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Chegando à França, Bernardinho tem ex-auxiliares para pedir dicas do país

Bernardo Rezende vai morar na França, para levar o vôlei do país aos Jogos de Paris-2024 - Tom Pennington/Getty Images
Bernardo Rezende vai morar na França, para levar o vôlei do país aos Jogos de Paris-2024 Imagem: Tom Pennington/Getty Images

Denise Mirás

Colaboração para o UOL, de São Paulo

06/08/2021 04h00

Bernardo Rezende assume a seleção masculina de vôlei da França como técnico escolhido para comandar a equipe em casa, nas Olimpíadas de Paris-2024. Vai ocupar o lugar de Laurent Tillie, que esteve à frente dos franceses nestas Olimpíadas já sabendo de seu substituto. Nem por isso, com certeza, fez corpo mole - pelo contrário: até peixinho deu, no tie-break da vitória sobre a Polônia, pelos Jogos de Tóquio-2020. E Tillie ainda está na final contra a Rússia, neste sábado (7). Tem chance de entregar a seleção com a medalha de ouro, para o brasileiro que irá assumir o grupo.

Bernardinho jogou em Moscou-1980, chegando à prata em Los Angeles-1984. No comando de seleções brasileiras principais, tem dois bronzes com a feminina, em Atlanta-1996 e Sydney-2000, mais duas pratas e dois ouros com a masculina, em Pequim-2008 e Londres-2012, chegando ao título em Atenas-2004 e Rio-2016. Acabam os Jogos de Tóquio-2020 e em setembro já comanda a França no Europeu.

Parênteses aqui, para dar crédito a uma mulher: a "culpa" por Bernardinho ter se voltado para a carreira de técnico foi de Dulce Thompson, que também foi jogadora da seleção adulta. Ela estava no Perugia, da Itália, quando teve o insight de indicar o brasileiro para "ressuscitar" a equipe. E convenceu Bernardinho, que em Seul-1988 tinha sido auxiliar de Bebeto de Freitas. Circulava com uma pastinha recheada de folhas de papel minuciosamente preenchidas com estatísticas escritas à mão.

Bernardinho ficou pela Itália entre 1990 e 1992, antes de ser reconhecido globalmente como técnico das seleções brasileiras.

Anos de experiência para passar

Agora na França, curiosamente Bernardinho terá dois ex-auxiliares técnicos com muita vivência naquele país, para pedir apoio no mundo do vôlei. Ou mesmo dicas da vida cotidiana.

Um deles é Marcelo Fronckowiak, que deixou o Lubin, da Polônia, pelo Tours VB, mas antes esteve no Tourcoing LM (entre 2004-2009). Quem acertou com o Tourcoing LM foi Maurício Paes, que voltou de quatro anos no Panasonic Panthers do Japão (depois de oito títulos do Campeonato Francês, onde havia atuado também como jogador). E quem completa a ciranda, indo para o Panthers de Osaka, é Laurent Tillie.

Precursor foi para a Arábia

O primeiro técnico brasileiro convidado para dirigir uma seleção no exterior foi Paulo Sevciuc, depois do espetacular Brasil versus URSS no Maracanã, sob chuva, em 1983. Foi para a Arábia Saudita, onde ficou por dois anos, entre 1983-85. Paulo Russo, como é conhecido, havia introduzido métodos científicos nos treinamentos da seleção que comandou nas Olimpíadas de Moscou-1980, chegando à quinta colocação (a melhor até então do vôlei do país), e que foi base da geração de prata, com Bebeto de Freitas.

Agora, quem está no Oriente Médio há oito anos é Carlos Schwanke, auxiliar de Renan Dal Zotto na seleção olímpica masculina (que concilia com o trabalho no Al-Rayyan do Catar).

Brasileiros na base de vários países

São vários os técnicos brasileiros no Exterior, hoje. Marcos Kwiek foi para a República Dominicana em 2008 e vem dando cada vez mais trabalho a seleções de muito mais tradição. Em Londres-2012, se encontrou com Marco Aurélio Motta, que levava a seleção da Turquia à competição, depois da temporada 2004/2005 no clube Eczacibasi. Motta ficou três anos na seleção feminina turca (que também surpreendeu em Tóquio-2020) e voltou ao clube, que deixou neste ano.

O próprio técnico José Roberto Guimarães, da seleção olímpica feminina, esteve na Turquia. Pelo Fenerbahçe, foi campeão mundial de clubes em 2010 e da Liga das Campeãs Europeias em 2012.

Na Colômbia desde 2017, quem está fazendo trabalho desde a base (como fez Kwiek com as dominicanas) é Antônio Rizola, que levou a seleção feminina do país a uma façanha: no Pan de Lima-2019, eliminou as brasileiras na semifinal e ficou com a prata na decisão, vencida pelas dominicanas de Kwiek.

Nestes Jogos de Tóquio-2020, o Brasil teve também Luizomar de Moura, técnico convidado para dirigir a seleção feminina do Quênia. Mesmo com condições precárias de treinamento, bancadas pela Federação Internacional de Voleibol (FIVB), foram três meses de trabalho conjunto com sua comissão técnica do time de Osasco.

Também por curiosidade, Zé Roberto, Marcos e Luizomar caíram no mesmo grupo, em Tóquio-2020. E o Brasil segue na disputa: venceu a Coreia do Sul nesta sexta-feira (6), por vaga por em mais uma final olímpica.