Histórias do Mar

Histórias do Mar

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Reportagem

Popeye existiu na vida real? Pesquisadores garantem que sim

Em 1929, o cartunista americano Elzie Segar decidiu criar um novo personagem para as histórias em quadrinhos que publicava nos grandes jornais dos Estados Unidos: um marinheiro encrenqueiro, dono de uma força excepcional, mas com coração mole e uma profunda paixão por uma namorada magricela, que ele vivia protegendo, à base de muitos socos e confusões. Seu nome: Marinheiro Popeye.

O personagem logo virou um estrondoso sucesso, especialmente entre as crianças, que passaram a copiá-lo, comendo doses cavalares de espinafre, principal combustível do personagem para ganhar força descomunal.

Por conta disso, o consumo do vegetal nos Estados Unidos cresceu 30% e fez o espinafre se tornar o terceiro alimento mais consumido pelas crianças americanas, além de se tornar sinônimo de alimentação saudável — até hoje, a marca de espinafre em lata mais vendida nos Estados Unidos leva o nome Popeye.

Imagem
Imagem: Reprodução

Mais famoso que Mickey Mouse

Quando Segar morreu, de leucemia, nove anos depois, aos 44 anos, a popularidade do seu personagem entre os americanos era maior que a de Mickey Mouse, e isso logo se alastrou mundo afora.

O cartunista virou celebridade e passou a ser convidado para grandes eventos, nos quais era invariavelmente bombardeado com muitas perguntas. A principal delas era se ele havia se inspirado em alguém para criar o famoso personagem.

Segar jamais respondeu claramente, mas sempre deu a entender que "sim".

Mas jamais revelou quem havia servido de fonte de inspiração para o seu marinheiro briguento. E levou o segredo junto consigo para o túmulo.

Continua após a publicidade
Imagem
Imagem: Reprodução

Quem teria sido o inspirador?

Quando isso aconteceu, em 1938, começaram as especulações sobre quem teria sido o verdadeiro Popeye? — de certo, alguém com quem o cartunista tivesse tido estreito contato no passado.

Logo, os primeiros indícios apontaram na direção de um antigo morador da cidade onde Segar crescera, a pequena Chester, no estado americano de Illinois.

Ali vivia um brutamontes descendente de poloneses chamado Frank Fiegel, que se tornara folclórico pelas confusões que arrumava como segurança de uma taverna da cidade — e, também, por se gabar de nunca ter perdido uma boa briga.

Imagem
Imagem: Reprodução
Continua após a publicidade

Seu físico avantajado, o hábito de fumar cachimbo, o rosto embrutecido por um queixo proeminente e os olhos esbugalhados — o que explicaria o curioso nome do personagem Popeye, uma junção das palavras "pop" ("estourar") e "eye" ("olho"), em inglês — bastavam para intimidar os desafetos.

Para completar o cenário, na mesma cidade vivia Dora Paskel, uma mulher alta e muito magra, dona de um pequeno mercado também frequentado por Segar, que sempre prendia o cabelo com um coque na parte de trás - exatamente como a célebre namorada de Popeye, Olívia Palito.

Cidade tem até estátua do personagem

Com base em tantas "coincidências", após a morte de Segar, a Prefeitura de Chester mandar erguer uma estátua com a figura de Popeye, em homenagem ao ilustre ex-morador da cidade, bem como instalar uma lápide na sua sepultura, com o desenho do icônico personagem.

Imagem
Imagem: Reprodução

E assim ficou determinado - pelo menos entre os moradores da cidade — que o verdadeiro Popeye fora inspirado no briguento ex-cidadão de Chester, Frank Fiegel.

Continua após a publicidade

Mas havia dois empecilhos: Fiegel fora um sujeito muito mais inclinado a beber barris de álcool do que comer saudáveis espinafre, e nunca fora marinheiro — embora a cidade fosse banhada por um grande rio.

O inspirador teria sido outro

Foi este segundo detalhe que levou os pesquisadores póstumos da vida do famoso cartunista a buscar o autêntico Popeye em outra cidade dos Estados Unidos: a costeira Santa Monica, na Califórnia, aonde Segar passou a morar, quando saiu de sua terra natal.

Ali, os pesquisadores descobriram que, durante seus passeios frequentes pelo píer da cidade, Elzie Segar conhecera um marinheiro norueguês chamado Olaf Olsen, de quem se tornara amigo.

Imagem
Imagem: Reprodução

Tal qual Frank Fiegel, Olaf também era uma figura um tanto bruta, com bíceps avantajados e temperamento tão salgado quanto o mar no qual conduzia rebocadores para o porto, e estava sempre com um cachimbo na boca, o que o obrigava a falar com os lábios tortos, exatamente como Popeye fazia nos desenhos animados.

Continua após a publicidade

Portanto, também um protótipo perfeito para o personagem, embora Olaf tampouco consumisse espinafre aos montes, embora isso possa ter sido um subterfúgio do cartunista para um de seus vícios preferidos: o consumo de maconha.

Qual dos dois?

Mas, afinal, qual daqueles dois brutamontes teria sido a verdadeira inspiração de Popeye?

O mais provável é que tenham sido ambos.

Da mistura do rude marinheiro norueguês com o briguento segurança polonês teria nascido um dos mais famosos protagonistas de histórias em quadrinhos e desenhos animados de todos os tempos, o célebre Marinheiro Popeye.

Que, de certa forma, existiu de fato.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

Só para assinantes