O criador de bordões

João Guilherme fala de carreira, broncas e gol de Gabigol: ele previu o título da Libertadores 8 meses antes?

Bernardo Gentile, Taís Vilela e Vanderlei Lima Do UOL, no Rio de Janeiro Tais Vilela/UOL

João Guilherme ganhou um aparelho de rádio de ondas curtas quando garoto. Com ele, viajava de Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, pelo Brasil. Foi o suficiente para descobrir Osmar Santos, em São Paulo, que tornou-se referência para a carreira que o levaria, anos mais tarde, para a televisão.

Consolidado e consagrado, João Guilherme chama atenção por vários motivos. O maior deles, talvez, seja os inúmeros bordões que caíram no gosto popular. Até mesmo quem não curte esporte já deve ter escutado "toca a música", "Para tudo" ou "mas que desagradável".

"Eu acho que o grande segredo do bordão é a espontaneidade, quando ele surge naturalmente. Quem consagra o bordão é o telespectador. Se ele começa a repetir aquilo, se ele começa a falar nas redes sociais, escrever sobre aquilo, você vai percebendo. Muitas vezes, você fala alguma coisa que nem pensou, e as pessoas repetem e vira um bordão", disse João Guilherme em entrevista ao UOL Esporte.

Tais Vilela/UOL

Assista à entrevista de João Guilherme

Ouça à íntegra da conversa com João Guilherme nos podcasts do UOL.

Toca a música e Que desagradável...

"Toca a música" deve ser o bordão mais famoso do narrado. Ele surgiu logo no início da trajetória do Fox Sports e criou uma identidade não só do narrador, mas do próprio canal, fortalecendo a ideia de uma trilha sonora no momento do gol. Ele lembra com detalhes como tudo isso aconteceu.

"Eu estava fazendo um jogo do Campeonato Italiano, início de 2014, um jogo do Torino. Aí, saiu um gol do Torino, que foi anulado. O diretor de TV lá da Itália fechou no jogador que fez o gol. O cara fez o gol e saiu correndo. Então, eu comecei a gritar gol, mas, de repente, o cara parou. Ele abriu e mostrou o bandeira parado, não foi pro meio. Eu falei: 'Opa, opa, opa. Não toca a música porque não saiu o gol. Então, não toca a música'", lembra.

"Três ou quatro minutos depois, o mesmo cara que teve o gol anulado fez o gol. Aí, eu disse: 'Opa, agora, toca a música que valeu o gol'. Terminando a transmissão, o Sidão, o nosso Sidnei Bortotto, trabalha no setor de eventos, virou pra mim e falou assim: 'Pô, isso aí é legal. Toca a música'. Ali, eu falei: 'Opa, chamou a atenção de alguém. Então, é algo que eu tenho que observar com mais carinho'. Passei a fazer isso nos jogos seguintes, já na Copa de 2014 eu usava isso", completa João Guilherme.

Outro bordão eternizado pelo narrador foi o "que desagradável". Esse foi a primeira vez que João Guilherme criou algo que caiu nas graças da torcida. "Esse é mais velhinho, já tem quase 20 anos. Em 2001, eu estava no Mineirão, fazendo um jogo Cruzeiro x Flamengo, pelo SporTV. Chovia no gramado e o Petkovic foi tentar dar um drible num jogador, escorregou e caiu em cima da bola. Foi uma cena engraçada. Aí, saiu. Eu falei: 'Que desagradável'. O Raul Plassmann, que estava do meu lado, comentarista, na época, riu muito. 'Engraçado isso aí, cara'. No dia seguinte, chegando em casa, o meu porteiro virou e falou assim: 'Pô, que desagradável, hein. Legal'. Eu falei: 'Pô, surgiu'. E ficou", afirmou.

Os craques da bola também são fundamentais no processo de criação. É que as grandes jogadas emocionam e fizeram o narrador criar bordões de maneira espontânea. Ronaldinho Gaúcho e Deco, por exemplo, foram fundamentais para que o "Para tudo" fosse eternizado.

