MP da Espanha abre ação contra Rubiales por agressão sexual e coerção

O Ministério Público da Espanha abriu, nesta sexta-feira, uma ação contra Luis Rubiales, presidente afastado da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) por agressão sexual e coerção. O motivo foi o beijo dado pelo dirigente na atacante Jenni Hermoso durante a celebração do título da seleção na Copa do Mundo, em agosto.

Na última terça-feira, a jogadora se reuniu com representantes do MP e formalizou uma denúncia contra Rubiales, que abriu o caminho para o caso ser levado à esfera criminal.

A acusação de coerção se junta à de agressão sexual pela conduta de Rubiales após o beijo. De acordo com os promotores espanhóis, Hermoso relatou ter sido pressionada a falar em defesa do presidente assim que a imagem do episódio começou a correr o mundo, minutos depois da conquista do Mundial.

O MP pediu que o dirigente compareça perante um tribunal para prestar depoimento preliminar. Se o juiz concordar, será conduzida uma investigação formal que terminará com uma recomendação para que o caso seja arquivado ou vá a julgamento.

Até então, havia dificuldade em levar a questão aos tribunais, uma vez que o artigo 191.1 do Código Penal da Espanha determina que a atuação em casos de agressão sexual só pode ocorrer quando a denúncia vem da própria vítima ou de um representante legal. O MP só costuma dar o pontapé inicial em casos nos quais as vítimas são menores ou possuam algum tipo de deficiência.

Com a denúncia de Hermoso e ação do MP, de acordo com uma nova lei sobre consentimento sexual aprovada no ano passado, o dirigente poderá enfrentar uma multa ou uma pena de prisão de um a quatro anos se for considerado culpado.

O caso

Na esfera esportiva, Rubiales foi afastado por 90 dias pela Fifa, enquanto uma investigação interna é conduzida pela entidade. Era esperado que o dirigente renunciasse, mas, em assembleia geral extraordinária da RFEF, ele garantiu que não entregaria o cargo, disse ser vítima de perseguição e defendeu-se dizendo que o beijo foi consentido.

Hermoso o rebateu e afirmou que não houve consentimento. A atacante e as demais companheiras de seleção comunicaram que não defenderão mais a Espanha enquanto "os atuais dirigentes continuarem no poder".

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Com o presidente titular afastado, a federação vem sendo comandada interinamente por Pedro Rocha, que promoveu mudanças, inclusive no comando da seleção feminina. Ele demitiu o treinador Jorge Vilda, que tinha problemas de relacionamento com as jogadoras e foi visto aplaudindo Rubiales na assembleia, para entregar o cargo à auxiliar Montse Tomé, primeira mulher a treinar a equipe nacional.

Na última segunda-feira, os jogadores da seleção espanhola masculina se posicionarem contra Luis Rubiales. Primeiro capitão da equipe, Morata sentou-se na sala de imprensa ao lado de Rodri, Azpilicueta e Asensio, seus sucessores na hierarquia da faixa, e leu um comunicado no qual o comportamento do dirigente é classificado como "inaceitável".

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