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Abel, do Palmeiras, rebate críticas: 'Podem ter certeza que sou legal'

Abel Ferreira durante Palmeiras x Flamengo, jogo do Campeonato Brasileiro - Marcello Zambrana/AGIF
Abel Ferreira durante Palmeiras x Flamengo, jogo do Campeonato Brasileiro Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

Do UOL, em Santos (SP)

21/08/2022 19h18

O técnico Abel Ferreira mostrou a sua versão "paz e amor" durante a entrevista coletiva após o empate do Palmeiras em 1 a 1 com o Flamengo hoje (21), no Allianz Parque, pela 23ª rodada do Campeonato Brasileiro. O treinador português costuma ser duro quando os microfones estão ligados, mas desta vez o discurso foi calmo. Ele fugiu das polêmicas depois de críticas de colegas de profissão e elogiou a arbitragem de Ramon Abatti Abel.

Odeio perder, não quero fazer amigos dentro das quatro linhas. Desculpa, sou assim. Quero ganhar. Mas fora, podem ter certeza que sou legal, tranquilo e tímido".

Cuca, do Atlético-MG, Jorginho, do Atlético-GO, e Mano Menezez, do Internacional, atacaram Abel Ferreira nos últimos dias. O técnico do Palmeiras reconheceu que se transforma quando entra em campo, porém, pediu para a análise se basear no trabalho, e não no âmbito pessoal. "O futebol, e eu começo por mim... Quando falo, eu me ouço. Temos que dar exemplo para a sociedade. As pessoas aqui são muito apaixonadas pelo futebol. No meu prédio, tiro fotografias com palmeirenses, torcedores do Corinthians, São Paulo, Flamengo... Sem problema."

"As pessoas falam no restaurante que sou parte de tudo, mas a minha vida fora é outra coisa. Tenho essa responsabilidade e gosto muito. Um dos meus fundos do computador é esse: cultura humanista, com uma foto minha. Mas competindo, eu tenho que atropelar. Quando jogo com minhas filhas, minha esposa fala que eu sou insensível. Eu digo que a vida vai bater muito e temos que nos preparar. Quando estou competindo, quero ganhar. Fora, são outros quinhentos. Não tenho problema com ninguém. Estou em paz comigo e com os outros. É como eu penso. É o Abel homem, Abel treinador tem outro cenário."

Abel ainda finalizou com um terno "obrigado pela pergunta."

O treinador palmeirense lembrou de curso que realizou e teve participação de Mano Menezes, técnico do Internacional, em Portugal, e voltou a elogiar os profissionais brasileiros. "Vou contar um segredo: meu curso do quarto nível foi feito em Fátima. E o Mano Menezes era meu parceiro de carteira. Vimos aulas juntos. Aprendi muito com ele. Vocês sabem o que penso dos treinadores brasileiros, minha primeira chance foi com Paulo Autuori, minha primeira convocação foi com [Luiz Felipe] Scolari [treinador do Athletico-PR]... Conheço alguns pessoalmente: Scolari, Autuori, Mano. Mas não conheço outros. Respeito as opiniões, está tudo em paz, mas competindo eu ligo meu modo competitivo. E não tenho muito mais a dizer".

"Estou bem comigo mesmo. Uma coisa é competir, e se eu tivesse perdido não estaria aqui assim. Odeio perder, tem a ver comigo. Por isso privo tanto minha parte pessoal. Me julguem como treinador, mas a parte pessoal é meu cantinho sagrado. Vocês viram [Antonio] Conte e [Thomas] Tuchel agora, faz parte. O que acontece nas quatro linhas morre ali. E vocês aqui são muito apaixonados por futebol", analisou o luso, recordando o desentendimento entre os treinador de Tottenham e Chelsea.

Veja outras respostas de Abel Ferreira na entrevista coletiva:

Análise do empate com o Flamengo

"Na primeira parte, nós fomos melhores, mas futebol é eficácia. Nosso adversário teve duas chances de bola parada no primeiro tempo, além do excelente gol. Tivemos calma, confiança, foi a mensagem que passei e sempre passo aos jogadores. Tínhamos que ser mais audaciosos e ir para cima do adversário. Voltamos bem para o jogo. Nosso adversário só teve uma chance com o Cebolinha, e nós tivemos a do Zé Rafael, Rony, um gol anulado e fizemos tudo pela procura da vitória até o fim. Foi um ponto para cada, mas acho que o Palmeiras deveria ter vencido, até me baseando em estatísticas. Mas as estatísticas não ganham jogos. O Flamengo é muito bem treinado, com grandes jogadores e temos que aceitar o resultado."