"Surgiu num jogo Flamengo x Avaí, Brasileiro de 2011, Ronaldinho Gaúcho deu uma caneta desmoralizante no jogador do Avaí e, na hora, eu narrei assim: 'Para tudo'. Também repercutiu. Um chapéu que o Deco, quando jogava no Fluminense, deu num jogo no Engenhão, também, eu: 'Para tudo'. Pegou. Agora, tem o 'deboche'. Fulano é um deboche. Tá pegando direto. É muito engraçado. É incrível como as coisas vão surgindo", se diverte.

Arquivo pessoal Arquivo pessoal

"Nunca narrei Champions"

Com 31 anos de profissão, posso dizer que eu já fiz quase tudo aquilo que eu tinha vontade de fazer. Claro que sempre faltam algumas coisas. Modalidades olímpicas eu já narrei todas. Então, me sinto realizado nesse aspecto. Nunca narrei um jogo de Champions League. É algo que eu tenho vontade de fazer. De ouvir aquela música, aquela trilha: "Toca a música da Champions!". É algo que eu tenho muita vontade de fazer. Quem sabe um dia

João Guilherme

Bronca em companheiros o envergonha até hoje

Copa do Mundo. O momento mais marcante para os apaixonados por futebol. Mas também o período em que alguns jornalistas mais trabalham na carreira. Com João Guilherme não foi diferente. Em 2018, além de narrar os principais jogos, também mediava uma mesa redonda: Expediente Futebol.

Tudo começou com acalorado debate sobre o choro de Neymar ao final da vitória da seleção brasileira contra a Costa Rica, por 2 a 0. Os debatedores falam um por cima do outro e ninguém entendia completamente nada. João Guilherme, então, tomou uma atitude que o envergonha até hoje: usou seu bordão "para tudo" com um berro para pôr as coisas em seu devido lugar. "Não é muito meu perfil, não. Você vê que eu saí da minha", disse o apresentador.

Ele explica que foi fruto do cansaço de vários dias trabalhando várias horas por conta da Copa do Mundo. A Rússia tem aproximadamente 17h de sol no período em que a competição ocorreu. O pôr do sol ocorria após as 21h30 (horário local) e nascia por volta de 3h45, em média.

"Imagine você ficar 50 dias fora de casa, longe de casa, com saudade, com estresse, porque é uma responsabilidade enorme você ir pra fora do país e estar representando uma das maiores emissoras do mundo numa cobertura de uma Copa do Mundo. Isso tudo vai te acumulando uma tensão. Eu acho que foi isso. Quando a gente saía do estúdio, e ia pra casa, já estava sol, o céu azul. A gente não via noite. Quando entrava estava dia, quando saía estava dia. Então, isso tudo foi acumulando, acumulando, acumulando", explicou.

"Você pode reparar que foi mais no final da Copa, aquilo. Foi meio que uma bomba relógio. Eu estava ali e vi que o pessoal se exaltou. Aí, eu pensei: 'Tenho que fazer alguma coisa pra parar isso aí. Tá saindo do rumo'. Aí, saiu 'Para tudo!'. Sabe que eu olho aquilo e fico com vergonha. Eu não gosto de ver, não. Fugiu do meu estilo. Quem me acompanha no dia a dia sabe. Eu não sou assim. Eu sou um cara mais moderado, mais tranquilo, muitas vezes, controlo as situações ali. Aquilo foi uma explosão, mas acho que tem a ver com esse acúmulo. Mas foi uma doideira", completou.

Rodrigo Coca/Conmebol

O gol de Gabigol, oito meses antes

Você conhecia o lado profeta de João Guilherme? Nem ele! Mas aconteceu e viralizou bastante. Em março de 2019, Gabigol concedeu entrevista ao jornalista Benjamim Back. Aproveitando a presença do craque do Flamengo, João o levou rapidamente ao Expediente Futebol e, no fim da participação, pediram para que ele narrasse ao vivo um gol para o atacante.

