Mano critica 'reality show' do futebol e explica abraço em Yuri Alberto

O técnico Mano Menezes criticou o que chama de 'reality show' do futebol e explicou o motivo de ter abraçado Yuri Alberto após substituir o atacante na derrota para o São Bernardo. Minutos antes, ele tinha dado uma bronca no camisa 9 e perguntou se ele era "burro" por ter cometido uma falta de ataque. A repercussão do caso serviu para ele explicar outra polêmica desta semana.

Bronca em Yuri. "A gente não descontextualiza nada, só descontextualiza quem quer fazer tumulto. O jogo é um lugar onde as palavras são fortes, mas a gente se abraça logo depois porque sabe que a cobrança não é pessoal. A atitude pode ter sido burra naquele momento porque é uma falta de ataque, você não pode fazer. Está com um homem a mais. Quando a gente se refere a isso, é sempre a atitude. E quem deu 'meio chutinho' sabe que é assim. Vamos continuar falando para as pessoas do futebol. Se quiser fazer reality show, acho que tem que ir para outra coisa, a gente não faz."

Apoio a camisa 9. "O abraço é porque o Yuri tem se dedicado muito, é um cara que se doa para a equipe e está vivendo um momento de dificuldade. É neste momento que a gente tem que estar ao lado dele. Cobrar duro, mas dar carinho. É assim, faz parte do trabalho do treinador. Nossa equipe precisa construir mais para ele, é um jogador que depende desta construção. Se a gente olhar o jogo em si, o Yuri não errou nada. Com um homem a mais e jogando 90 e poucos minutos, o seu centroavante precisa receber bola em uma condição melhor, e é uma obrigação nossa como equipe."

Assim como no caso de Yuri Alberto, Mano também entende que a polêmica com Cuiabá não era pra ter existido: 'A gente está acostumado com a repercussão da rede social. Você fala 'em' Cuiabá e escrevem 'no' Cuiabá. Era em Cuiabá, e não no Cuiabá. Estava me referindo a um chute de longa distância, por isso usei o termo 'em Cuiabá.' Mas tudo faz parte de uma derrota e tem que aumentar a derrota'

A declaração rolou no meio da semana em uma crítica ao volante Raniele. "O Raniele tentou chutar uma bola em gol, achou que estava lá em Cuiabá. Tentou chutar. Não dá, estamos no Corinthians", disse o treinador na coletiva depois da derrota para o Ituano. O Cuiabá emitiu uma nota de repúdio à declaração do treinador.

O que mais Mano falou na entrevista coletiva?

Atual momento. "Realmente, estamos em um processo de construção, porque é praticamente um time novo na íntegra. Temos dois, três ou quatro remanescentes. Estes primeiros passos têm sido mais difíceis do que a parte externa esperava, pelos momentos com a promessa de um grande time e de coisas que são a ideia da nova direção. Lá fora, a gente não tem essa dureza dos passos que temos que tomar aqui. É uma segunda derrota que não precisava ter acontecido."

Últimas derrotas. "O jogo que foi mais difícil para a gente jogar foi contra o Guarani, na nossa casa. O Guarani criou mais dificuldades táticas. Nos nossos dois jogos seguintes, não foi isso que aconteceu, mas a gente cometeu erros semelhantes nas duas partidas e, por isso, perdemos. Quando tomamos o gol, já estávamos com um homem a mais e tínhamos tomado dois contra-ataques porque estávamos forçando o jogo de maneira errada. É preciso ter mais maturidade. A gente teve dificuldade grande para entrar no bloco defensivo do São Bernardo."

Mano Menezes se irrita durante São Bernardo x Corinthians, jogo do Campeonato Paulista
Mano Menezes se irrita durante São Bernardo x Corinthians, jogo do Campeonato Paulista Imagem: FABIO GIANNELLI/AGIF
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Ineficiência ofensiva. "Se a gente ver direito, uma jogada com Romero foi bem feita, e as outras duas jogadas de perigo foram bolas de cabeceio de dois defensores, uma do Félix Torres e outra do Raniele. Precisamos encher mais a área para criar dificuldade para o adversário, pegar a sobra de uma bola... eles, com méritos, controlaram bem isso. Neste aspecto, a gente já pode fazer melhor independentemente da construção da equipe."

