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OPINIÃO

Juca Kfouri critica silêncio de Tite sobre caso de Daniel Alves

Colaboração para o UOL, em Aracaju

25/01/2023 20h43Atualizada em 26/01/2023 13h35

O UOL publicou hoje (25) uma entrevista exclusiva com a advogada da mulher que acusa Daniel Alves de agressão sexual. Ela afirma que o jogador não usou camisinha na noite do suposto crime, em Barcelona, onde Daniel está preso. No Fim de Papo, apresentado diariamente às 18h por Eduardo Tironi, o colunista Juca Kfouri disse que as provas contra o jogador são "muito contundentes" e criticou o silêncio do ex-técnico da seleção brasileira Tite sobre o caso.

"Quanto ao silêncio, esse é o silêncio dos culpados, dos cúmplices. Eu fico absolutamente perplexo que até agora o técnico Tite não tenha vindo a público e tenha dito: 'Eu me enganei, quando eu disse que Daniel Alves transcendia o futebol, eu não fazia a menor ideia que ele fosse transcender dessa forma, me arrependo profundamente de tê-lo levado'", afirmou Juca, lembrando a declaração de Tite sobre Daniel Alves na Copa do Qatar.

"E que os 'parças' dele também se manifestem, porque ele era o cara do grupo, a melhor companhia possível para o Neymar (...) Então eu fico realmente perplexo com o silêncio dos cúmplices", completou Juca.

Luiza Oliveira: 'Há incomodo no meio esportivo para falar sobre Daniel Alves'

A jornalista Luiza Oliveira destacou que o caso de Daniel Alves será uma quebra de paradigma, mas criticou a reticência no meio esportivo em tratar o assunto.

"Esse caso é uma quebra de paradigmas, porque vem derrubando narrativas. Sempre que uma mulher denuncia um homem muito poderoso e famoso, a primeira coisa que se diz é que ela quer dinheiro e quer aparecer. Essa moça não quer mostrar o rosto e não quer receber indenização, ela quer justiça", analisou.

Esses argumentos vão todos por terra, e também derruba o mito de que a violência sexual é praticada por um homem que pega uma mulher no beco e a estupra. Não, estupro está em todo lugar, em todos os níveis da sociedade, é praticado muito mais por quem a vítima confia, em espaço público e privado. É muito grave o que está acontecendo, ainda mais quando vemos o silêncio, o UOL tem dado muito espaço para isso, mas há um incômodo no meio esportivo para falar sobre esse caso."

Como denunciar violência sexual

Vítimas de violência sexual não precisam registrar boletim de ocorrência para receber atendimento médico e psicológico no sistema público de saúde, mas o exame de corpo de delito só pode ser realizado com o boletim de ocorrência em mãos. O exame pode apontar provas que auxiliem na acusação durante um processo judicial, e podem ser feitos a qualquer tempo depois do crime. Mas por se tratar de provas que podem desaparecer, caso seja feito, recomenda-se que seja o mais próximo possível da data do crime.

Em casos flagrantes de violência sexual, o 190, da Polícia Militar, é o melhor número para ligar e denunciar a agressão. Policiais militares em patrulhamento também podem ser acionados. O Ligue 180 também recebe denúncias, mas não casos em flagrante, de violência doméstica, além de orientar e encaminhar o melhor serviço de acolhimento na cidade da vítima. O serviço também pode ser acionado pelo WhatsApp (61) 99656-5008.

Legalmente, vítimas de estupro podem buscar qualquer hospital com atendimento de ginecologia e obstetrícia para tomar medicação de prevenção de infecção sexualmente transmissível, ter atendimento psicológico e fazer interrupção da gestação legalmente. Na prática, nem todos os hospitais fazem o atendimento. Para aborto, confira neste site as unidades que realmente auxiliam as vítimas de estupro.

Assista ao Fim de Papo na íntegra