"Tem coisas que a gente não consegue explicar. Fizeram o pedido e eu disse que ia narrar um gol na final da Libertadores, o Flamengo sendo campeão. Dia 20 de março, oito meses antes. Contra um time argentino. Narrei com o Boca, só que na verdade foi o River. Eu meu lembro que a narração foi um gol no final, também, uma virada. Então, foi parecido", lembra.

É um negócio de maluco. Eu sei lá o que aconteceu. É incrível. Isso aí é algo que eu tenho impressão de que vai me acompanhar pra sempre porque as pessoas juntam a narração dos gols do Gabigol, na final, linkando com essa narração. Então, é algo, realmente, que vai comigo. Marcou muito, muito, muito".

Apesar de ter viralizado entre os torcedores do Flamengo, Gabigol ainda não tocou no assunto após virar herói com gol do título nos minutos finais. "Não perguntaram pra ele. Não foi feita uma matéria sobre isso, mas, com certeza, ele viu isso. Ele deve ter se lembrado. Eu não sei nem o dizer. Eu acho, também, que é um negócio que não vai acontecer de novo. São aquelas coisas que acontecem quando tem que acontecer", finalizou.

Narrador que grita tem que ser técnico

A comunicação mudou, se transformou. Hoje em dia, existem as redes sociais, o público do videogame, que abrange todas as idades, mas mais a galera mais jovem. Tudo tem o seu público. Depende daquilo que os seus ouvidos curtem. Tem gente que curte uma narração com um tom mais elevado, no grito. Outros preferem uma narração mais moderada. O mais importante é o talento. Fazer com qualidade.

João Guilherme

Tem uns que são mais exaltados, tem uns que são mais moderados, mas a galera é boa. O controle remoto é o mais democrático dos aparelhos. Você clica e fica onde você achar legal. Não me ligo muito no grito. Eu me ligo na parte técnica. Até por ser narrador, identifico quando a narração é feita de maneira correta, técnica. Muitas vezes, ouço uma narração com um volume mais alto, mas que considero boa

João Guilherme

Tais Vilela/UOL Tais Vilela/UOL

Léo Moura e a eliminação ao vivo

Outra situação inusitada ficará para sempre marcado nas histórias de João Guilherme foi uma eliminação ao vivo. Em 2012, o Flamengo precisava vencer o Lanus-ARG no Rio de Janeiro e torcer por um empate entre Emelec-EQU e Olímpia-PAR, adversários da mesma chave, na outra partida. O Rubro-negro triunfou por 3 a 0, com tranquilidade.

Nos acréscimos do jogo em Assunção, as duas equipes faziam o improvável resultado que beneficiava o Flamengo. A torcida no Nilton Santos (o Maracanã estava sendo reformado para a Copa de 2014) já comemorava. Alguns jogadores dentro de campo também. O capitão Léo Moura foi chamado para comentar o gol dos paraguaios que havia acabado de sair e ajudava o Rubro-negro.

"Tomara que o jogo termine logo para a gente garantir essa classificação. Quantos minutos faltam?", perguntou o ídolo do Flamengo. "Estamos com 43 minutos do segundo tempo", respondeu João Guilherme. Como num passe de mágica, o Emelec conseguiu uma cobrança de escanteio e chegou à virada. Léo Moura ainda estava ao vivo. "Gol do Emelec", disse o narrador para o lateral, que deixou o local em seguida sem mais nenhum comentário.

"Era uma outra fase do Flamengo, e faço os jogos dos times cariocas. Eu peguei aquela fase de o Flamengo só ser eliminado, de pagar vexames, e, agora, essa glória eterna, como falam. Aquele jogo foi incrível. Eu me lembro que a gente estava com os dois monitores. Eu narrando os dois jogos, a tela dividida. O Olimpia fez um gol no final, que classificava o Flamengo com aquele empate. O Olimpia empatou aos 44 do segundo tempo. O Luciano Calheiros, o nosso repórter, colocou o fone no Léo Moura, pra ele acompanhar o final da transmissão, com o Flamengo classificado", disse.

