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Tite assiste à Champions para avançar na decisão sobre ataque da seleção

Cleber Xavier, Juninho Paulista e Tite, em visita ao estádio Lusail, no Qatar - Reprodução
Cleber Xavier, Juninho Paulista e Tite, em visita ao estádio Lusail, no Qatar Imagem: Reprodução

Igor Siqueira

Do UOL, no Rio de Janeiro

05/04/2022 04h00

Classificação e Jogos

A rota principal é o Qatar. Tanto a de semana passada, para o sorteio da Copa do Mundo, quanto a de novembro, para o Mundial, propriamente dito. Mas passa pela Europa a definição das vagas abertas na seleção brasileira. E o técnico Tite vai assistir in loco um jogo que pode contribuir para isso. Hoje (5), ele inicia a dobradinha de partidas na Inglaterra pelas quartas de final da Liga dos Campeões. A primeira traz uma disputa explícita por um espaço no ataque do Brasil.

O jogo no roteiro é o confronto entre Manchester City e Atlético de Madri. De um lado, Gabriel Jesus. Do outro, Matheus Cunha. Um representa o sucesso do primeiro ciclo de Tite na seleção, entre 2016 e 2018. O segundo tem a cara de uma seleção atualizada nos últimos meses, que viu a empreitada crescente da geração campeã olímpica em Tóquio.

A disputa no ataque da seleção fica ainda mais quente pela perspectiva de Tite de levar 26 e não só 23 jogadores à Copa do Mundo. A Fifa ainda precisa oficializar isso, mas o treinador disse ao UOL Esporte que pretende lotear essas vagas adicionais entre meias e atacantes.

Gabriel Jesus tem fase de poucos gols no Manchester City; comemorações são raras - GettyImages - GettyImages
Gabriel Jesus será pai pela primeira vez
Imagem: GettyImages

No enfrentamento de hoje, Gabriel Jesus e Matheus Cunha não têm garantia de titularidade nos respectivos times, mas há a perspectiva de que ganhem minutos em campo. Entre os selecionáveis envolvidos no confronto, há o goleiro Ederson, no City, e o lateral esquerdo Renan Lodi, no Atleti. Lodi virou a quarta opção para a lateral da seleção e tem atuado na linha de meio-campo, de forma mais ofensiva.

Na agenda de Tite, amanhã (6) é dia de Chelsea x Real Madrid. No lado inglês, o consolidado Thiago Silva, um dos pilares da zaga da seleção. No Real, uma legião de brasileiros — além de Casemiro e Éder Militão, há Vini Jr e Rodrygo. O último, assim como Gabriel Jesus, não é titular do time, mas tem ganhado pontos na seleção, o que dá mais motivos para Tite observar bem quem está no seu radar.

A diferença de Jesus para Cunha

Em um City que "abomina" centroavantes, Gabriel Jesus entrou durante a vitória sobre o Burnley, no fim de semana. O placar já estava em 2 a 0 e terminou assim. Jesus, inclusive, não faz um gol pela Premier League desde 25 de setembro. Na Champions, a bola na rede mais recente é de 24 de novembro, ainda na fase de grupos, diante do PSG. No clube, a temporada do atacante brasileiro tem 30 jogos e seis gols, ao todo.

Nem parece aquele jogador que fez dois gols logo na estreia pela seleção principal, em setembro de 2016. Ou até mesmo aquele que fez gol na final da Copa América 2019. Foi o último pela seleção. Desde então, Jesus participou de 19 partidas pelo Brasil, tanto como centroavante quanto pelas pontas. E nada. A seca paira e até explica a ascensão de outros jogadores, como Matheus Cunha.

Matheus Cunha durante treino do Atlético de Madrid - Divulgação - Divulgação
Matheus Cunha durante treino do Atlético de Madri
Imagem: Divulgação

É verdade que o atacante do Atlético de Madri ainda está em branco na seleção principal, após seis partidas. Mas o desempenho no time olímpico e no clube convenceram Tite a trazê-lo para o grupo. Cunha só não esteve na data Fifa passada, em março, porque estava se recuperando de lesão no joelho direito, sofrida em 16 de fevereiro.

Sábado (2), contra o Alavés, foi o primeiro jogo dele após esse tempo afastado. Em cerca de 20 minutos em campo, entrando no segundo tempo, participou de três dos quatro gols do time treinado por Diego Simeone.

Além da fase, entre Jesus e Cunha há a diferença de papel tático no time. Obviamente ambos cumprem a função de centroavante, mas Tite enxerga em Cunha um atacante com capacidade de fazer movimentos de recuo, quase como um meia ou um falso nove, que abram espaços para os pontas da seleção. Ultimamente, Vini Jr e Raphinha. A mesma premissa vale para o entendimento com Neymar, que atualmente tem posicionamento mais centralizado.

Gabriel Jesus, por outro lado, é visto como um jogador que ataca espaço pelo lado do campo. No City de Guardiola, jogar centralizado, como um 9, não é a prioridade para ele. Gabriel flutua por direita, esquerda e meio, sem fincar o pé em um setor que pode levá-lo de volta ao protagonismo no clube e na seleção.

A Copa do Mundo ainda é em novembro. A fase, obviamente, pode mudar. Com uma janela de transferências no caminho, o clube também (eventualmente). A Tite só resta agora observar. A próxima convocação será para três amistosos de junho.