Preparação para enfrentar o Flamengo

"Nós queremos ganhar os jogos. Esse time não tem outra forma de pensar. Seja onde e contra quem for, jogamos para ganhar. Não vencemos sempre e rivais têm seus méritos. O Flamengo é um grande adversário, entrou com um bom time, levezinho. Nos preparamos para duas situações: o losango ou o 4-3-3. Não sabia o que Dorival faria e nos preparamos para os dois cenários. Mais do que o que eu falar, nossa atitude mostra que fizemos de tudo para ganhar hoje. Tenho que reconhecer que o Flamengo teve mais posse e domínio com as trocas, mas as grandes oportunidades foram nossas."

Elogios à arbitragem

"O árbitro foi muito bem. Temos que rejuvenescer, dar chance aos jovens que querem fazer carreira. Muito honestamente, o árbitro esteve muito bem, com critério igual. Reclamei de uma falta do Scarpa, mas não marcou a nosso favor e percebi que era um critério. O jogo teve três grandes equipes."

Vantagem na liderança

"O campeonato vai ser definido na última jornada, é assim que penso. Não olho muito para a classificação, quero enfrentar cada jogo para ganhar. Tínhamos uma sequência muito difícil. Atlético-MG, Corinthians, Flamengo e Fluminense. É difícil para nós, mas para eles também. É dar o nosso melhor. Não sairemos do nosso padrão. Nos preparemos para enfrentar um grande time e um grande treinador, com ideia de jogo bem implementada. É a casa dele, mas nossas intenções não mudam. [Fluminense] é um time de boa mescla entre jovens e experientes e com um grande treinador."

Semana livre

"Temos que primeiro recuperar nossos atletas. A semana será boa para isso, para dar equilíbrio e refrescar o elenco. Temos todo o elenco disponível, com a exceção do Jailson [operou o joelho direito e só volta em 2023]. Isso é muito bom. Fazemos trabalho conjunto com núcleo de performance, nutrição... É a gasolina para nosso carro, precisamos de tudo nos detalhes. Temos uma grande estrutura que nos ajuda muito para ter os atletas no limite do rendimento. Vou começar a estudar o Fluminense [rival no sábado, no Maracanã]. Nos resumos dá para ver a qualidade do adversário. Somos nós contra eles, no estádio deles, e a intenção não muda."

Críticas a Raphael Veiga antes do gol de empate

"Eu tirei o Veiga, o Veiga saiu (risos). Futebol é mágico porque todos temos um pouco de treinador. Todos nós amamos futebol. O maior corneteiro é a minha esposa. Ela é torcedora e pode falar, e eu entendo e aceito a opinião. Mas é muito difícil ser treinador. Não é só a parte da tática, técnica, gestão de recursos humanos, mas também... Tirei o Veiga depois, o Dudu também. Jogadores são aceleradores e tínhamos que refrescar. O López entrou e teve duas finalizações. O nosso torcedor pode ter certeza absoluta que eu e nossos jogadores fazemos tudo que podemos para servir ao clube da melhor maneira. Mesmo na derrota, tudo será feito para o trabalho ser o melhor possível. Em alguns dias a coisa não sai, mas a gente mantém o foco. E o Veiga saiu mesmo (risos)."

Elogios ao elenco

"Os jogadores têm uma característica: a ambição. Trabalham muito, trabalham duro, e sei que agora está fechado o treino. Nós fazemos jogos competitivos nos treinos, competem até o fim. Vocês olham as fotos e percebem a disputa. Só sai na foto quem ganha. Eles treinam muito e merecem. Havia muita dúvida quando cheguei aqui sobre esse elenco, mas eles provaram com trabalho, disciplina e concentração que podemos buscar títulos ano a ano. Sempre faremos tudo com o melhor de nós."

Elogios a Dorival Júnior

"Dorival é um excelente treinador. Jogamos contra o Ceará dele. Não conhecia o trabalho dele antes. Pelo Ceará ganhou limpinho. Estávamos desgastados, mas ganhou limpinho num 4-3-3, como hoje. Além de ser excelente treinador, seguramente é um excelente líder. Eu estudo adversários e percebo porque as coisas funcionam com alguns e não com outros, com os mesmos jogadores. Reconheço a mais valia do adversário e nosso treinador adversário. Ele fechou bem nossos caminhos, mas acho que o Flamengo, na primeira parte, não merecia ganhar no intervalo. Mas eles foram muito eficazes. Eu só pedi mais audácia e mais risco no intervalo. Mudamos o Dudu com o Scarpa porque já estávamos melhores nos últimos 15 minutos do primeiro tempo. E no segundo tempo tivemos outras chances claras além do nosso gol. E acabamos em cima do nosso rival."

Danilo Lavieri e Alicia Klein discutem o empate

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