Aí, aconteceu o gol do Emelec: "Gol do Emelec!". É outra coisa, também, que entrou pra história. Foi bem no início aqui, do Fox Sports. Eu me lembro que foi a primeira grande repercussão do Fox Sports. A gente, naquele momento, já tinha entrado nas principais operadoras de televisão por assinatura. Foi algo, realmente, impressionante. Você vê, tem os dois lados da história".

Arquivo pessoal

SporTV x Fox Sports

Deixar o SporTV rumo ao Fox Sports não foi uma decisão fácil. João Guilherme, no entanto, saiu da zona de conforto para apostar não só em um novo canal esportivo no Brasil, mas em si próprio. Mais que uma mudança de casa, o novo emprego representava também uma mudança de perfil. Vale dizer que isso tudo ocorreu no fim de 2011, diante de uma realidade diferente da atual.

Na oportunidade, o SporTV era soberano no meio esportivo, com a ESPN mordendo uma parcela pequena — e diferente — da audiência. Com a chegada do Fox Sports, o telespectador passou a ter mais opções. O novo canal chegou com uma postura popular para falar de esporte.

"O grande mérito que o Fox Sports teve nessa sua chegada ao Brasil, na televisão esportiva brasileira, foi trazer uma linguagem popular para TV a cabo. O Fox Sports fala de esportes de uma maneira que todos falam no boteco, na esquina, na pelada com os amigos. A gente tem essa linguagem que o povo usa. O mais alto executivo fala de futebol da mesma forma que a pessoa que tem o emprego mais simples, mais humilde".

Em 2011, quando decidiu trocar o SporTV pelo Fox Sports, João Guilherme era uma das referências na narração no Rio de Janeiro. Sua saída doeu na antiga casa, que não está acostumada a ser trocada. "É um prazer fazer parte desse projeto do Fox Sports, da grande guinada. Mexeu as peças do tabuleiro na televisão brasileira. Foi algo muito marcante, que eu me orgulho muito e levarei pra sempre", finalizou.

7 a 1 foi uma bomba

O 7 a 1 foi uma bomba que decepcionou muito o torcedor em relação à seleção brasileira. Acho que, até o Brasil voltar a conquistar uma Copa do Mundo, essa paixão não vai voltar. Eu não sei nem descrever o que foi aquilo. Foi uma tortura. Com 25 minutos do primeiro tempo, dentro do Brasil, você via que já tinha acabado o jogo. O Brasil estava passando uma vergonha e a gente tendo que narrar aquilo, manter um nível de profissionalismo. Visivelmente, a Alemanha reduziu a marcha em respeito ao Brasil. Era pra ser pior. Foi o pior momento da minha carreira. Um momento histórico que tive a oportunidade de participar, que será sempre lembrado, mas que eu não gostaria de ter vivido

João Guilherme

Alvaro da Costa/Folhapress

A idolatria por Osmar Santos

A paixão pelo rádio foi determinante na vida de João Guilherme. O pai saía de casa para trabalhar e sempre levava um radinho de pilha no ouvido. Com sete anos, ganhou um motorádio, aparelho que funcionava em ondas curtas e permitia escutar programações de outros estados.

"Cresci numa família apaixonada por rádio. Meu pai, minha mãe, minha tia. Sempre ouvindo muito rádio. Naquela época, era um veículo muito presente, mais forte do que a própria televisão. Então, desde pequeno, me encantei por aquela caixinha, as pessoas falando e tocando música. A vontade era entrar lá e fazer aquilo. Deu certo", lembra.

Foi em uma dessas viagens pelas ondas curtas que ele conheceu o trabalho de Osmar Santos, o "Pai da Matéria": "Eu tinha sete anos, comecei a viajar ali por aquelas ondas e o som ia e voltava. Eu ouvia o Osmar e me encantei com a forma dele narrar, como ele transformava aquilo tudo num grande show. Eu falei: 'Poxa vida, um dia eu quero ser igual a esse cara aí'. Claro que não serei, porque ele é único, mas Osmar Santos é o meu grande ídolo".

