhes. Todo o nosso corpo deve refletir essa energia"

Foi mesmo o que eu senti.

Tanto que suas aulas são referência para estrangeiros que chegavam ao Rio, até 2020, sem saber sambar. Em 60 minutos dá para sentir essa alegria, ganhar endorfinas e se conectar com quem estiver assistindo a aula, para não se sentir o único desajeitado.

Quem sabe em 2022 a gente tente a Sapucaí sem medo?