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VAR torna vida dos árbitros mais justa, diz diretor de arbitragem da Fifa

O italiano Massimo Busacca, chefe de arbitragem da Fifa - REUTERS/Brian Homewood
O italiano Massimo Busacca, chefe de arbitragem da Fifa Imagem: REUTERS/Brian Homewood

20/04/2018 12h00

Por Brian Homewood

FLORENÇA, Itália (Reuters) - Massimo Busacca ainda se lembra de suas noites em claro. O diretor de arbitragem da Fifa foi árbitro por 15 anos e ainda recorda quanto sofrimento e auto-questionamento estes profissionais enfrentam depois de um desempenho ruim.

"Para entender o que é a vida de um árbitro, tente ser um uma vez", disse o suíço em entrevista à Reuters. "Tente, só para ver o que significa cometer um erro sério e ser assassinado pela mídia no dia seguinte".

"Só eu sei quantas horas passei olhando para o teto, sem dormir, por causa do meu erro...e sei que uma única decisão pode mudar sua vida", acrescentou.

Busacca disse que "um jogador pode ser muito ruim durante 89 minutos, aí ele marca um gol e de repente é um herói. Um árbitro pode ser o melhor do mundo durante 89 minutos, aí comete um erro e é assassinado".

Para Busacca, o árbitro de vídeo (VAR) que será usado na Copa do Mundo deste ano na Rússia para auxiliar os árbitros é uma rede de segurança mais que necessária que pode acabar com o purgatório dos juízes.

"Peço que nos deixem usar o VAR nestes momentos", disse ele à Reuters na lateral de um campo de treinamento de árbitros europeus e africanos que apitarão partidas na Rússia. "Nossas carreiras e nossas vidas têm que mudar, têm que ser mais justas".

Busacca, cuja própria carreira incluiu duas Copas do Mundo e uma final de Liga dos Campeões, lembra-se de apitar uma partida "importante" da Champions na qual houve um lance para expulsão, mas sem que tivesse certeza de qual jogador cometeu a falta.

Ele não tinha o VAR para ajudá-lo, então recorreu ao que lhe pareceu a melhor opção -- e consultou os jogadores envolvidos.

"Eu disse 'por favor, me digam quem cometeu a falta porque senão pode ser meu último jogo'", contou. "Os jogadores foram muito justos...um deles admitiu e dei o cartão vermelho".

Busacca disse que, sem o VAR, os jogadores descobrem rapidamente o que os replays da televisão mostram, enquanto o árbitro continua no escuro.

"Os jogadores recebem informação de fora do campo. Membros da equipe assistem à partida em um iPad, ou o técnico recebe um SMS", disse.

Com o sistema VAR, um árbitro treinado com acesso a um monitor de vídeo, e em comunicação constante com a principal autoridade da partida, verifica decisões que podem decidir o rumo do jogo.

Uma das queixas mais frequentes é que incidentes demais estão sendo revistos, mas Busacca disse que a última coisa que um árbitro quer é consultar o VAR.

"Como qualquer pessoa, os árbitros não gostam de saber que cometeram um erro".