Recomeços

Ouro em 2016 e bronze em 2021, Thiago Braz fala do abandono dos pais e da perda de um amigo entre Olimpíadas

Thiago Braz Em depoimento para Demétrio Vecchioli, Fernanda Schimidt e Karla Torralba, do UOL, em São Paulo Lucas Lima/UOL

O projeto Minha História, do UOL, começou em 2018 para que grandes nomes do esporte nacional contem, em suas palavras, o que viveram para chegar ao topo. A um ano dos Jogos Olímpicos de Tóquio, o convidado a abrir a segunda temporada foi o campeão olímpico do salto com vara, Thiago Braz. Em um relato sincero sobre relacionamentos, como o que está reconstruindo com seus pais, e amizades, como as com o saltador Augusto Dutra, o treinador Elson Miranda e o fisioterapeuta Damiano Viscusi, que morreu em 2017, ele conta o que viveu entre 2016, quando subiu ao Olimpo de forma inesperada, até a reta final de sua preparação para os Jogos de Tóquio.

Hoje, um ano depois da publicação original desse relato, Thiago Braz voltou a surpreender o mundo em uma final olímpica. No Estádio Nacional de Tóquio, o brasileiro, sem nenhum favoritismo, como aconteceu em 2016, conquistou a medalha de bronze no salto com vara. O texto que você vai ler agora segue válido para mostrar o que um atleta olímpico sofre entre duas Olimpíadas.

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Eu pulei 6,03m. Naquele 15 de agosto de 2016, ganhei um nome junto com a medalha de ouro olímpica. Ele foi ecoado por um estádio inteiro, um estádio de futebol! Não dá pra esquecer. É impossível ser a mesma pessoa depois disso. Aquele dia todo mundo falou comigo, me empurrou mesmo. Era como se o meu salto dissesse pra todo mundo: "Prazer, sou o Thiago Braz".

O pessoal começou torcendo para o Renaud Lavillenie, que além de ser o favorito, também era o recordista mundial, na época. No fim, ficaram ao meu favor. Eu nunca tinha passado por uma situação daquelas, de ter uma torcida com milhares a favor, só para mim. Foi uma experiência que nenhum brasileiro terá mais, em uma Olimpíada no Brasil e isso fica na cabeça.

Tudo que veio depois desse dia mexeu comigo. Chovia gente pedindo entrevista, foto, falando da minha vida, acharam até a minha mãe. Depois de me perder um pouco com tantas coisas, até que enfim encontrei um caminho certo para gerenciar tudo isso. Minha carreira passou a ser assessorada pela empresa do pai do Neymar! E aí, sim, eu pude me concentrar apenas nos meus treinos.

Até que tudo mudou. Os resultados depois da Olimpíada não foram tão bons quanto na competição. Até fiquei entre os melhores em 2017 e 2018, mas eu sabia que não era o meu melhor. Até que acordei. Não aconteceu sozinho. Precisei me conhecer melhor, mudar um monte de coisas dentro e fora de mim.

Eu me culpo por ter sido tão imaturo, de não ter conseguido lidar com as expectativas, com as responsabilidades que passei a ter. Em minha defesa, digo com certeza: não é possível alguém dormir anônimo e acordar famoso. Ninguém se prepara para lidar com o que acontece depois de um ouro olímpico.

Eu não soube lidar. Não naquele momento. Mas tive de passar por isso. Aprendi, evoluí e nunca aceitei resultados ruins.

Eu não jogaria fora os meus dois anos no atletismo depois do ouro. Se eu soubesse que seria assim, teria me preparado de forma diferente com o Vitaly Petrov, meu técnico. Não teria me cobrado tanto. Por outro lado, foi só depois de ganhar a medalha no Rio que pude perdoar a minha mãe e meu pai biológicos.

Mesmo sem os melhores resultados, os últimos três anos me fizeram amadurecer. Voltei a conversar com meu amigo Augusto Dutra, que foi a minha inspiração no atletismo, e também resolvi as coisas com meu antigo treinador, o Elson Miranda, com quem tinha parado de treinar no fim de 2014.

