'O Corinthians existia antes do Cássio e vai continuar forte', diz goleiro

Cássio se despediu oficialmente do Corinthians no início da tarde deste sábado (18). O goleiro agradeceu o clube paulista, esclareceu os motivos da saída e exaltou sua trajetória de pouco mais de 12 anos.

O que ele falou?

Trajetória. "Venho anunciar o fim do meu ciclo no Corinthians após 12 anos e 5 meses. São muitas lembranças e coisas boas que vivi aqui, sei que pode ser um dia difícil para alguns, mas só de lembrar de tudo que vivi aqui fico feliz. Quando eu cheguei, na minha primeira apresentação tinham quatro ou seis repórteres, hoje a sala está cheia", disse Cassio.

Corinthians vai continuar. "Eu tive uma passagem muito boa na história do Corinthians, o clube existia antes do Cássio e vai continuar forte. Obrigado pela convivência e por tudo que vivemos aqui. Obrigado aos presidentes, treinadores, nação corintiana, funcionários... Só gratidão, por tudo. Eu saio muito tranquilo porque fiz de tudo, me dediquei e abdiquei de muita coisa. Eu saio em paz, tentei fazer meu melhor em prol do Corinthians", acrescentou.

Ameças. "Acho que tudo acontece quando tem que acontecer. Em outro momentos, também fui pressionado. Mesmo em 2020 com a minha família ameaçada, me mantive forte e consegui. Honestamente, depois que desabafei, no dia seguinte eu estava leve. Sou sincero demais às vezes, gosto de ser honesto. acho que tudo aconteceu como deveria acontecer, acredito muito em destino. Para mim está ótimo assim. No último jogo a torcida gritou meu nome e foi ótimo, até peço desculpas para o torcedor que queria ter um contato no final, mas pedi para o presidente que fosse assim, com uma coletiva. Estou super feliz".

Por que saiu do Corinthians? "Eu acho que é uma série de situações. Em alguns, você entende que o ciclo acabou, estou tranquilo quanto a isso. Você olha para trás e vê tudo o que passou, conquistou? Eu, particularmente, tive no começo do ano uma possibilidade de sair e entendi que não era o momento. Agora era a hora de ter um novo desafio na carreira e sair bem, eu tentei fazer o meu melhor. Conversei muito com todo mundo e acho que é legal a gente valorizar a condução de como tudo foi feito, tivemos conversas sinceras com pessoas que querem ajudar o Corinthians".

"Eu não estou saindo do Corinthians porque estou indo para o banco". "O ciclo acaba. Em momento algum eu estou saindo do Corinthians porque estou indo para o banco de reservas. Em 2016, eu fui para o banco também, eu nunca tive problemas com ninguém e fiz de tudo para ajudar o Corinthians. Muitas coisas vocês sabem e outras não, mas tive dedicação e empenho, estou com dever cumprido. Estive com o Corinthians nos momentos mais difíceis, não abdiquei de nenhum momento, acho que o time está muito bem servido de goleiros. Saio feliz e tranquilo".

O que Cássio falaria para ele mesmo quando chegou no Corinthians? "Parabéns, você foi mais longe do que imaginava. Cheguei com desconfiança do meu potencial, mas com a ajuda de todo mundo faz você levantar e se desenvolver. Nos últimos dias, eu tenho pensado muito e refletido sobre a minha carreira, não tenho noção de tudo que consegui aqui no Corinthians, mas estou muito em paz. Com toda tranquilidade eu olho para trás e vejo que fiz o melhor aqui".

Futuro. "Sobre a saída, acho que muitas pessoas entendem e não entendem. Não é a primeira vez que recebo propostas. Mais para frente vou falar para onde eu vou, não é o momento. Esse é o momento de falar sobre o Corinthians. [...] Não tenho nenhum contrato assinado ainda, meu foco era resolver algumas pendências com o clube e acabamos resolvemos. Tenho certeza que vai ser um momento especial, vai ser uma novidade".

Mais futuro. "Logo devo me apresentar ao novo clube, seguir um novo caminho. Agora é agregar em um novo lugar, geralmente quando os caras chegam no Corinthians, eu falo para eles como funciona tudo no Corinthians, e agora vai ser o inverso. Estou muito motivado e não tenho dúvida que vou me adaptar o mais rápido possível, sei do meu potencial e onde posso chegar, creio que vai ser muito bom"

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A defesa mais marcante. "Quando se fala sobre Cássio e Corinthians, vem na mente o grande defesa do Diego Souza [no jogo contra o Vasco em 2012]. Foi um título que a nação corinthians queria muito, a Libertadores foi emblemático na história, foi muito bacana".

Pendências com o Corinthians. "Essa situação foi muito gerida com o presidente e toda diretoria. Isso não iria ser problema. Mas foi tudo bem resolvido, é uma parte que meus empresários cuidam, foi tudo resolvido e feito tranquilamente".

