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Em alta na Itália, ex-Corinthians revela tristeza por saída: 'Queria ficar'

Gabriel Strefezza, atacante brasileiro do Lecce, jogou na base do Corinthians - Matteo Ciambelli/Getty
Gabriel Strefezza, atacante brasileiro do Lecce, jogou na base do Corinthians Imagem: Matteo Ciambelli/Getty

Do UOL, em São Paulo (SP)

21/05/2023 04h00

O atacante Gabriel Strefezza, revelado pelo Corinthians e atualmente no Lecce, da Itália, afirmou ao UOL que ficou frustrado por ter deixado o clube do coração ainda nas categorias de base.

Sonho interrompido: "Meu sonho sempre foi jogar no Corinthians, estrear pelo profissional. Comecei desde pequeno no clube. Vi os meninos que jogavam comigo estreando no profissional, meu sonho era estar com eles, jogar na Neo Química Arena lotada".

Fim de contrato: "Queria continuar. No meu primeiro ano de sub-20, tinha machucado duas vezes. Não joguei muito, meu contrato estava acabando. O Corinthians falou: 'O que a gente pode fazer é estender mais seis meses de contrato para ver como vai e, se for bem, a gente renova'".

Itália como opção: "Meu empresário disse que era uma coisa arriscada e que era para eu conversar com a minha família. Decisão difícil, eu era muito jovem, mas decidi tentar a sorte na Itália".

Reação à saída: "No começo, fiquei muito triste por não conseguir renovar, mas pensei: 'Vamos para a frente', em busca de virar profissional. Quando acabou o contrato, já vim direto para a Itália e depois meu empresário não me falou mais nada do Corinthians. Dali nunca tive mais contato".

Do Parque São Jorge à ponta da Bota

Strefezza jogou no Corinthians por cerca de sete anos. Ele passou nos testes da base em 2009, pouco antes de seu 12º aniversário, e deixou o clube na sua primeira e única temporada no sub-20, em 2016, quando já havia atingido a maioridade e enfrentado duas lesões na coxa.

Chamado de Espeto pelo seu penteado banhado por gel, ele era da safra que revelou Malcom, Arana e Maycon. O jogador não chegou a repetir os passos dos ex-companheiros e subir ao time principal, mas tinha em mãos os documentos da cidadania italiana que conseguiu pelos bisavós maternos, nascidos no país.

O então meio-campista pegou o avião sozinho e foi parar no Spal, que estava na segunda divisão da Itália. Antes, o brasileiro havia feito testes nas bases de Lazio e Palermo, mas não foi chamado. Ele ficou três temporadas na equipe da cidade de Ferrara, somando empréstimos para Juve Stabia e Cremonese.

Só que foi no Lecce e jogando como atacante de beirada que Strefezza deslanchou de vez. Ele foi contratado pelo time do sul da Itália no ano passado e fez 14 gols na campanha do título da Série B atuando como ponta direita.

O brasileiro de 26 anos tem como missão ajudar a manter a equipe na elite italiana para a próxima temporada. Faltando três rodadas para o fim do torneio, ele tem oito gols na Série A e vê o Lecce na briga contra o rebaixamento.

Retorno ao Brasil?

A volta ao futebol brasileiro está nos planos de Strefezza, mas sem data estimada. Ele não ousa estabelecer um prazo para deixar o país em que construiu a carreira e no qual está sendo cogitado para defender a seleção.

O atacante tem o desejo de disputar o Brasileirão e a Libertadores. "Se vier um Corinthians, aceitarei na hora", projetou.

Por enquanto, o brasileiro com forte sotaque local só tem a permanência na Itália no horizonte. Após quase oito temporadas no país, ele e a família estão totalmente adaptados — a esposa e a 1ª filha foram em definitivo há cerca de cinco anos, e a caçula é praticamente italiana.

Pretendo voltar para o Brasil. Não sei e não posso dizer quando, mas tenho sonho de jogar Série A no Brasil e a Libertadores. O Corinthians é o time que quero jogar [no país]. Se vier um Corinthians, aceito na hora. Strefezza, ao UOL

Confira o que mais Strefezza disse

Torcedor roxo: "Sempre fui corintiano. Meu tio desde pequeno já me colocava camisa do Corinthians. Depois que entrei no clube, o carinho foi aumentando mais e mais e virei corintiano roxo".

Lesão no Corinthians: "Tomei uma paulistinha na coxa, só que pegou profundo. Tive que ficar uns três meses parado. Voltei e depois machuquei de novo a mesma coxa, praticamente perdi a metade do ano".

Início difícil na Itália: "Vim sozinho, não sabia nada de italiano, sofri bastante no começo. Nos primeiros quatro meses, fiquei sem falar com ninguém, não entendia nada. Foi muito difícil, mas depois fui aprendendo. Colocava no tradutor, depois fui devagarzinho pegando o jeito. Aprendi na marra".

100% adaptado: "Estou totalmente adaptado, tenho até um pouco de sotaque. Fico o dia todo conversando em italiano, sou o único brasileiro no time. Até minha pequenininha só fala italiano, em casa tenho que falar italiano. Quase oito anos morando aqui, me sinto praticamente um italiano".

Bases no Brasil e Itália: "A base do Brasil é muito forte. Quando vim para a Itália, a base aqui era muito fraquinha, senti muita diferença. Foi fácil de me adaptar por causa disso, então não tive muita dificuldade em futebol. Só que aqui eles têm muito físico, então sofri um pouco para me adaptar nisso. No Brasil, é mais bola."

Troca de posições: "Quando entrei no Corinthians, era meio-campista, número 10. Joguei o sub-12 e 13 de meia. No sub-15, o treinador me colocou de lateral direito, onde fiquei até o sub-17. Teve um ano que fiz tanto lateral quanto ponta. Quando vim para cá, joguei dois anos de ala. Comecei a fazer quase todas as posições".

Desejo pelo ataque: "Mas falei para o meu empresário que queria virar atacante de beirada porque achava que conseguiria ir bem aqui. No ano passado, o Lecce jogava no 4-3-3, o ideal para mim. O treinador me colocou na ponta direita e achei minha posição".