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"Perdoem e serão perdoados". Foi lendo a Bíblia que aprendi a necessidade de perdoar. E eu não falo isso da boca para fora, não. Hoje eu leio, pratico... Percebo como Jesus caminhava com todos e deu o exemplo. Isso é bem diferente do que as religiões pensam.

Eu era só uma criança e muita coisa já tinha acontecido. Minha mãe e meu pai são separados e não se davam bem porque cada um pensa de um jeito, então acabavam presos em uns conceitos que já tinham formado dentro de si. Para um entender o outro, é preciso deixar o orgulho um pouco de lado. Mas isso é com eles. Não convivi com nenhum dos dois.

Fui criado pelos meus avós. A minha mãe me deixou um dia e não voltou mais. Eu tinha 3 anos. Eu, teoricamente, até me encontrava com ela a cada 15 dias. Ela ia me visitar, mas depois de um tempo isso parou de acontecer. Meu pai fez a mesma coisa.

Para mim, ela não era a minha mãe. Minha mãe sempre foi a minha avó, Maria do Carmo. E não tinha como ser diferente: foi a minha avó que me assumiu como filho.

É engraçado, porque mesmo a considerando como mãe, ela sempre me ensinou que era a minha avó. Nunca consegui chamar desse jeito: "mãe". Até hoje tenho dificuldade. A mesma coisa com o meu avô.

Eu sentia falta dos meus pais biológicos. Não vou mentir. Como eu era criança, achei que tudo estava bem. Afinal de contas, eu já tinha uma família completa e, para mim, estava perfeito daquele jeito. Até irmão de consideração eu ganhei. Meu tio me apoiava, brigava comigo...

Na minha cabeça, não faltava mais nada.

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Foram oito anos afastado da minha mãe, até que ela me procurou em 2015. E eu a rejeitei.

Não fui um bom filho nessa conversa com ela. Aí fui para a Olimpíada, ganhei. É claro que a mídia foi atrás dela. Acontece que, quando você cutuca alguns traumas, eles voltam. Chega um momento que não dá mais para ignorar o que está guardado aqui dentro, vai pulando na sua frente.

Você acha que está tudo bem, mas não está. De repente, você se torna seco e fechado.

É difícil perdoar em uma situação assim. Na verdade, eu nunca teria perdoado meu pai e minha mãe ou outras pessoas se não tivesse enxergado a essência de Deus em Jesus. Eu decidi parar para escutar a história da minha mãe, e ela merece o perdão. Sei que não posso julgar, e o motivo é simples: eu mesmo vivo errando.

A gente está tentando se reaproximar. Claro que não é a mesma coisa de quando se é criança. Não tem como ter a mesma intimidade. Acredita que ela morava em Marília, na mesma cidade que eu, e eu não sabia? Agora, eu sempre a visito quando estou lá.

Você deve estar pensando: mas e o pai? Também não cresci com ele. Meu pai é pescador, assim como meus avós, mas mora no Mato Grosso. Com ele, tive um pouco mais de contato, mas não era uma coisa de pai e filho. Depois de anos, a gente conversou, ele me falou sobre sonhos, arrependimentos. Disse que queria ter feito parte da minha vida e não fez. Pediu desculpas.

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Conheci o atletismo ainda moleque, aos nove anos, vendo pessoas como o Jadel Gregório competir. Fiquei encantado. Mas pensar nisso como uma profissão estava meio fora de cogitação. Era só olhar para a minha própria casa. Meu tio também sonhava em ser atleta, mas minha avó nunca deixou. Ele teria que sair de casa, mudar de cidade, ficar longe da família. Não julgo por terem falado "não". A vida dos meus avós é muito diferente da minha hoje e da sua também, provavelmente. Eles eram pescadores e nunca saíram de perto da família.

Comigo seria igual. "Não", e pronto. Mas eu não aceitei. No início, eu não tive o apoio dela e passei a negociar. Ela não queria de jeito nenhum. Eu conversava e ela falava "não", tentava de novo e outro "não"... "Não, não, não". Foram meses tentando.