Não está saindo pela gestão. "Tudo que vivi aqui foi de máximo respeito, não tenho que falar nada de ninguém, apenas agradecer. Eu tenho que agradecer muito ao presidente e ao Fabinho [Soldado], pelo profissionalismo. Há pessoas que querem ajudar o Corinthians, fazer uma gestão para o clube prosperar. Uma nova gestão não é fácil e não estou saindo do clube por isso, todos foram legais comigo e cumpriram tudo que conversaram, sempre foram francos. Espero que o Corinthians evolua, cresça, melhore".

Saída pela porta da frente. "Não tenho a menor dúvida que vou sair pela porta da frente, mesmo não jogando até o fim do ano. De repente não é uma situação que as pessoas imaginavam, mas não conseguimos controlar o futuro. Até brinquei com algumas pessoas falando que elas iam sair antes que eu (risos). Tenho muita tranquilidade, olho para toda a minha carreira e o carinho que tenho, saio pela porta da frente, não tive nenhum atrito e foi tudo muito bem conversado".

Os goleiros do Corinthians. "O Miguel é um goleiro que tem muita qualidade, tem jogado bem e tem muito potencial. No meu ponto de vista, ele entra em uma situação de ser titular do Corinthians absoluto, agora é sequência, ele tem muita capacidade. Temos uma amizade muito boa. Quando ele assumiu o gol do Corinthians, eu tentei passar tranquilidade. Ele tem uma história de vida linda de superação.

Corinthians não precisa de goleiros. "Nunca imaginei ficar 12 anos no gol do Corinthians, são momentos, é um dia de cada vez. O Corinthians tem goleiros da base bons e, no meu ponto de vista, o clube não precisa ir atrás de goleiro. Também temos dois excelentes treinadores de goleiros que me ajudaram sempre".

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Aconteceu com Marcos e Rogério Ceni. "Acho que quanto mais tempo no clube, automaticamente isso acontece. Aconteceu com o Giovanelli aqui, com o Marcos no Palmeiras, com o Rogério Ceni no São Paulo. Quanto mais você conquista, a cobrança é maior em cima de você. Nesses últimos anos não conseguimos ganhar títulos e o Corinthians é um clube com muita cobrança, mas entendo que tudo aconteceu como tinha que acontecer. Faz parte. É uma nova gestão com o presidente Augusto, que tem muito potencial em fazer o Corinthians brigar por títulos".

Aposentadoria? "Acho que não me vejo ainda parando de jogar futebol, essa mudança vai prolongar minha carreira, trazer um novo desafio que não conheço. É muito tempo dentro de um clube, é uma situação nova e estou empolgado".

Saúde mental. "Não tenho mágoa nenhuma com a torcida, me proporcionaram muitos momentos emocionantes, saio em paz com todos. O futebol tem críticas, faz parte. As redes sociais tomaram uma proporção grande ultimamente, mas saio grato por tudo e pelo apoio. Um dos momentos mais marcantes foi o mosaico que a torcida fez, era meu sonho. Foi emocionante, eu via os outros ganhando e me perguntava se eu iria ganhar um dia".

Idolatria. "Acho que se eu tivesse noção, não teria construído tudo isso. De repente, quando eu parar de jogar futebol, vou olhar com mais calma o que eu significo. Quando a gente se apega a conquistas, a gente perde um pouco o foco. Claro que sei dos títulos que ganhei, tenho consciência do carinho da torcida, mas tenho os pés no chão. Ainda tenho muito a evoluir na vida, na carreira, tenho muito a conquistar ainda".

Família e Corinthians. "Meus filhos já sabem bem o que é o Corinthians. O Felipe entende mais. Quando estava bem encaminhada essa saída, fiz questão de telefonar para ele e contar. É o meu melhor amigo. Ele ficou pensativo, deu risada e disse: 'Vida que segue, pai. Tudo bem'. Tenho momentos marcantes da minha família com o Corinthians".

Contrato rescindido

O Corinthians informou que rescindiu amigavelmente o contrato com o goleiro de 36 anos. Ele tinha mais sete meses de contrato, já que seu vínculo ia até o final deste ano.

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O clube até tentou segurá-lo, mas pesou o desejo do jogador em buscar novos ares. Ele tem acordo verbal com o Cruzeiro para assinar por três anos, de acordo com o colunista Bruno Andrade.

Cássio chegou ao clube em 2012, o ano mágico. Vindo do PSV, da Holanda, ele fez sua estreia em março, assumiu a titularidade pouco depois, nas oitavas da Libertadores, e terminou o ano campeão do torneio e do mundo. Sua defesa no chute de Diego Souza, no duelo das quartas, está eternizada no imaginário do corintiano, assim como a atuação na final do Mundial contra o Chelsea.

O goleiro foi multicampeão e se tornou ídolo máximo do Corinthians. Ao todo, foram nove títulos com a camisa do clube: Libertadores (2012), Mundial (2012), Paulistão (2013, 2017, 2018 e 2019), Recopa Sul-Americana (2013) e Brasileirão (2015 e 2017).

Ele é o segundo jogador que mais atuou na história do Alvinegro paulista. Foram 712, apenas 94 a menos que Wladimir, recordista.

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