Topo

O que fazer em Bougainville, que pode se tornar o mais novo país do mundo

Uma lagoa pacífica em Papua-Nova Guiné - Getty Images
Uma lagoa pacífica em Papua-Nova Guiné
Imagem: Getty Images

Marcel Vincenti

Colaboração para Nossa

06/03/2020 04h00

Viajantes ávidos por colecionar carimbos no passaporte, fiquem atentos: um território desconhecido em uma das áreas mais remotas do planeta pode se tornar o mais novo país do mundo.

No final de 2019, a região de Bougainville, no oceano Pacífico, realizou um referendo para saber se sua população gostaria de se tornar independente da Papua Nova Guiné, país do qual faz parte atualmente: cerca de 180 mil pessoas votaram - e aproximadamente 98% delas optaram pela emancipação. A decisão popular ainda precisa ser ratificada pelo parlamento local.

O que há para fazer neste longínquo lugar do globo?

Um rio calmo em Papua-Nova Guiné - Getty Images - Getty Images
Rio em Papua-Nova Guiné
Imagem: Getty Images

Para começar, o local é um arquipélago de aproximadamente 250 mil habitantes e com ilhas marcadas por praias selvagens, com paisagens compostas quase que unicamente por areia, mar e muita vegetação. Em algumas das orlas, o oceano adquire aspecto de piscina natural, com água rasinha e cristalina.

O conjunto de ilhas também possui rios, florestas, cachoeiras, cavernas e mais de 60 lagos, além de ser lar para dezenas de espécies de pássaros.

Um dos passeios mais interessantes realizados pelos poucos turistas que visitam da área é uma caminhada (que chega a durar três dias) até o alto do vulcão Monte Balbi, com mais de 2.700 metros de altura (guias para o trekking podem ser encontrados na cidade de Buka). Lá em cima, os viajantes admiram um lago azul que existe dentro de uma cratera, em um cenário surreal.

Além disso, durante o trajeto até o vulcão, que corta densas áreas de mata, há a oportunidade de acampar no meio da natureza e admirar a rica fauna da região, que inclui aves coloridíssimas.

Ativo, o monte Bagana é outro vulcão que chama muito a atenção no horizonte de Bouganville: é possível enxergar seu topo fumegante de diversos pontos da área.

Para quem quiser caminhar mais na natureza, há a opção de encarar uma trilha até o lago Billy Mitchell, que fica dentro da cratera de um vulcão, tem cerca de dois quilômetros de diâmetro e é cercado por encostas verdejantes. O percurso também chega a durar três dias.

Além do cenário natural

Bandeira de Bougainville, província de Papua Nova Guiné  - Getty Images - Getty Images
Bandeira de Bougainville, província de Papua Nova Guiné
Imagem: Getty Images

A área é palco para eventos como o Festival do Chocolate (geralmente realizado no segundo semestre do ano), que reúne, em cidades como Buka e Arawa, cultivadores de cacau da região e que é palco para apresentações de danças típicas, shows musicais e, logicamente, um intenso movimento de venda de chocolates produzidos localmente.

Buka também é famosa por seus coloridos artesanatos, que são vendidos em uma animada feira de rua realizada aos sábados.

Um dos adereços locais mais famosos é o "upe", usado pelos homens na cabeça durante a transição da adolescência para a idade adulta: feito de palha, colorido e imponente, o objeto lembra um vaso de ponta-cabeça e que, de tão importante para cultura local, aparece como figura central na bandeira da região de Bougainville.

Resquícios de guerras

Um tanque da segunda guerra mundial em Papua-Nova Guiné - Getty Images - Getty Images
Um tanque da Segunda Guerra Mundial em Papua-Nova Guiné
Imagem: Getty Images

A região foi palco para intensas batalhas durante a Segunda Guerra Mundial, que opuseram os Aliados a forças militares japonesas.

Nos arredores do vilarejo de Buin, por exemplo, ainda faz parte da paisagem os destroços de um avião nipônico, destruído durante o conflito (a carcaça virou uma das grandes atrações turísticas do arquipélago).

Já na área da baía chamada Empress Augusta Bay ocorreu, em 1943, uma batalha naval entre os Aliados e os japoneses. E destroços de tanques e outros equipamentos de guerra também podem ser vistos aqui e ali.

Mas há um conflito recente que marca profundamente Bougainville: entre os anos 1980 e 90, o arquipélago foi palco de uma guerra civil causada, entre outras razões, pela tentativa do grupo armado Bougainville Revolutionary Army de conseguir a independência da região (que abriga importantes reservas de cobre).

Calcula-se que até 20 mil pessoas tenham morrido durante a guerra, que terminou oficialmente com um acordo de paz selado entre rebeldes e o governo da Papua Nova Guiné.

Como chegar e circular

Uma das maneiras mais práticas de ir até Bougainville é com voos que pousam no aeroporto da cidade de Buka, que faz parte da região.

Os aviões vêm desde Port Moresby, capital e principal centro urbano da Papua Nova Guiné.

Como Bougainville ainda não tem uma infraestrutura turística desenvolvida, é recomendável contratar uma agência para explorar seus atrativos. A Rotokas Ecotourism é uma das empresas que oferecem este tipo de serviço.