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É a vez do caipira moderno? Estilo campestre pode ganhar força no pós-covid

Desfile da Jacquemus em Valensole, na França  - Getty Images
Desfile da Jacquemus em Valensole, na França
Imagem: Getty Images

Gustavo Frank

De Nossa

16/06/2020 04h00

Flores, tons pastéis e até cabras (presentes em um editorial da Gucci e "queridinhas" em outras campanhas) nunca estiveram tão presentes na moda como atualmente. A estética campestre anda lado a lado com o "hippie chique" e ganhou notoriedade ao ser destacada no desfile da grife Jacquemus na Semana de Moda Masculina em uma fazenda de lavanda em Valensole, na França, onde apresentou sua coleção primavera-verão 2020.

O visual urbano e contemporâneo, vislumbrado pelas grandes metrópoles da moda mundial, como Berlim e Nova York, parecem ter aberto espaço para uma nova mentalidade dentro da moda, que acompanha a saga pela sustentabilidade dentro da indústria.

E isso não acontece apenas nas passarelas. As novas plataformas também sustentam a aesthetic campestre, tais como o TikTok, abraçado pela nova geração fashionista, e até mesmo dentro dos games, como o Animal Crossing, em que os jogadores dão vida e roupas estilizadas aos seus avatares nos vilarejos.

Onde o campo entra na moda?

Moda campestre - Reprodução/Pitnerest - Reprodução/Pitnerest
Peças e referências da vida campestre na moda
Imagem: Reprodução/Pitnerest

O adulto que viveu a adolescência na internet se lembra muito bem do Tumblr, blog em que muita gente compartilhava suas ideias e estéticas preferidas.

Não à toa, na mesma época, Lana Del Rey e sua coroa de flores inspirou milhares de jovens e Florence Welch fazia sucesso ao dar "fim aos dias de cão".

@vincenthaycock x @sundaytimesculture

Uma publicação compartilhada por Florence Welch (@florence) em

Em busca da desconstrução, a moda hoje se apropria desse visual para quebrar o estigma de que este mercado representa necessariamente o luxo — mesmo que as marcas que alavanquem essa proposta ainda sejam as mais luxuosas, tais como a Celine, Dior, Louis Vuitton e Jacquemus.

O que isso tem a ver com o que estamos vivendo atualmente?

Essa ascensão e volta às raízes — que tende a ser ainda maior futuramente — pode ganhar ainda mais força em consequência de movimentos de reanálise social e de resignificação modulados pela crise do coronavírus.

Em conversa com Nossa, o professor e historiador da moda João Braga reforça como a moda precisa se reinventar diante dos acontecimentos no mundo para se fazer presente, tanto temporalmente como em relevância.

"Depois de guerras e acontecimentos trágicos, a tendência na moda é buscar pelo romântico", diz. "Funciona como uma espécie de conforto para quem consome nesse mercado".

Daqui para frente, principalmente no fim desse ano, estejamos prontos para ver mais babados, florais e tons pastéis que vão reaparecer e se destacar nas coleções de primavera-verão.