Topo

Copa do Brasil - 2023

Novela da Globo, cerveja e voadora: as histórias de Aloísio 'Boi Bandido'

Aloísio, jogador do América-MG, encara o Inter na Copa do Brasil - Gilson Junio/AGIF
Aloísio, jogador do América-MG, encara o Inter na Copa do Brasil Imagem: Gilson Junio/AGIF

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

17/05/2023 04h00

Atacante do América-MG, que hoje encara o Inter em duelo de ida das oitavas de final da Copa do Brasil, Aloísio 'Boi Bandido' é um jogador repleto de histórias. Aos 34 anos ele já "mudou de nome", ganhou apelido por novela da Globo, quebrou uma promessa com cervejas e se popularizou ao comemorar gols dando voadoras em treinadores e colegas.

Aloísio virou Boi Bandido

O apelido de "Boi Bandido" nasceu quando Aloísio defendia o Figueirense. Antes, ele tinha passado pela base de Grêmio, Caxias e Chapecoense.

A inspiração nasceu da novela América (por coincidência, o mesmo nome do time que o atacante defende hoje), apresentada pela Globo em 2005, na qual o touro mais temido dos rodeios era o "Bandido". A alcunha nasceu da forma que Aloísio chegava nos adversários, com força e muita vontade, tal qual o touro.

O curioso é que o touro não foi personagem apenas da ficção, o "Bandido" existiu de fato. Com mais de 200 kg, ele atormentava os peões em Barretos e apenas um o conseguiu montar por oito segundos: Carlos de Jesus Boaventura, em 2001.

Bandido, o touro, participou de centenas de desafios em diversas cidades do Brasil até encerrar sua carreira, em 2008. Em 2009 ele morreu vítima de um câncer e o enterro foi acompanhado por aproximadamente 200 pessoas no Parque do Peão de Barretos, onde foi construído um monumento em homenagem a ele.

Veio da novela América. É pelo meu jeito de treinar, eu chegava derrubando os caras no treino. Meu porte físico é forte, e no treino eu batia nos caras e derrubava, e os caras falavam 'calma'. Mas é meu jeito, não consigo mudar. Aí falaram que eu parecia o Boi Bandido da novela. Quando fui para o São Paulo, na entrevista já perguntaram. Em um treino no São Paulo logo no começo, a bola sobrou para o Wallyson, eu saí (correndo) para chegar na jogada, só que antes de chegar nele eu tropecei. Sabe quando pega o bico do pé no chão? Eu dei de ombro, de cabeça, no peito dele. Atirei ele morto assim (no chão). Acabou com o treino. Luis Fabiano, os caras todos, falando 'não é possível que você fez isso', 'você é o Boi Bandido mesmo'. Aí ficou" Aloísio em um Podcast com o meia Oscar, em 2022.

Mudou de nome por seleção

Aloísio se destacou no Figueirense e no São Paulo, com quase 50 gols entre 2012 e 2013. Então, foi comprado pelo Shandong Luneng, da China.

Foram sete anos por lá defendendo quatro times diferentes, até que, em 2020, ele se naturalizou chinês para defender a seleção.

Foi quando 'mudou de nome' para Luo Guofu, pois ao se naturalizar chinês é imposto que se escolha um nome local.

Aloísio não abriu mão da nacionalidade chinesa e conta como estrangeiro no América-MG. O objetivo de levar a China à Copa do Mundo, porém, não foi atingido.

Promessa quebrada com cerveja

Aloisio comemora gol do América-MG sobre o São Paulo em duelo do Campeonato Brasileiro - Gilson Junio/AGIF - Gilson Junio/AGIF
Imagem: Gilson Junio/AGIF

Em um podcast acompanhado pelo meia Oscar e pelo atacante Elkeson, Aloísio contou que fez uma promessa quando defendia o Figueirense: ficaria um ano sem consumir bebidas alcoólicas.

Porém, depois de um tempo, as coisas começaram a dar errado para ele. Vários jogos sem marcar e chances desperdiçadas o fizeram pedir até para ser negociado, pois se considerava prejudicando o time, que estava na zona do rebaixamento.

Irritado com o momento, xingado por torcedores na rua, ele resolveu quebrar a promessa e bebeu uma caixa de cervejas na semana do jogo contra o Sport. Resultado: 1 a 0 para o Figueirense, gol dele.

Depois disso, ele foi um dos artilheiros do Brasileirão naquele ano e acabou negociado com o São Paulo.

Uma cervejinha faz bem, cara, não pode beber muito, mas faz bem. Não vai ficar enchendo a cara toda hora, mas às vezes é bom. Eu fiz a promessa, não cumpri, mas, pô, foi o que me levou para o São Paulo. Eu nunca contei, porque não é legal ficar falando isso, mas é a verdade. Relaxei ali, tirei o peso" Aloísio, Boi Bandido.

Voadora nasceu na várzea

Aloísio Boi Bandido dá voadora em Manuel Pellegrini, seu técnico no Hebei Fortune (CHN) em 2017 - Divulgação/CSL - Divulgação/CSL
Imagem: Divulgação/CSL

Em 2009, Aloísio não estava sendo aproveitado pelo Grêmio e foi convidado por um amigo para jogar um torneio amador. Aceitou em troca de cerveja e churrasco.

Lá, ao marcar um gol comemorou dando uma voadora no amigo. Depois, já no Figueirense, resolveu adotar a "voadora amistosa" como comemoração.

A "agressão amigável" já teve como vítimas Muricy Ramalho, no São Paulo, Manuel Pellegrini, no Hebei Fortune, e Vagner Mancini, no América-MG, além de jogadores como o argentino Ezequiel Lavezzi, que foi colega do Boi Bandido na China.