Osmar foi seu primeiro grande professor. Quando chegou sua hora de decidir, João Guilherme não teve dúvida e ingressou no rádio. Foi ali que aprendeu quase tudo o que sabe ate hoje. Narração, entonação, improviso. Se hoje brilha na televisão muito, se deve à experiência adquirida no início da carreira.

O quase-bancário

Tive pra entrar no setor bancário. Isso no início da minha carreira. Pra ganhar bem mais, até. Fiz prova em grande banco, passei. Uma parte da família dizia: "Você vai seguir uma carreira num banco. Você tem a possibilidade de fazer uma carreira legal". Eu estava balançado pelas dificuldades do início de carreira e pela segurança que eu teria naquele novo emprego. O início não é fácil. Você encontra muitas dificuldades até se estabelecer no mercado. Todo mundo passa por isso

João Guilherme

Foi exatamente nesse período que entra a minha mãe na história. A minha mãe virou pra mim e falou assim: "Meu filho, você tem que fazer o que você gosta. Você vai pra lá, você vai ter um grande emprego e uma grande carreira, mas será que você vai ser feliz?". A palavra dela foi definitiva. Ela falou: "Você tem que fazer o que você gosta. Isso é o mais importante. Faça o que você ama". Aí, eu: "A senhora tá certa. Vou seguir [no rádio]". Eu não tive mais dúvida. Segui. Deu certo, graças a Deus

João Guilherme

Tais Vilela/UOL

Na TV por acaso

Consolidado no rádio, João Guilherme não pensava muito na possibilidade de trabalhar na televisão. Foi em 1997 que uma conversa com Mauro Beting mudou isso. O comentarista o encorajou a fazer um teste para o SporTV. A emissora crescia e precisava de um narrador.

"A televisão surgiu por acaso na minha vida. Estava na Rádio Gazeta, de São Paulo, em 1997, e o Mauro Beting, nosso companheiro querido, me disse o seguinte: 'Você não tem vontade de fazer um teste pra ser narrador de televisão?'. Eu falei: 'Olha, eu nunca pensei nisso, mas acho muito legal. Gostaria de fazer'. Aí, fiz esse teste no SporTV, que na época, só tinha um narrador em São Paulo, que era o nosso saudoso Deva Pascovicci. Os eventos estavam crescendo e o Deva narrava cinco, seis eventos por dia. Precisava de alguém pra ajudá-lo", lembra.

Se Osmar Santos foi a grande referência no rádio, João Guilherme também teve quem se inspirar para entrar no mundo da telinha. "Entrei e comecei a minha trajetória na televisão, tendo, também, como referências Luciano do Valle, o mais completo narrador que já existiu, narrava de sinuca até futebol americano da mesma forma, com brilhantismo. E o Galvão Bueno. É inquestionável a influência que tem. E tantos outros grandes narradores", disse.

Pedro Martins/MoWa Press

Neymar, o 1º craque sem referência da seleção

Neymar merece um capítulo à parte. Segundo João Guilherme, o principal jogador da seleção brasileira é uma vítima dos craques que deixaram cedo a camisa amarela. Hoje, é Neymar quem passa experiência para os mais novos. Ele, no entanto, não teve essa mesma possibilidade. Quando estreou, as referências já estavam em declínio.

"O Neymar foi o primeiro grande jogador brasileiro que entrou numa seleção brasileira sem ter alguém mais experiente para ampará-lo. Se a gente for pegar a história da seleção brasileira, o Pelé, quando chegou na seleção brasileira, tinha o Didi. Quando o Rivellino chegou, tinha o Pelé. Quando o Zico chegou, tinha o Rivellino. E por aí vai. Vieram Romário, Ronaldo", disse.

