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Estados Unidos vencem com tranquilidade e Brasil fica com a prata no vôlei

Beatriz Cesarini e Felipe Pereira

Do UOL, em Tóquio

08/08/2021 03h01

A seleção feminina de vôlei dos Estados Unidos venceu com tranquilidade o Brasil neste domingo (8), na Arena Ariake, na final dos Jogos Olímpicos de Tóquio. As americanas venceram pelo placar de 3 sets a 0, com parciais 25/21, 25/20 e 25/14. Essa foi a primeira vez que as adversárias venceram as brasileiras em uma final olímpica e também foi o primeiro ouro dos EUA no vôlei feminino.

Para a seleção brasileira, foi a quinta medalha em uma edição de Jogos Olímpicos. Foi também a primeira vez que o time brasileiro ficou com a prata. Além do pódio de hoje, o Brasil tem dois ouros, em Pequim-2008 e Londres-2012, e dois bronzes.

O destaque da partida foi a americana Michelle Bartsch-Hackley , que terminou com 14 pontos. Do lado brasileiro, a maior pontuadora foi Gabi com 10 pontos.

A vitória tranquila dos Estados Unidos foi justa. As americanas fizeram um jogo quase perfeito em todos os quesitos e mereceram a conquista do primeiro ouro olímpico do vôlei femino do país. Ao final do jogo, Gabi admitiu a superioridade das adversárias.

Primeiro parabenizar os Estados Unidos pela partida que fez e a gente sabia que se não começasse pressionando ia ser muito difícil pra gente", ela disse. "Hoje, taticamente, a gente não conseguiu fazer nosso jogo. O jogo realmente se distanciou para a gente, a gente tentou buscar e não conseguiu", acrescentou.

O jogo

No primeiro set, a seleção brasileira começou nervosa e as americanas logo abriram uma boa vantagem no placar. O Brasil encontrou muita dificuldade para concluir os ataques, com os Estados Unidos tendo um ótimo desempenho defensivo. Por causa da dificuldade brasileira, três dos quatro primeiros pontos da seleção no primeiro set foram de erros das americanas.

Apesar dos problemas, o Brasil foi entrando no jogo aos poucos, tentando não perder a equipe adversária de vista no placar. Na primeira parcial, as duas equipes exploraram suas principais qualidades, tentando aproveitar os erros das adversárias.

Na metade final do 1º set, as americanas passaram a sacar com alta qualidade, principalmente explorando a recepção de Fernanda Garay, e dificultaram muito o passe das brasileiras. O Brasil tentou buscar a virada, mas as americanas fecharam o set em 25/21.

2º set

O Brasil começou bem o segundo set, abrindo boa vantagem. Os Estados Unidos, no entanto, tiveram uma sequência positiva de Bartsch no ataque e conseguiram quatro pontos seguidos para virar o jogo.

O técnico Zé Roberto resolveu mudar a formação em quadra e colocou Natália, o que melhorou o desempenho do time brasileiro. A ponteira passou ser a principal atacante da equipe. A seleção, no entanto, se desconcentrou de novo e deixou os Estados Unidos abrirem vantagem de sete pontos no segundo set.

O Brasil voltou a melhorar com a entrada da levantadora Roberta e chegou a se aproximar do placar mas, mais uma vez, as americanas fecharam a parcial a seu favor com o placar de 25/20.

3º set

Na parcial final, os Estados Unidos mantiveram a intensidade na atuação. Jogando com calma e muita qualidade, em um cenário desfavorável para a seleção verde e amarela: as brasileiras atuavam com nervosismo, cometendo muitos erros e deixando as americanas se desgarrarem do placar para fechar sem susto em 25/14.

Sentimento de orgulho

Apesar da derrota na final, Natália e Fernanda Garay afirmaram que estão orgulhosas do grupo da seleção feminina que, no início da competição, não eram apontadas como favoritas à final após ciclo olímpico complicado.

"Tô muito orgulhosa de tudo que a gente fez até aqui. Elas tiveram mais adversidades durante a campanha, a gente conseguiu se impor em mais jogos, saindo de mais momentos de dificuldades. Talvez isso nesse momento tenham fortalecido elas mais", disse Garay em entrevista à TV Globo. Garay, inclusive, confirmou que esse foi último jogo dela com a camisa da seleção feminina.

"É péssimo porque a gente não conseguiu vencer. Foi muito bom estar aqui com esse grupo todo esse tempo. Curti cada momento com essas gurias, tenho muito orgulho delas.

Natália também elogiou a equipe e falou sobre o quanto o time "lutou muito" para chegar até ali.

"Chegamos na final sem perder, tinham vários países que eram favoritos. A gente veio como quinto ou sexto nessa lista. Chegar na final é motivo de orgulho para o nosso grupo", disse.

Brait e Garay anunciam aposentadoria da seleção

Após o jogo, as veteranas Camila Brait e Fernanda Garay anunciaram que não vão mais atuar com a camisa da seleção brasileira. Garay, que jogou em altíssimo nível durante todo o campeonato, afirmou que vai se dedicar à família.

"Encerro essa jornada com a seleção muito orgulhosa do que eu fiz, muito feliz. Eu fiquei feliz pelo carinho que recebemos aqui. Chegamos aqui após tanta tristeza pela pandemia. Demos alegria aos brasileiros e recebemos todo esse carinho", ela disse, acrescentando que não joga mais na próxima temporada. "Vou ter um tempo para mim", afirmou a jogadora de 35 anos.

A líbero brasileira, Camila Brait, também afirmou que não volta a entrar em quadra com a camisa da seleção e que, dessa vez, a decisão é definitiva. Depois de tantos anos de carreira, essa foi a primeira Olimpíada de Brait, que disse ter "realizado um sonho" e que agora é hora de pensar em outros planos.

"Todo mundo que esta perto de mim sabe que meu maior sonho era disputar a Olimpíada, agora realizei esse sonho e estou muito feliz. Agora posso ficar tranquila".