O meu tio não pôde seguir no atletismo, mas conseguiu se formar em mais de uma faculdade. Como ele não seguiu o sonho no esporte, fez o possível para que eu pudesse viver isso. "Não faça com o menino o que fez comigo", ele disse. E funcionou. Foi assim que, mesmo com dor no coração, minha avó permitiu, chorando muito. Somos muito apegados, eu era a companhia dela em casa.

Aos 14, depois de seis meses de insistência, saí de casa. A cena da minha vó chorando no portão, ao me dar tchau, ficou marcada em mim. Doeu muito ver minha vó chorar, mas eu enfrentei meu medo e arrisquei no meu sonho. Fiz as malas e mudei de Marília (SP) para Bragança Paulista (SP), para treinar atletismo em outra cidade.

Minha avó não tinha muita ideia do que era o esporte ou o que aquilo significava para mim. O "sim" dela foi mais pelo meu tio e pela minha insistência. Ela só foi mesmo entender o salto com vara no dia 15 de agosto de 2016, quando ganhei a medalha na Olimpíada do Rio.

Ela não costumava ir às provas, até pela distância. Uma vez a convidei para assistir ao Sul-Americano juvenil (2009). Essa história é engraçada... Ela sentou na arquibancada junto com a minha tia, bem de frente para onde acontecia o salto com vara. Quem acompanha sabe que são várias competições de atletismo ao mesmo tempo. Então, ela estava de frente, não tinha como não ver.

Acabei a prova, fiz o meu melhor resultado e ganhei medalha de bronze. Fui correndo mostrar para ela.

— Ué, mas já aconteceu a prova?

— Já, poxa. Você não me assistiu?

— Ah, eu estava procurando você aqui embaixo.

Embaixo era a pista de aquecimento, ou seja, ela não prestou atenção!

Quando ela percebeu que foi dando certo, até me cobrava para que eu mantivesse o foco, para não estragar meu futuro. Ela viu que valeu a pena me deixar sair de casa, mesmo só tendo conseguido me assistir de verdade na Olimpíada.

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Essa ligação que tenho com a família, com os meus avós, levo também para o esporte. Tanto que eu me preparo melhor para as competições quando tenho as duas coisas: eles por perto e treinamento adequado. Mas não dá para ficar escolhendo, ainda mais no alto rendimento.

No final de 2014, as pessoas começaram a acompanhar um pouco da minha história, a minha decisão de ir para a Itália com apoio da confederação e do Comitê Olímpico. A imprensa contava como o Thiago Braz ia chegar para a Olimpíada, o Comitê Olímpico apostando em medalha.

Mesmo com o apoio do Comitê Olímpico e da confederação de atletismo, os reais viravam euros, e não sobrava nada. Éramos a Aninha e eu, num apartamento pequeno, tomando banho de canequinha. Ana é a minha mulher. Somos muito unidos. É com quem quero viver para sempre e ter filhos. Senti muita falta da minha avó, mas a Aninha estava ali por mim. Vivemos muitas coisas juntos, desde 2012. O Vitaly Petrov também estava comigo. Sempre muito rígido e exigente, mas sempre muito parceiro e afetuoso.

Não é mimimi. A gente sabia que não seria fácil morar fora. A Aninha também era atleta, então eu vivia o atletismo 24 horas por dia. Tinha confederação, Comitê Olímpico do Brasil, clube e a Nike, nossa patrocinadora. Eram pessoas que apostavam na gente. Eu não podia desapontar ninguém.

A real é que eu estava perdido. Tentava saltar mais alto por quem me apoiava, para poder continuar na Itália. Sem dinheiro, eu não teria como me bancar. Isso me tirava o foco, o que obviamente não me ajudava a ter bons resultados.

E, como não podia ser diferente, esse foi um período de altos e baixos. Quebrei a mão, fiz um Pan, em 2015, frustrante... Quando os resultados começaram a não vir, a saudade de casa e da família ficou ainda maior.

A cobrança de quem te apoia com dinheiro começa a vir depois de um tempo. "Esse cara não vai dar resultado?" Não me falavam essas palavras, mas eu sabia que meu futuro como atleta dependia disso.

Até que chegou ao ponto de que não queria mais saber. Queria voltar para o Brasil de qualquer jeito.

