Brasileirão tem Botafogo campeão do turno e soco que tumultua o Flamengo

No ritmo de Tiquinho Soares, na criatividade de Eduardo, na assertividade de Victor Cuesta e na segurança de Lucas Perri, o Botafogo ganhou o título simbólico de campeão do primeiro turno do Brasileirão 2023. E já após o resultado da 17ª rodada, a goleada por 4 a 1 sobre o Coritiba no Nilton Santos.

A campanha é incontestável. São 14 vitórias em 17 jogos. Ontem (30), veio a primeira sob o comando de Bruno Lage, herdeiro do trabalho do demissionário Luís Castro e do invicto interino Cláudio Caçapa.

O Botafogo acumulou 12 pontos de diferença em relação aos dois principais perseguidores atuais: Flamengo e Palmeiras, já que o Grêmio empatou com o Goiás e caiu para quarto. Enquanto o alvinegro vai ao delírio em uma campanha surpreendente ao som de musiquinhas como "Tiquinho Soares é f..." e "Segovinha", quem está à caça luta para manter-se estável.

Mas um soco dificulta. Foi o caso do Flamengo, que viu o ambiente ficar tumultuado por um caos interno gerado pela agressão do preparador físico Pablo Fernández, já demitido, ao atacante Pedro. A vitória de virada sobre o Atlético-MG, com Arrascaeta decisivo, ficou em segundo plano. Pelo menos, o técnico Jorge Samapoli fica no cargo, apesar da saída de um dos seus profissionais mais próximos.

Assim como o Botafogo, o Palmeiras também teve um 4 a 1 para si, diante do América-MG, em um jogo que devolveu os ares de time dominante para o grupo comandado por Abel Ferreira. O timing é relevante tanto para o Fla quanto para o Palmeiras, porque - além da corrida mais longa pelo Brasileirão atrás do Bota - as oitavas de final da Libertadores se aproximam.

O Botafogo é isso tudo mesmo?

Não dá para dizer o contrário, considerando um time que tem a melhor defesa (10 gols sofridos), o melhor ataque (ao lado do Palmeiras, com 32 gols) e o artilheiro do Brasileiro. Tiquinho Soares fez 13 gols. O Vasco, lanterna, fez 12.

Mais do que um time que se dá muito bem no tapetinho do Nilton Santos, o Botafogo hoje é consistente, bem estruturado e não se apavora em meio a situações difíceis.

No jogo psicológico, quem ruiu foi o Coritiba, ao ter um gol anulado - de certa forma discutível - após intervenção do VAR. Seria a virada do Coxa, provando que o Botafogo foi desafiado pelo time paranaense. Mas reagiu como se fosse uma máquina de gols. No começo do segundo tempo, o jogo já estava "morto".

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É difícil ver neste Botafogo uma perspectiva de queda vertiginosa de rendimento no Brasileirão, até pela forma com a qual o time tem lutado por cada ponto. Os rivais, por sua vez, dividem atenção com outras competições. Sim, o Botafogo ainda está na Sul-Americana. Mas ela não tem proporcionalmente o mesmo peso da Libertadores para Palmeiras e Flamengo. O rubro-negro ainda está na Copa do Brasil.

Bruno Lage se mostrou consciente sobre o lugar em que está. E isso envolve o time e o contexto do campeonato. A escolha de Gustavo Sauer como titular foi certeira e nada por acaso, já que ele fez a leitura sobre o momento de ascensão do adversário, inclusive com uma vitória recente sobre o Fluminense.

A torcida vem a reboque do que o time faz em campo. Ao mesmo tempo, o time empolga e gera uma presença mais intensa no Nilton Santos. Ontem, houve recorde de público no estádio, com os 43.071 presentes.

Ainda não ganhamos nada. E essas têm sido as palavras do nosso capitão Marçal, sempre que ele fala com a equipe. Temos que continuar a trabalhar. No final do jogo foi assim. Repeti as palavras do Marçal. Mas realmente foi uma energia muito forte hoje. Estamos em um momento muito bom, mas amanhã vai haver um deslize, um jogador que vai falhar, tomar um gol primeiro... Mas se a energia continuar assim, não podemos perder o controle emocional ou deixar de apoiar a equipe por um deslize de um dia Bruno Lage, técnico do Botafogo

De Arrascaeta brilhante

O detalhe da vitória do Flamengo foi o poder de decisão de Arrascaeta. Entrou após o intervalo, substituindo Everton Ribeiro e descomplicou um jogo encardido. Primeiro, um gol de falta. Depois, uma assistência milimétrica.

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Era a melhor atuação do Atlético-MG com Felipão. Mas a virada manteve o técnico sem vencer desde que assumiu o time. O rubro-negro controlou a posse de bola e, depois de muito sofrer, colocou o Galo com as costas na parede. A virada veio com o lateral-direito Wesley. Mais um jogo em que ele teve participação fundamental — a semifinal da Copa do Brasil, contra o Grêmio, já contou com repertório dele.

O soco que Pedro levou do preparador físico, no entanto, abriu uma ferida — literal — e ampliou outra, já existente, no sentido figurado. Pedro está sofrendo por não ter tantas chances com Sampaoli. Um cenário que ele já viveu na era pré-Dorival Júnior e que pode minar a confiança do artilheiro e seu papel no elenco.

A gasolina do Palmeiras

No momento, os três primeiros colocados do Brasileirão são comandados por estrangeiros. E, no caso do Palmeiras, em terceiro, Abel Ferreira vê as duas vitórias seguidas - fazendo sete gols nos dois jogos - como uma resposta após questionamentos durante a má fase do time.

A crítica me dá gasolina. Costumo dizer que adoro quando vocês alimentam o que há dentro de mim, mas não posso jogar. Isso que procuro passar aos meus jogadores, de ter a ambição de entrar em campo e fazer o que sabem. Não há nada melhor do que uma chapada de luva branca. É isso que tentamos fazer com trabalho, isso que estamos fazendo há três anos Abel Ferreira, técnico do Palmeiras

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E o Vasco?

O lanterna levou três gols do Corinthians que, até então, era o segundo pior ataque do Brasileirão. O Vasco tem nove pontos em 16 jogos. Um calvário.

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