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Como a relação entre Cruzeiro e Adidas se desgastou até pedido de rescisão

Igor Siqueira e Igor Siqueira

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

13/04/2023 12h00

O pedido de rescisão contratual feito pelo Cruzeiro à Adidas é o capítulo mais recente de uma relação que vem se deteriorando bem antes de a fornecedora chamar o rival Atlético-MG de "maior de Minas". O UOL apurou algumas situações que compõem o cenário.

O que aconteceu

A diretoria do Cruzeiro vinha se incomodando com a relação bem antes do episódio envolvendo o lançamento dos uniformes atleticanos.

A insatisfação se dá por alguns fatores, como o vazamento do novo modelo de camisa com muita antecedência, problemas logísticos/operacionais e uma análise financeira do retorno da parceria.

O Cruzeiro planeja uma reunião com a Adidas no começo da próxima semana na qual o pedido de rescisão feito pelo clube será discutido entre as partes.

O clube quer resolver a questão logo para ter a certeza que não será mais parceiro da empresa alemã em 2024 e buscar um novo fornecedor de material.

O vazamento

O Cruzeiro não gostou quando a nova camisa feita para 2023 apareceu em uma loja em Contagem e foi divulgada por um torcedor nas redes sociais.

Além do vazamento, em si, o clube ficou insatisfeito pelo tempo de antecedência entre a divulgação involuntária, causada por uma falha de distribuição da Adidas, e o lançamento em si: três meses.

O clube tentou remediar a situação com uma campanha de marketing na qual espalhou camisas por pontos de Belo Horizonte para que torcedores também "vazassem" cinco unidades.

Mas, no mundo ideal, entende que houve perda de interesse nas vendas do modelo anterior, já que se sabia que o novo viria em breve e como ele seria.

Camisa em preto e branco?

Outro episódio que gerou desconforto entre as partes foi o envio de uma remessa de camisas brancas com listras pretas para o Cruzeiro.

A Adidas desenvolveu um modelo padrão para todos os clubes. Caberia, então, aos mineiros acrescentar o escudo - mas na camisa cuja base é a combinação das cores do rival Atlético-MG.

O Cruzeiro não vai usar a camisa e estuda o que fazer - provavelmente doará para alguma instituição.

O efeito do "Maior de Minas"

A diretoria do Cruzeiro perdeu de vez a paciência quando uma peça publicitária da Adidas apontou o Atlético-MG como "maior de Minas" no lançamento mais recente do uniforme do Galo.

A Adidas se posicionou em nota, dizendo que "se desculpa pelo ocorrido e ressalta seu respeito pelo Cruzeiro Esporte Clube e toda sua torcida".

Internamente, a empresa atribuiu a falha de percepção à agência de publicidade que produziu o material. A explicação não convenceu o Cruzeiro, que mantém a ideia de rescindir o contrato.

Uma reunião no começo da próxima semana vai colocar os executivos das duas partes frente a frente. A Adidas, por ora, não parece disposta a deixar o contrato ir pelo ralo.

A ideia do Cruzeiro é que a parceria seja encerrada ao fim da temporada 2023, sem que haja briga judicial.

Compensa ou não?

A Adidas é parceira do Cruzeiro e do Valladolid, da Espanha, outro clube cujo dono é Ronaldo Fenômeno. Por isso, o lado brasileiro sabe que o contrato do Cruzeiro rende, em números gerais e considerando o câmbio desfavorável, o mesmo que fatura o clube espanhol, inclusive vendendo muito menos.

A diretoria não acha o contrato com a Adidas vantajoso, embora reconheça que se trata de uma fornecedora premium no mercado esportivo.

Só que a inclinação atual é buscar parceria mais flexível, que permita um desenvolvimento mais simples de modelos e ações específicas para o uniforme.

A gestão atual do Cruzeiro iria começar em breve o desenvolvimento do uniforme para 2025. Mas o desgaste da relação interrompeu tudo.

Agora, enquanto tenta se desvencilhar da parceira, o Cruzeiro sabe que precisa correr para achar alguém que desenvolva o enxoval celeste para 2024. Algumas marcas se aproximaram, mas o clube não iniciou conversas.

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