Globo celebra possível "fico" da F1 e vê vitória de sua tradição em impasse

A retomada das negociações para uma renovação de contrato de transmissão da Fórmula 1 está sendo comemorada internamente no Grupo Globo. O negócio é visto como iminente, e a conversa é direto com a Liberty Media, dona da principal categoria do automobilismo, agora sem intermédio da Rio Motorsports. Para a emissora, o fato é visto como uma vitória de seu modelo de negócio que está em vigor há 39 anos - a categoria é 'global' desde 1981.

Segundo apurou o UOL Esporte, a Globo se vê em posição muito favorável para pagar um contrato bem mais em conta e reduzir custos, além de manter um faturamento alto com possíveis anunciantes, que podem se manter na categoria em um ano de retomada econômica após o pico da pandemia do coronavírus. Inclusive, os anunciantes foram determinantes para que essa reaproximação entre as partes acontecesse.

A Liberty não queria que a F1 ficasse escondida, como poderia acontecer se a Rio Motorsports fechasse com a TV Cultura - a TV pública de São Paulo não tem grande penetração em capitais e sua média-dia está na casa do 1 ponto de Ibope na capital paulista, algo que inibe patrocinadores. Um passo para isso foi a saída da Rio Motorspots, que não tem mais os direitos de negociação da categoria no Brasil.

Falando na emissora pública, a Cultura manifestou à reportagem na quarta-feira que encerrou as negociações com a empresa carioca para comprar os direitos nacionais categoria, o que deixa o caminho livre para a permanência da Globo. A história, para quem acompanha os bastidores, é repetida e lembra algo que aconteceu meses atrás.

Em agosto, a Rio Motorsports comprou os direitos da MotoGP e os vendeu para o Fox Sports. Porém, o conglomerado americano descobriu que o valor pago não era repassado pela empresa para a MotoGP, o que quase fez com que as corridas deixassem de ser transmitidas no território brasileiro.

Para resolver o impasse, a Disney entrou em contato com a Dorna, promotora e dona da categoria, e fechou um contrato de seis anos, mas desta vez sem intermédio da Rio Motorsports.

Agora, caso perca os direitos, a Rio Motorsports praticamente "morre", por que perde seu principal ativo, considerando que o autódromo de Deodoro, no Rio de Janeiro, dificilmente sairá, e a F1 negocia com São Paulo a manutenção contratual do Grande Prêmio do Brasil por mais cinco anos.

Para a Globo, a situação ficou inviável por causa de Chase Carey. Executivo da Liberty e o nome forte da F1 até dezembro deste ano, quando será substituído, ele queria mudar a configuração do modelo de negócio no Brasil.

Foi o executivo quem conversou com a Rio Motorsports para a mudança dos direitos e da troca de cidade do GP do Brasil. Carey, inclusive, fez lobby para que o governo fluminense concedesse as licenças para a construção do autódromo, em uma carta, algo que não se concretizou.

Com o caminho livre, a Globo agora vê a oficialização da manutenção da categoria como uma questão de tempo. Ainda não se tem prazo limite para fechar as conversas, mas o cenário atual está bem animador, pela perspectiva do grupo de comunicação.