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Phelps fala sobre saúde mental e trata quarentena como 'época assustadora'

Michael Phelps é recordista em número de medalhas olímpicas: são 28 em 4 Jogos, sendo 23 de ouro - Fei Maohua/Xinhua
Michael Phelps é recordista em número de medalhas olímpicas: são 28 em 4 Jogos, sendo 23 de ouro Imagem: Fei Maohua/Xinhua

Do UOL, em São Paulo

18/05/2020 19h45

O ex-nadador olímpico Michael Phelps relatou hoje à "ESPN" como tem enfrentado a depressão e como tem se sentido na quarentena. Segundo o americano, essa tem sido "uma das épocas mais assustadoras" que já passou.

"A pandemia foi uma das épocas mais assustadoras que já passei. Tem sido um desafio que eu nunca esperava. Toda a incerteza. Sendo enjaulado em uma casa. E as perguntas. Tantas perguntas. Quando é que isso vai terminar? Como será a vida quando isso acabar? Estou fazendo tudo o que posso para estar seguro? Minha família está segura? Isso me deixa louco. Estou acostumado a viajar, competir, conhecer pessoas. Isso é apenas loucura. Minhas emoções estão por todo o lugar. Eu estou sempre no limite. Eu estou sempre na defensiva."

"Antes das Olimpíadas do Rio de Janeiro de 2016, eu compartilhei meus problemas de saúde mental publicamente pela primeira vez. Não foi fácil admitir que eu não era perfeito. Mas isso tirou um peso enorme das minhas costas. Isso tornou a vida mais fácil. Agora, estou abrindo novamente. Quero que as pessoas saibam que não estão sozinhas. Muitos de nós estão lutando contra nossos demônios da saúde mental agora mais do que nunca."

Phelps acredita que a mídia criou uma narrativa "ignorante" no que diz respeito à sua saúde e doenças mentais, como se houvesse uma cura e em algum momento ele pudesse simplesmente se ver livre da depressão:

"Eu queria que isso fosse verdade. Eu gostaria que fosse assim tão fácil. Mas honestamente - e eu quero dizer isso da maneira mais agradável possível - isso é apenas ignorante. Alguém que não entende o que as pessoas com ansiedade, depressão ou transtorno de estresse pós-traumático lidam não têm ideia".

"A questão é - e as pessoas que vivem com problemas de saúde mental sabem disso - nunca desaparecem. Você tem bons e maus dias. Mas nunca há uma linha de chegada. [...] Mas aqui está a realidade: eu nunca serei "curado". Isso nunca vai desaparecer. É algo que eu tive que aceitar, aprender a lidar com isso e torná-lo uma prioridade na minha vida. E sim, isso é muito mais fácil falar do que fazer."

O ex-atleta também conta que às vezes se sente "absolutamente inútil" e não gostaria de ser ele mesmo. "Às vezes há apenas essa sensação avassaladora de que eu não aguento mais", ele diz.

Por fim, ele termina com uma mensagem de força para os que passam por situação semelhante, afirmando que quer ajudar:

"Eu quero ajudar os outros. E eu quero me responsabilizar. Há uma tonelada de pessoas lutando contra a mesma coisa. Não importa o que você passou, de onde você veio ou o que você quer ser. Nada pode te impedir. Você só precisa aprender os truques que funcionam para você e depois ficar com eles, acreditar neles, para evitar entrar em um ciclo negativo."