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Posso dizer, com firmeza, que só não voltei para o Brasil por causa das pessoas especiais que me apoiam. Meu fisioterapeuta, a Aninha, meu treinador e a família que eu havia deixado no Brasil.

Eu dizia: "quero ir embora".

Ele falava: "não, vamos comer alguma coisa com a gente. Você vai aguentar mais alguns meses."

Ele é o Damiano Viscusi. Nele, encontrei um amigo, alguém que passou a fazer parte da minha vida como se fosse da minha família. A gente se conhecia desde 2010, mas a amizade foi ficando mais forte quando fui morar na Itália. Ele adorava dar conselhos, perguntava como eu estava. Eu precisava daquilo, dessa interação, desse cuidado.

No ambiente em que vivo, se não se cuidar psicologicamente, a gente se perde. A cobrança não vinha só de fora. Eu também me cobrava muito, pensava se tudo aquilo que eu fazia estava valendo a pena.

Nos 30 anos de carreira como fisioterapeuta, ele nunca tinha sido tão próximo de um atleta. Ele se transformou em um irmão, me levou para dentro da própria família. E eu acabei virando uma porta para ele realizar o sonho da medalha olímpica.

Eu ia até a casa dele para conversar, dizer que estava repensando as coisas, que queria desistir: "Não, cara! Vamos. Eu aqui, trabalhando há 40 anos dia e noite..." Isso me dava um respiro, um novo fôlego.

Éramos uma equipe, não só por obrigação. O Damiano estava lá no estádio em 2016, quando saltei os 6,03 m. Olhei para a arquibancada para comemorar, e lá estava ele atrás do Vitaly, comemorando com os braços erguidos. Realizei o sonho dele, foi o meu gesto de agradecimento.

Antes do salto de seis metros, o Vitaly colocou a mão no meu rosto e disse: "você está bem preparado fisicamente, hoje está pronto para saltar seis metros." Ele nunca tinha me falado isso. Então, eu acreditei. "Se ele falou, eu estou bem."

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Depois desse dia, foi tudo tão rápido. O Damiano me ligou para dizer que estava no hospital, em recuperação. Contou como se fosse algo simples. A gente acreditou... afinal, duas semanas antes estávamos comemorando juntos no Rio.

Foi só quando voltamos para a Itália que o Damiano contou tudo. Tinha sido diagnosticado com câncer no pâncreas e escondeu da gente o que estava passando. Ele já sabia que não teria muito tempo de vida — naquele momento, tinha uns cinco meses. E esse prazo acabaria bem no Mundial de Londres, em agosto de 2017.

É desesperador quando alguém começa a definhar do seu lado, e você não pode fazer nada. Foram 15 dias em que ele ficou bem e ativo, mas depois foi piorando. Ele virava a noite vomitando e ficava mal quando eu ia visitá-lo, por estar daquele jeito. O Damiano tentava se esforçar para não mostrar que estava sentindo dor, mas todo mundo sabia que ele estava mal.

Eu também ficava mal. Chegava a ficar quatro dias sem apetite ou ânimo para treinar. Ele queria muito me ver naquele Mundial.

Acabei me machucando pouco antes da competição e não fui. Três dias depois, ele faleceu.

A morte dele mexeu muito comigo. Foi a primeira vez que perdi alguém tão próximo, alguém que eu considerava parte da minha própria família.

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Entrar na casa do Damiano pela primeira vez depois disso foi difícil. Todas as coisas dele ainda estavam lá, a família dele estava sofrendo. Eu também... lembrava de como eram os nossos momentos e pensava como não seriam mais assim. O professor Vitaly se apoiava muito nele. A gente tentou se levantar, mas não conseguimos voltar para como éramos no início.

A morte dele influenciou a minha decisão de vir para o Brasil. Mas eu seria egoísta se falasse que perdi esses dois anos da minha carreira de atleta por causa do falecimento do meu amigo. Teve tudo aquilo que eu comecei a contar ali em cima.

Eu achava que, por ter saltado seis metros na Olimpíada, tinha que continuar saltando sempre os seis metros. Eu não conseguia administrar essas pequenas derrotas. Para completar, a minha avó tinha ficado mal, meu avô com leucemia...

