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Incômodo com perguntas, ironia e divulgação de livro: a coletiva de Abel

Do UOL, em São Paulo

04/06/2023 22h13

A coletiva de Abel Ferreira depois de Palmeiras 3x1 Coritiba, jogo do Campeonato Brasileiro, teve o português incomodado com perguntas e irônico sobre o comportamento de um jornalista durante o duelo. O técnico aproveitou a sessão, inclusive, para divulgar seu livro: "Cabeça Fria, Coração Quente".

Comportamento dentro de campo. "Eu reparo que há muita gente que gosta de ter o Abel na boca. No último jogo, os próprios comentaristas estavam sempre com o Abel na boca: que tomou não sei quantos amarelos, que não sei o quê... é uma coisa que vocês têm que entender: sou um treinador, dentro das quatro linhas, intenso. Isso não vai mudar em mim. Quando mudar, deixo de ser treinador. Não vai ser comentarista, jornalista, meu pai ou minha mãe que vão fazer alterar o que é meu caráter no jogo. Sou um treinador intenso lá dentro."

Ironia sobre jornalista que ficou observando Abel durante jogo. "Você é um cara legal, mas eu não sei por que você repara muito em mim. Sou um personagem interessante? Obrigado. O que quero dizer é isso: o Palmeiras são os nossos jogadores. Fiquei muito triste no último jogo porque, cada vez que sou expulso, não falam na consistência da equipe. Se é para falar só do treinador..."

Coisas positivas vs negativas e divulgação de livro. "Vocês [jornalistas] tiram o foco daquilo que é importante, que são os jogadores, nossos protagonistas. São eles que têm que ter os holofotes. Eu, como todos os treinadores do futebol brasileiro — como ontem vi no Santos x Inter o comportamento dos treinadores, mas vou guardar para mim o que penso em relação a isso —, tenho que melhorar. Treinadores, dirigentes, a forma como jornalistas veem futebol... todos. Vocês querem valorizar o futebol brasileiro? Não querem. Se quisessem, falariam das coisas positivas, e não falam, só falam das coisas negativas. Já falei várias vezes, tem um capítulo no meu livro que só fala sobre isso. O futebol brasileiro é bom. Ninguém fala nisto, mas vou falar: queria dizer que passaram de 100 mil exemplares vendidos e mais de R$ 5 milhões doados a instituições. Isso é para vocês falarem um pouco, se é que tenho alguma coisa boa. Se bobear, eu fiz mais em dois anos do que alguns que falam, falam e não fazem nada."

Respeito para ser respeitado? "Eu chutei um microfone e parece que matei alguém. Estava em um local, peguei o telefone [do jornalista] quando, na minha opinião eles não deveriam estar lá. Aqui na sala há jornalistas, há câmeras... Lá não tinha nada. Eu, para respeitar os outros, preciso ser respeitado. Isto é para quem servir a carapuça. Os jornalistas que respeitam os outros, que respeitam os profissionais do futebol, têm o meu respeito: eles criticam de forma construtiva. Mas jornalistas que ofendem não têm o meu respeito. Esta carapuça serve a quem quiser. É como treinadores, dirigentes, árbitros: há bons e ruins. Minha função é corrigir, criticar e melhorar meus jogadores, e dar o meu melhor para ajudar a instituição. O seu colega mesmo disse que estava no jogo vendo o que eu estava fazendo. Senhor, olhe para o futebol, tem tanta coisa bonita lá dentro..."

Incômodo com perguntas. "O jogo teve Luís Guilherme, Zé Rafael como fixo formando tripé... Depois cheguem com boas perguntas, sobre o Luís Guilherme, Rony, Dudu... isso é falar de futebol. O circo eu não sei e nem quero fazer parte. Entendo que dá cliques. Dizer mal das pessoas mais ainda... basta ver o jornalista de Porto Alegre que me ameaçou publicamente. Não vi nenhum pedido de desculpa do sindicato de jornalistas. Eu não ameacei ninguém. Quem quer respeito, tem que ser respeitado. Se há dúvidas do que digo, vejam o que disse o capitão do Flamengo [Gabigol] sobre jornalistas. O que diz o capitão do Corinthians [Cássio]. Vocês têm que estar mais atentos, alguma coisa está mal. Se calhar, sou eu."

