Abner e Parazinho perdem luta contra comissão técnica e são prata no Pan

De um lado, dois boxeadores que queriam voltar ao ringue, mesmo contundidos, para tentar a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos. Do outro, a comissão técnica da seleção brasileira, em quem confiam, segundo costumam dizer, cegamente. Venceram os técnicos, e o Brasil ficou com duas medalhas de prata.

Tanto Michael Douglas Trindade, o Parazinho, quanto Abner Teixeira lutaram machucados as semifinais, ontem (26), valendo vaga olímpica. Classificar o máximo numero de atletas para Paris-2024 era o objetivo máximo da comissão técnica, e foi superado com folga. A meta eram seis vagas, e vieram nove.

Agora que Paris é o foco, a comissão entendeu que não havia por que submeter ambos ao risco de agravar a lesão na final. Abner, que tem uma lesão no ligamento do joelho direito, fez o que pôde para convencer o técnico Mateus Alves, mas não conseguiu.

"Teve uma conversa longa quando a gente chegou no hotel. Batalhei para poder lutar hoje até o último momento que pude. É uma luta que não é nada de outro mundo, uma luta que já ganhei, dava para ganhar de novo. Entendo o lado do Mateus e da comissão, entendo que cada luta até os Jogos Olímpicos vai ser estratégica. Perdi essa luta por conta da comissão técnica. Mas confio neles totalmente. Se eles passaram por isso é porque eu confio neles. Agora é focar nas outras competições. Em janeiro a gente já tá viajando, e competindo em fevereiro", disse.

A lesão aconteceu há dois meses, em um camping na Itália, em um sparring contra um boxeador da Argélia. Abner chegou a andar de muletas, se consultou com médicos especialistas em joelho, até que a área médica da CBBoxe decidiu que era possível um tratamento conservador. Ele não vai precisar passar por cirurgia e continuará lutando, tomando todas as precauções possíveis. Entre elas, não lutar a final do Pan.

"Não vou lutar em qualquer campeonato, não vou lutar em qualquer luta. Sempre vai ter aquela possibilidade de me lesionar de novo mais seriamente. Mas é isso, agora é aceitar, engolir essa. Estou respondendo bem ao tratamento, porém não faz milagre. Não dá para descuidar, fazer qualquer coisa, sair treinando de qualquer jeito. Cada passo que a gente dá, cada luta que a gente faz, cada treino que a gente faz tem que ser muito bem pensado. Foi esse o ponto que a comissão me apresentou que me fez entender a decisão de hoje", continuou.

Já Parazinho tem uma lesão antiga no cotovelo, que voltou a incomodar durante o Pan, Ele lutou a semifinal de ontem no sacrifício, venceu, e conseguiu uma inesperada vaga para Paris. O boxeador preferiu não dar entrevistas na manhã desta sexta-feira em Santiago, ainda chateado com o corte. Entendia que poderia vencer o dominicano Yunior Reyes na decisão do ouro, à tarde.

Retirar os dois da final é uma decisão ousada também do ponto de vista financeiro. O COB premia com mais recursos as confederações que conquistarem cinco ou mais medalhas de ouro no Pan. O boxe por enquanto tem uma, com Bia Ferreira, em duas finais. Até o fim do dia, faz mais cinco. É bastante improvável vencer quatro para chegar ao quinto ouro. Segundo a direção da entidade, a prioridade é a saúde dos atletas, e os Jogos de Paris.

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