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Museu de Londres muda nome de quadro de 'Bailarinas russas' para ucranianas

Na pintura de Degas, as personagens usam as cores da bandeira da Ucrânia - Divulgação/National Gallery, London
Na pintura de Degas, as personagens usam as cores da bandeira da Ucrânia Imagem: Divulgação/National Gallery, London

da AFP, em Londres

07/04/2022 10h41

O National Gallery de Londres rebatizou um quadro do impressionista Edgar Degas de "Bailarinas russas", como era conhecido até agora, para "Bailarinas ucranianas", informou o museu nesta segunda-feira (4).

A instituição declarou à AFP que "atualizou o nome da pintura para refletir melhor o tema da obra".

Agora intitulado "Bailarinas ucranianas", o quadro do pintor francês (1834-1917) mostra bailarinas com faixas azuis e amarelas nos cabelos, as cores da bandeira ucraniana.

"É quase certo que as bailarinas eram ucranianas e não russas", afirmou o museu em seu site na internet.

"Desde que a Rússia iniciou a guerra na Ucrânia, penso nesta obra e que as bailarinas não são russas, nem nunca foram", escreveu no Instagram em 14 de março Tanya Kolotusha, ucraniana que vive em Londres e pediu ao museu que mude o nome do quadro.

"Os russos se apoderaram de muitos elementos da cultura ucraniana", acrescentou. O National Gallery respondeu no dia seguinte que modificou o título da obra.

"É importante recuperar nosso patrimônio cultural e identificá-lo corretamente", afirmou à AFP Kolotusha nesta segunda-feira, ao denunciar a invasão atual como "um ataque contra a cultura".

Em artigo publicado no final de março no jornal alemão Der Spiegel, a diretora do Instituto ucraniano no Londres, Olesya Khromeychuk, também destacou a posição da cultura na guerra na Ucrânia.

Vladimir Putin "tem um dos maiores exércitos do mundo, mas utiliza também outras armas. A cultura e a história desempenham um papel predominante em seu arsenal", afirmou.

"Por exemplo, cada passo por galerias ou museus em Londres com exposições de arte e cinema da URSS revelam interpretações deliberadamente falsas ou simplesmente preguiçosas que apresentam a região como uma Rússia infinita, como o atual presidente russo gostaria de vê-la", acrescentou.