Eu já não estava bem psicologicamente. A morte do Damiano me fez voltar ainda mais rápido para o Brasil. Voltar para ficar. Ou eu conseguia conciliar os treinos aqui no país ou não seria mais atleta.

Meus resultados só foram começar a melhorar de novo em 2018, depois de eu me conhecer melhor e entender o que esperavam de mim. Aquela história de conversar, perdoar, tudo de novo.

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Sentei com o meu treinador, Vitaly, e ele me fez entender que não precisava de toda essa pressão. A carreira é uma linha do tempo, e não é constante. Ninguém continua saltando sempre os tais seis metros depois de chegar a essa marca. Eu levaria um ano para voltar a entregar o mesmo de antes. A diferença é que eu levei dois. Essa conversa acalmou as minhas frustrações. Ele sabe como recuperar um atleta.

O passo seguinte foi voltar a ter uma relação de cumplicidade com o meu primeiro treinador, o Elson Miranda. Eu dei o primeiro passo e pedi para o Elson ser meu técnico novamente. Não foi uma conversa fácil, mas foi uma conversa aberta. Eu amadureci bastante, ele também. Ele entendeu que algumas situações aconteceram por falta de comunicação e divergências de opiniões. Agora, tudo ficou muito claro, tanto que voltei para a Itália e o Elson me acompanhou.

Mas eu sentia que ainda faltava algo, um perdão para que as coisas pudessem mudar de verdade. Faltava o Augusto. Eu já queria falar com ele antes, na época ouvia dizer muitas coisas que ele falava sobre mim e eu não entendia. Até porque nunca fiz nada contra ele. Tinha perdido a amizade de um amigo muito próximo por bobagem e isso não fazia bem.

O Augusto Dutra foi uma inspiração no começo da minha carreira lá em Marília, foi dele que enchi o saco para convencer o treinador a me levar para Bragança. Tínhamos sido parceiros no salto com vara. Éramos colegas. Tinha tentado falar com ele antes, mas sem um bom resultado. Acredito que meu desejo de conversar com ele era tão grande que acabei atraindo isso. Dessa vez, ele tomou a iniciativa. Me chamou para conversar. Quando sentamos, conversamos por umas cinco horas. Pedimos desculpas um para o outro e nos abraçamos.

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Eu estou mais leve. Às vezes, você precisa se encontrar para alcançar os seus objetivos. Nunca relaxei, mas precisei, genuinamente, compreender o meu propósito de saltar. Agora, o meu objetivo vai além de outra medalha. Quero fazer história! Quero criar o meu legado! Sigo aprendendo cada vez mais com o esporte e quero demonstrar isso no que eu faço!

É claro que preciso continuar com resultados e quero dar mais um ouro para o meu treinador e para o povo brasileiro que tanto me apoia. Ele está com 70 e poucos anos e quer terminar a carreira no auge.

E para mim também! Quero ser o único brasileiro na história do salto com vara a ser bicampeão olímpico. É meu sonho e é o que me move. É o que me dá fome de continuar. Quero fazer mais para mim e para o Brasil com o meu esporte.

Tudo que fiz até agora, seja profissionalmente ou pessoalmente, é pelo desejo de saltar o mais alto possível. Aprendi a lidar com a responsabilidade que a medalha me trouxe, e isso tem a ver com legado.

Hoje sei que não vou salvar a pátria. Mas agora eu sei que posso contribuir para o futuro de outras pessoas que sonham em seguir no atletismo. Posso ajudar a mostrar o esporte como um instrumento para que outros atletas cresçam da melhor maneira possível, mais bem preparados. Eu não tive essa oportunidade, e quero que eles tenham.

Vamos combinar, né? Compartilhar a vida sozinho é chato. Fora que não é saudável pensar só em você. O atletismo só agrega na minha vida. Ganhei muita experiência e ganharei muito mais. Minha história não para por aí. Treino e disputo para ser um campeão. Sempre com o mesmo sonho de antes: Saltar o mais alto possível!

Faço isso pelo esporte, pelo meu treinador, pela Ana e pelos meus filhos que virão.

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