"O Neymar, por causa da ausência de Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo, Kaká, por todos os motivos que a gente sabe, entrou sozinho e não conseguiu resultados em Copa. O Neymar ganhou a Copa das Confederações e ganhou a Olimpíada, mas não conseguiu esses resultados na Copa. Imagine o Neymar na Copa de 2014 com o Kaká ao lado dele. Ou com um Robinho experiente. Ou com um Adriano, desperdício, o próprio Ronaldinho, outro desperdício. Seria diferente. Ficou tudo muito nas costas dele e ele, por tudo o que a gente viu, se perdeu. Mas ainda dá tempo de recuperar", completou.

João Guilherme, por outro lado, entende que Neymar tem seus problemas independentemente dessa questão. "Ele, muitas vezes, colaborou, ao longo dos anos, pra críticas que foram feitas. Ainda bem eu acho que ele tá aprendendo e tá mudando a postura dele, porque ele é um jogador extraordinário, e é muito novo ainda, tem 28 anos. Acho que ele tá dando demonstrações disso. Ele errou e tem sido punido".

Qual é a arma dele pra mudar isso? Jogando bola, que é o que ele melhor sabe fazer. Então, acho que essas pancadas todas serviram pra ele amadurecer. Ele é um cara que tem muito potencial e que pode ajudar muito o clube e a seleção. O PSG, caso a Champions termine nessa temporada, é um sério candidato a ganhar. Acho que aí seria uma volta por cima definitiva na carreira dele. A seleção tem muito a ganhar com ele. Eu acredito que, agora, a fase 'Adulto Ney' renderá frutos".

Arquivo pessoal

Bariátrica, 42 quilos a menos e a fonte da juventude

João Guilherme já apareceu na televisão com uns quilinhos a mais. Porém, a imagem do narrador mudou completamente nos últimos anos. Ele recorreu a uma cirurgia bariátrica e já são 42 quilos a menos. Mais que isso. O narrador diz ter encontrado a fonte da juventude.

"Perdi 42 kg. Hoje, perto dos 50, eu me sinto com 18 anos. Recomendo para as pessoas isso: cuidem-se. Façam aquilo que acharem melhor, que os médicos recomendarem, mas procurem a saúde. Façam exercício físico, se alimentem bem. A gente vive num mundo de muita informação. É uma vantagem em relação à época dos nossos antepassados. Então, tá tudo aí para as pessoas se cuidarem. Se cuidem, façam atividade física pra viver melhor e viver mais tempo", disse.

A procura por uma vida mais saudável ocorreu depois da Copa de 2018. Exames apontaram que o sobrepeso estava influenciando sua saúde. "Na época, eu estava com 46 pra 47 anos. Ainda por ser novo, eu não tinha efeitos tão graves no meu dia a dia, mas a minha cardiologista me alertou: 'Olha, você ainda está bem, mas tá acontecendo isso aqui, isso aqui, isso aqui. Daqui a algum tempo, você pode ter problemas. Eu te aconselho a fazer uma mudança no seu estilo de vida, perder peso, pra que você elimine esses problemas da sua vida e siga um caminho com saúde'. Foi isso que eu fiz. Então, esse alerta foi muito importante. Um check-up de rotina, mas que, depois, naquele ano, mostrou resultados que, realmente, eram preocupantes. Depois, valeu a pena. Os exames estão ótimos, graças a Deus".

O momento de parar

É difícil saber a hora que você vai parar. Depende muito de como você está, se está produzindo bem. É importante resguardar o nome construído ao longo dos anos. Parar no momento que você esteja bem é algo inteligente, no meu modo de ver. Eu pretendo fazer isso, mas tem várias coisas envolvidas

João Guilherme

Sessenta anos? Doze anos pela frente? Vamos ver. Até lá passa rápido. Eu acho que com 60 anos ainda é uma idade nova pra narrar, dependendo de como você estiver se cuidando. A experiência ajuda muito na narração. Eu peço sabedoria pra identificar esse momento: "João, já deu. Para e faz outra coisa"

João Guilherme

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