Má vontade dos árbitros? Não sei. Acredito que os agentes do futebol [jogadores, jornalistas, treinadores, árbitros e dirigentes] fazem tudo para melhorar o futebol, e quando erram, não pode haver sistemas por trás. Não acredito nisso. [...] O que disse, continuo a dizer: eles continuam achando que sou espanhol."

Calendário apertado. "Claro que precisamos de descanso, mas estou aqui há quase três anos e vocês fazem as mesmas perguntas. Vocês fazem algo para pressionar quem decide? Para mim, enquanto líder e homem, pior do que errar, é não tomar decisões."

Raio-x do jogo. "São tipos de jogos que colocam em prova o caráter da nossa equipe. Foi um jogo em que era fundamental ser sério e jogar simples. Às vezes, há a tendência de facilitar contra equipes no qual o Palmeiras é claramente superior, mas estou convencido que, se ao invés de 3x0, estivesse 2x0 [na hora do gol do Coritiba], um gol sofrido dá sempre um aperto emocional. Felizmente, fizemos o terceiro antes, tínhamos dito no intervalo que era importante o terceiro. Fizemos até antes, mas estava impedido. As imagens, felizmente, apareceram no telão, não houve 'reset', a gente conseguiu ver e não houve dúvidas para ninguém."

Luís Guilherme em campo. "Às vezes, deixo jogadores de fora por opção técnica e coloco-os também por isso. Sem o Veiga, tenho o Luís, que também é canhoto e gosta de jogar na meia direita. Tive dúvidas se colocava ele ou o Jhon Jhon, que joga mais pela meia esquerda, mas optei por ele."

Cartões para Luan e Gómez. "Você sabe quem é o capitão da nossa equipe. Uma das funções dele é conversar com o árbitro e, pelo visto, não pode. Esse é que é o problema, quando os critérios são diferentes para uns e outros. A falta do Luan ainda não vi, não sei se foi ou não, mas pela forma que ele protestou... Sobre meu capitão: uma das funções que lhe peço é poder falar com o árbitro. Depois do amarelo, fico mais alterado porque eu não sabia que ele ficaria do próximo jogo. Os árbitros têm que entender que uma das funções do capitão é poder falar com eles. Neste jogo, levou amarelo.

Abel Ferreira conversa com árbitro Felipe Fernandes de Lima em Palmeiras x Coritiba - RONALDO BARRETO/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO - RONALDO BARRETO/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO
Abel Ferreira conversa com árbitro Felipe Fernandes de Lima em Palmeiras x Coritiba
Imagem: RONALDO BARRETO/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO

Poupar jogadores. "O treinador é escolhido porque tem uma função muito específica: é o único que sabe o que se passa dentro do campo, dentro do CT, nos treinos... mas vocês é que sabem. Quem trabalha com os jogadores somos nós, ninguém, nem comentarista e jornalista, tem mais informação do que o treinador. E ninguém quer ganhar mais do que treinadores e jogadores. A função do treinador é essa, e também estar preparado para ouvir críticas, elogios. Sei de onde venho, sei como foi chegar até aqui... se tiver que jogar a mesma equipe, vai ser assim, e se for pra trocar, vamos trocar. O que fizemos hoje foi olhar para o jogo."

Viagens e desgaste. "Não sei como podem afetar. Vamos a cada jogo fazer nossa reflexão do desgaste que os jogadores tiveram, falar com eles, perceber a linguagem corporal e depois fazer o que sempre fazemos. Alguns têm descansado por amarelos, outros por lesão, outros vou gerindo com substituições. É minha função. Quando você tem tanto volume de jogo, como hoje, às vezes nota-se o cansaço. Sei que eles se esforçam muito, dão tudo o que tem na parte física, mas há também a parte mental. É desgastante para jogadores, treinadores e para os árbitros.

Luan. "É um dos pilares desta equipe. Se há alguém que tem todo conhecimento dos jogadores, é o treinador. O Luan é bom quando joga, quando não joga... ele é um dos que mais influencia essa molecada que temos. Qual equipe que luta para ser campeão, além do Palmeiras, coloca tantos jogadores jovens como nós? Tem a ver com a maturidade, é muito bonito. Ele tem não só competências táticas, técnicas e físicas, mas também de liderança e da identidade.

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