Fla quase jogou na Palestina em 'Torneio da Paz' com Israel e Corinthians

O Flamengo enfrenta hoje (10), 21h30, no Maracanã, pela Libertadores, o Palestino, clube chileno fundado por imigrantes em homenagem à causa palestina. E o que muitos não lembram é que em 2009, por muito pouco, o Rubro-Negro não atuou no próprio território do Oriente Médio, num movimento em conjunto com o Corinthians para promover o "Torneio da Paz", que teria a participação de Israel.

O que aconteceu

Um ano antes, Palestina e Israel viviam um cessar-fogo. Foi então que Itamaraty, Corinthians e Flamengo passaram a construir o projeto.

O jogo chegou a ser marcado para 15 de setembro de 2009, mas acabou não acontecendo porque não se conseguiu viabilizar a logística

Pedro Trengrouse, então assessor da presidência do Flamengo

Luis Paulo Rosenberg, ex-diretor de marketing corintiano, lembra que se reuniu com os embaixadores de Israel e Palestina em Brasília. Inicialmente, seria um jogo único, entre os clubes brasileiros, no estádio Al-Husseini, em Al-Ram. Porém, com o interesse posterior de Israel, ficou definido que o Corinthians, de Ronaldo Fenômeno, enfrentaria a seleção israelense, e o Flamengo, de Adriano Imperador, a seleção palestina.

Corinthians e Flamengo trabalhavam muito sincronizados. Queríamos fazer um gesto de solidariedade internacional. Faríamos um jogo entre Corinthians e Israel, em território israelense, e Flamengo e Palestina, em território palestino. Os vencedores disputariam o troféu Paz no Oriente

Rosenberg

Israel e Palestina, porém, teriam apresentado como condição não se enfrentarem. Algo que o dirigente tratou de amenizar citando as diferenças futebolísticas entre os times.

"Os dois lados acharam a ideia muito boa, mas queriam ter a certeza de que não iriam se enfrentar. Mas aí dissemos que a chance da Palestina ganhar do Flamengo, e Israel ganhar do Corinthians era perto de zero, então disse para ficarem sossegados", brincou Rosenberg

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Brasil no Haiti inspirou

A inspiração do projeto foi o amistoso do Brasil contra a seleção haitiana, no Haiti, em 2004. O fato chegou a ser noticiado no site oficial do Flamengo, com depoimento da então coordenadora geral de intercâmbio e cooperação Esportiva do Itamaraty, Vera Cíntia Álvarez, ainda quando a ideia era o amistoso único.

Cancelamento teve mais de uma justificativa

Os dirigentes só divergem nos motivos do cancelamento do torneio. Pedro Trengrouse, por exemplo, diz que a logística complicada da viagem foi determinante para que a competição amistosa não ocorresse.

"Não tinha avião para ir e voltar a tempo dos compromissos no calendário, com jogo quarta e domingo. Foi um conjunto de fatores, não foi uma coisa isolada. Chegamos a viabilizar uma transmissão também. A Globo se interessou, mas faltou logística. Não dava para ser voo de carreira e aí ficou difícil fazer. Foi mais pelo calendário, mas vontade existia", lembrou Trengrouse.

Rosenberg, porém, cita confrontos entre Israel e Palestina como o principal problema. Segundo o noticiário da época, o cessar-fogo terminou em dezembro de 2008 com mísseis lançados e ataques aéreos. E se intensificou em janeiro de 2009 com batalhas terrestres.

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