Gol do São Bernardo. "Temos que parar de cometer estes erros defensivos bobos. Quando iniciou o contra-ataque, tínhamos superioridade numérica na parte defensiva, nos desorganizamos de forma desnecessária e demos espaço para o Silvinho receber livre. Estas coisas a gente sabe que tem que fazer melhor."

Relação com elenco. "Vamos continuar trabalhando com a mesma lealdade e transparência com os jogadores. Às vezes escapa algo mais forte, a gente também aceita respostas mais fortes, ninguém sai melindrado para casa e criando crise onde não tem. Temos que construir um Corinthians forte e vamos trabalhar para isso. Hoje, nosso grupo de jogadores tinha média assustadoramente baixa. Não é fácil. Você vai colocar o Arthur para resolver? É difícil, tem que esperar um pouco. Não é assim que eu trabalho. Vamos continuar trabalhando honestamente."

Mercado da bola. "A direção pode falar sobre contratações, não cabe a mim até pelos acontecidos todos recentes. A gente está tomando todos os cuidados necessários. A direção vai falar sobre chegada, eu não vou falar. Vou falar quando o jogador estiver no meu grupo."

Situação no estadual. "O Corinthians sempre tem que lutar para conquistar. A gente atrasou o processo pelas circunstâncias. Está saindo com esse grau de dificuldade maior, mas dentro do grupo temos uma pontuação de três e, quem tem mais [Bragantino], tem quatro. A classificação está aberta e vamos brigar por ela."

Silvinho, do São Bernardo, e Fagner, do Corinthians, brigam pela bola em jogo do Campeonato Paulista
Silvinho, do São Bernardo, e Fagner, do Corinthians, brigam pela bola em jogo do Campeonato Paulista Imagem: Fabio Giannelli/AGIF
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Clássico na terça. "O jogo de terça vai colocar duas equipes em estágios diferentes, é unânime. O São Paulo tem uma equipe pronta e nós estamos em reconstrução. Quando o juiz apitar, ninguém vai querer saber disso, e não vai ser a primeira vez que uma equipe mais estruturada é vencida por uma que está sendo montada. O que temos que construir para igualar isso é ter uma ótima capacidade de competição, uma organização, baixar nosso nível de erro junto com o nosso torcedor — que é brilhante e tem demonstrado nas últimas semanas ao colocar 80 mil pessoas em dois jogos da categoria de base. Tudo isso vai ser nossa força na terça-feira. Temos que unir tudo isso para igualar um jogo e lutar sempre pela vitória, que é nossa obrigação como sempre fizemos."

Uso de joias da base. "É aquela história, seria muito cômodo jogar o Kayke dentro do campo, jogar o Arthur e falar 'resolva'. Isso não funciona assim. A chance disso dar errado é maior do que tudo, e eles jogaram quinta-feira. Só vieram aqui pela nossa necessidade. A gente trouxe eles para ambientar e, lá na frente, utilizá-los. Gosto muito do Kayke, acho que está entre os três melhores jogadores da Copinha. Tem uma ótima condição para nos ajudar a curto prazo."

Atuações de Rojas. "Não dá para separar o atleta em pedaços. O atleta é um todo, e ele vai poder render se estiver inteiramente bem preparado. Ano passado, falei algumas vezes que entendia o processo que ele passaria, alguns chegam e demoram para se encaixar. A gente trabalha diferente. Há posicionamentos táticos diferentes, eu tenho tentado colocar o melhor possível para ele. Hoje, a gente revezou ele por dentro e por fora, demos a função do corredor para o Fausto fazer para tentar liberar ele da marcação dos volantes. Às vezes, na ânsia de querer receber a bola, ele não sustentou entrelinhas, e aí baixa demais, como foi a bola que originou o gol deles. Essas coisas são que você vai dando para a equipe e o jogador precisa adquirir a confiança e passá-la aos companheiros. Na medida em que você perde a bola uma ou duas vezes, você não passa mais. Você precisa de jogadores que sustentem a posição por dentro, que sustentem o passe apertado, que o adversário tenha medo desse adversário porque ele pode girar a bola. Estamos trabalhando para que ele possa fazer isso."

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